Invest

Governo aperta regras para importação de aço. Mas mudança deve ter efeito limitado

Camex incluiu novos tipos de aço em cotas de importação; é pouco para conter a enxurrada de produtos chineses, apontam analistas

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 28 de maio de 2025 às 06h27.

Última atualização em 28 de maio de 2025 às 07h02.

O governo federal atualizou ontem medidas de proteção à indústria brasileira do aço, que vem sofrendo com uma invasão de produtos da China.

Mas as mudanças foram muito mais brandas do que o setor têm demandado.

Em decisão divulgada na noite de ontem, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) manteve a sobretaxa de 25% sobre volumes acima das chamadas ‘cotas’ de importação e apenas incluiu quatro novas NCMs (códigos de mercadoria) para conter desvios especialmente em aços laminados a quente, laminados a frio e revestidos.

Apesar da tentativa de fechar brechas no sistema, analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle de EXAME) avaliam que o pacote foi “modesto” e deve ter impacto limitado na contenção das importações, que vêm ganhando mercado e pressionando preços no Brasil.

“As medidas estão longe de ser uma reforma ampla, como a Seção 232 dos EUA”, escreveram os analistas Leonardo Correa e Marcelo Arazi.

Segundo o novo modelo, permanecem as cotas com alíquotas originais (entre 9% e 16%) para volumes até um determinado teto. O que exceder esse limite continua sujeito à sobretaxa de 25%.

Importações feitas em acordos comerciais ou regimes especiais seguem isentas da cota — o que pode continuar permitindo a entrada de volumes elevados por vias alternativas.

A inclusão das novas NCMs seguiu os mesmos critérios técnicos anteriores, mirando produtos cuja importação superou em mais de 30% a média de 2020 a 2022.

Ainda assim, há incertezas sobre se o volume total das cotas foi de fato revisado — e se outras categorias importantes, como vergalhões e perfis longos, serão incorporadas em futuras rodadas.

 Preferência por Gerdau

Na avaliação do BTG, o problema central segue sendo a superoferta global, sobretudo da China, que continua exportando volumes recordes e derrubando os preços internacionais do aço.

Nesse contexto, a recomendação do banco é manter foco em companhias mais expostas aos EUA, onde medidas protecionistas mais fortes estão em vigor.

“Seguimos preferindo Gerdau, com mais de 50% da operação voltada ao mercado americano, base de ativos de melhor qualidade e valuation atrativo, abaixo de 4x EV/EBITDA para 2025”, diz o relatório.

A expectativa é que esse diferencial fique ainda mais evidente nos resultados do segundo trimestre, à medida que os efeitos das tarifas nos EUA favoreçam produtores locais em detrimento das importações.

Acompanhe tudo sobre:ExportaçõesChinaaco

Mais de Invest

Mega-Sena sorteia prêmio acumulado de R$ 11 milhões nesta quinta-feira

JBS anuncia investimento de US$ 135 milhões em fábrica de salsichas nos EUA

Você trabalhou até hoje apenas para pagar impostos, mostra esse estudo

Ações da Nvidia disparam e impulsionam alta global em empresas de chips