Hapvida: adição de usuários à base e estabilização de sinistralidade foram destaques positivos (Hapvida/Divulgação)
Repórter de negócios e finanças
Publicado em 14 de agosto de 2025 às 14h44.
Última atualização em 14 de agosto de 2025 às 17h02.
A Hapvida (HAPV3) dispara na bolsa brasileira após a divulgação de seus resultados no segundo trimestre de 2025. A operadora de planos de saúde e hospitais registrou uma queda de quase 70% no lucro líquido ajustado, para R$ 148,9 milhões.
A despeito da linha final do balanço, que veio bem abaixo das projeções, analistas que acompanham a empresa apontaram melhoras em uma série de indicadores importantes, como base de clientes, sinistralidade e provisões, que vinham sendo impactadas pela judicialização.
Mas também identificaram alguns ruídos no resultado, marcado por uma série de one offs, ou efeitos não recorrentes que o mercado, ao menos por hoje, escolheu ignorar.
Um deles é a cobranças retroativas da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) relacionadas ao SUS, no montante de R$ 137 milhões. A companhia fez uma provisão extraordinária de R$ 64,9 milhões para cobranças desse tipo que possam ser feitas futuramente.
O Bradesco BBI observa que Hapvida espera que essas provisões devem equivaler de 1,2% a 1,5% da receita daqui para frente, enquanto a casa projetava um percentual menor (de 1,1%).
Por outro lado, as contingências judiciais cresceram em ritmo menor no período, passando de R$ 729 milhões no primeiro trimestre para R$ 825 milhões ao final de junho.
A cobrança da ANS também teve um impacto de R$ 202 milhões no EBITDA da companhia, que ficou em R$ 703 milhões, considerando o efeito não-recorrente.
"Após muitos trimestres seguidos de alta, as provisões se estabilizaram, sugerindo que as pressões judiciais podem estar diminuindo, em meio a relações mais amenas com o judiciário, menos reclamações relacionadas à rede da Hapvida e melhores resultados nos acordos legais - uma melhora muito bem-vinda no trimestre", escreveram os analistas do BTG Pactual.
O trimestre também foi marcado por uma reclassificação de custos, que faz parte das últimas etapas de integração com a Intermédica. Pelas novas regras, alguns custos administrativos passaram a ser contabilizados como custos de serviço.
Por essa metodologia, o índice de sinistralidade médica de Hapvida (MLR) ficou em 73,9%. Levando em conta a mesma metodologia que foi utilizada no segundo trimestre do ano passado, o índice ficaria em 71%, com crescimento de 50 pontos-base, e abaixo do esperado pelo BTG, que vê a sinistralidade "sob controle".
O JP Morgan avalia que as tendências da sinistralidade estão melhorando e superaram a sazonalidade típica do período. "É algo que acreditamos que o mercado não estava esperando ver já neste trimestre", diz o relatório do banco.
Os analistas do Safra afirmam esperar uma continuidade da verticalização da companhia em mercados-chave, como São Paulo e Rio de Janeiro, o que é visto como algo crítico para uma melhora do índice de sinistros.
Outro ponto que jogou a favor da empresa no trimestre foi a adição líquida de 57,7 mil beneficiários no período, superando números prévios da ANS e previsões de algumas casas de análise.
"Isso reflete a recuperação comercial da companhia após um primeiro trimestre sazonalmente ruim, com o suporte de uma performance forte no segmento corporativo, vendas maiores e taxas de cancelamento estáveis", diz o relatório do Safra.
Os bancos e casas de análise também observaram a evolução da receita de Hapvida com o aumento de 8,2% em planos de saúde e de 6% nos odontológicos.
"A administração indicou que contratos relevantes estão sendo fechados e vão contribuir com o resultado do próximo trimestre, tanto em plano de saúde quanto odontológico", apontou o Itaú BBA, após a call de resultados com os executivos da companhia.
Às 14h40 (horário de Brasília), o papel HAPV3 subia 6,79%, a R$ 37,25, e era a maior alta do Ibovespa.