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GPA: “Objetivo é ter alavancagem sob controle até o fim de 2025”, diz CFO

Em entrevista, CEO e CFO do varejista alimentar destacam espaço para monetização de mais ativos ao longo do ano e veem cliente do atacarejo voltando para o Extra

GPA: queima de caixa ainda é ponto de preocupação do mercado (GPA/Divulgação)

GPA: queima de caixa ainda é ponto de preocupação do mercado (GPA/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 6 de maio de 2025 às 14h06.

Dono do Pão de Açúcar e do Extra, o GPA vem mostrando melhoras operacionais. Mas o balanço segue sendo seu grande desafio, com a rentabilidade ainda pressionada pela baixa visibilidade de geração de caixa.

Reagindo a uma forte queixa de caixa no balanço divulgado ontem à noite e à batalha societária que tirou Nelson Tanure – um possível comprador da fatia do Casino na empresa, o que poderia até se desdobrar para uma fusão com sua rede DIA– do jogo, os papéis implodem hoje, com queda de 28%. O empresário entrou no GPA em dezembro. Desde então, o papel tinha se valorizado quase 50%.

No primeiro trimestre de 2025, o GPA registrou um prejuízo líquido de R$ 93 milhões, uma melhora significativa frente aos R$ 407 milhões de prejuízo no mesmo período de 2024.

A receita líquida da companhia foi de R$ 4,76 bilhões, representando um crescimento de 3,9% anual. O EBITDA ajustado alcançou R$ 409 milhões, com uma margem EBITDA de 8,6%, um aumento de 0,5 p.p. quando comparado ao primeiro trimestre de 2024.

Mas a queima de caixa ainda é a principal preocupação de investidores e analistas.

Nos cálculos do Safra, a queima nos últimos 12 meses foi de R$ 681 milhões. “Se desconsiderarmos o impacto positivo da venda de ativos e do aumento de capital recente, o caixa teria apresentado um ‘burn’ de R$1 bilhão, o que ainda é uma preocupação relevante para o caso”, ressaltaram os analistas.

"O foco está na redução de nossa dívida líquida, com a venda de alguns ativos e pagamento da dívida, mas a geração de caixa operacional e a melhora operacional estão no foco. São medidas complementares”, diz Marcelo Pimentel, CEO do GPA, em entrevista à EXAME.

A mensagem ganha reforço do CFO, Rafael Russowsky, que projeta solução para a alavancagem da empresa ainda no fim deste ano.

"A melhora na margem Ebitda e a redução do prejuízo e da alavancagem sequencialmente mostram uma melhora significativa em todos os indicadores da companhia."

Pimentel destaca que o GPA enxerga oportunidades de monetização ao longo do ano, especialmente por meio de créditos tributários, um tema importante na estratégia.

Cliente do atacarejo está vindo para o Extra

Depois de concentrar esforços no Pão de Açúcar, uma das maiores apostas do GPA para recuperar o fôlego financeiro é a reestruturação do Extra, que tem mostrado avanços nos últimos trimestres.

"O Extra passou por uma revisão profunda de seu sortimento e proposta de valor. Isso tem permitido que, mesmo em um cenário macroeconômico desafiador, o Extra se posicione bem ao atender um público que estava comprando em atacarejos, mas agora busca o custo-benefício de um mercado mais organizado”, segundo Pimentel.

A recuperação das operações do Extra foi impulsionada pela melhora de 6,5% nas vendas mesmas lojas (SSS) no primeiro trimestre, com um crescimento significativo no volume de vendas e na experiência do cliente.

No Pão de Açúcar, a principal bandeira do grupo, o desempenho também foi positivo, principalmente considerando o efeito calendário, com a Páscoa caindo em abril neste ano.

De acordo com o CEO, houve crescimento em várias categorias, especialmente no segmento premium.

A receita alcançou R$ 3,8 bilhões, uma alta de 3,9% em relação ao ano anterior, com a margem EBITDA alcançando 8,6%, uma expansão de 0,5% no comparativo anual.

A operação continua focada em rentabilidade, com destaque para o aumento do tíquete médio e uma performance sólida no e-commerce.

"O Pão de Açúcar tem sido cada vez mais reconhecido pelo cliente como uma marca de confiança, tanto no varejo físico quanto no digital. Estamos focados em oferecer uma experiência diferenciada ao cliente premium, mantendo nossa liderança no mercado", diz Pimentel.

Venda de medicamentos no supermercado e taxa do vale-alimentação

Entre os temas acompanhados de perto pela companhia está a regulamentação da venda de medicamentos em supermercados, o que tem sido uma queda de braço entre as varejistas alimentares e farmacêuticas.

“Acreditamos que a venda de medicamentos isentos de prescrição dentro dos supermercados poderia reduzir preços para o consumidor e facilitar o acesso a esses produtos em locais onde farmácias não estão disponíveis", diz Pimentel.

As taxas cobradas pelas empresas de vale-refeição e alimentação também entraram na mira, com o governo federal se envolvendo nessa discussão. "As taxas abusivas que as empresas de vouchers cobram acabam sendo revertidas em aumento de preços, o que prejudica o consumidor final. Queremos trabalhar para reduzir essas taxas, o que beneficiará diretamente o cliente", argumenta Pimentel.

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