Redação Exame
Publicado em 3 de novembro de 2025 às 17h35.
A disputa pelo domínio do bilionário mercado de medicamentos para emagrecimento ganhou novo capítulo nesta segunda-feira. A Pfizer entrou com um segundo processo contra a Novo Nordisk e a Metsera, acusando a fabricante do Ozempic de práticas anticoncorrenciais ao tentar superar sua oferta de compra pela empresa americana de biotecnologia contra a obesidade.
Segundo a Pfizer, a manobra da rival dinamarquesa visa preservar seu poder no setor e eliminar uma potencial concorrente. A ação também afirma que os acionistas controladores da Metsera conspiraram com a empresa de biotecnologia e com a Novo Nordisk.
A Novo Nordisk nega as acusações e classificou a ação como “desesperada”, enquanto a Metsera afirmou que a Pfizer tenta usar a Justiça para adquirir a companhia por um valor inferior ao proposto pela dinamarquesa. O embate acirra a corrida corporativa pelos remédios de perda de peso, um dos segmentos mais lucrativos e disputados da indústria farmacêutica.
Ambre James-Brown, vice-presidente de mídia global da Novo Nordisk, declarou que "em vez de competir em preço, a Pfizer adotou a abordagem altamente incomum, e aparentemente desesperada, de entrar com um processo antitruste hoje”. Segundo ela, a oferta está em conformidade com todas as leis aplicáveis e é do “melhor interesse” dos pacientes e dos acionistas da Metsera.
Em comunicado, a Metsera afirmou que a "Pfizer está tentando litigar para comprar a Metsera por um preço menor do que a Novo Nordisk". A companhia acrescentou que o Conselho de Administração continuará firme em nome dos acionistas e pacientes e que os "argumentos da Pfizer no processo são absurdos e a Metsera os contestará judicialmente."
Em setembro, a Pfizer anunciou um acordo para adquirir a Metsera por US$ 47,50 por ação, o que resultaria em um valor de US$ 4,9 bilhões, com um adicional de até US$ 22,50 por ação em pagamentos condicionais, caso certos objetivos fossem alcançados, totalizando US$ 7,3 bilhões.
As ações da Metsera quase triplicaram em 2025, alcançando US$ 52,21, o que elevou o valor de mercado da empresa para aproximadamente US$ 5,5 bilhões no fechamento desta quarta-feira, 29.
Na quinta-feira, a Novo Nordisk apresentou uma nova oferta, avaliando a Metsera em cerca de US$ 6 bilhões, o que concedeu à Pfizer um prazo de quatro dias úteis para renegociar sua proposta. Já na sexta-feira, a farmacêutica americana entrou com o primeiro processo contra a Novo Nordisk e a Metsera, buscando impedir que a empresa de biotecnologia rescindisse o acordo de fusão existente.
O processo, instaurado no Tribunal de Delaware, argumenta que a oferta da Novo Nordisk não pode ser considerada superior, já que sua conclusão seria improvável devido ao elevado risco regulatório.
A Metsera, que faz parte da nova geração de empresas focadas no tratamento da obesidade, está desenvolvendo vários medicamentos experimentais para perda de peso, incluindo uma injeção que pode ser administrada com menor frequência do que os tratamentos líderes de mercado da Novo Nordisk e da Eli Lilly & Co.
O medicamento da Metsera pertence a uma classe chamada análogos de amilina de longa duração.
A amilina tem se destacado como uma alternativa potencialmente mais suave em comparação com os medicamentos GLP-1, como Wegovy e Zepbound, que podem causar efeitos colaterais significativos, como náusea e vômito.