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Gripe aviária pode custar mais de US$ 300 milhões por mês ao Brasil, alerta AEB

Para o presidente do conselho de administração da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Arthur Pimentel, o Brasil tem condições de retomar exportações com agilidade -- mas deve seguir o caminho operacional e não diplomático

Retração na demanda externa não é garantia de preços menores para o frango no mercado doméstico, afirma o executivo (Sebastien Salom-Gomis/Getty Images)

Retração na demanda externa não é garantia de preços menores para o frango no mercado doméstico, afirma o executivo (Sebastien Salom-Gomis/Getty Images)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 20 de maio de 2025 às 14h43.

Última atualização em 20 de maio de 2025 às 14h50.

O presidente do conselho de administração da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Arthur Pimentel, avalia que o Brasil pode perder mais de US$ 300 milhões por mês nas exportações diante da crise da gripe aviária.

Apesar de alguns especialistas defenderem uma atuação diplomática para preservar relações comerciais, Pimentel vê outro caminho. “O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, precisa demonstrar controle e transparência no combate à gripe aviária. A prioridade deve ser a contenção da doença com ações sanitárias, isolando as unidades afetadas”, afirmou em entrevista à Exame.

A preocupação ganhou força após 46 países suspenderem temporariamente a importação de carne de frango brasileira. A medida acendeu um sinal de alerta sobre o futuro do setor. A China, principal destino das exportações, importou 562,2 mil toneladas em 2024 e anunciou a suspensão das compras por 60 dias.

O executivo destaca que o surto atual é causado por uma variante de alta patogenicidade e classifica o cenário como epidêmico. Mesmo com a retração na demanda externa, ele afirma que não é garantia o impacto direto na queda dos preços domésticos de carne de frango e ovos.

“Não é uma equação simples de que a menor demanda dos países, resulte na maior oferta do mercado interno, logo abaixa os preços. Temos problemas internos, como a questão de logística, e há a possibilidades de que o país encontre outros clientes”, conta o presidente da AEB.

O risco, segundo Pimentel, é a concorrência. Países como Argentina e Estados Unidos já se movimentam para ocupar o espaço deixado pelo Brasil. “Qualquer falha na nossa oferta será imediatamente preenchida por concorrentes que estejam livres de contaminação”, alerta.

Apesar do cenário adverso, Pimentel avalia que o Brasil tem condições de retomar as exportações com agilidade, apoiado em uma estrutura sanitária sólida. Para ele, o momento também exige uma revisão de processos burocráticos, incluindo protocolos regionais que envolvem o governo e entidades sanitárias, para agilizar futuras parcerias comerciais.

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