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Heineken e AB InBev podem se beneficiar de possíveis tarifas de 200% sobre bebidas da União Europeia

Proposta de Trump de impor altas tarifas sobre vinhos e destilados pode prejudicar gravemente o setor europeu, mas oferece uma oportunidade inesperada para as cervejarias

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 14 de março de 2025 às 13h08.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou recentemente uma possível imposição de tarifas de até 200% sobre bebidas alcoólicas da União Europeia (UE), como resposta à decisão do grupo de restabelecer um imposto sobre o uísque americano.

A medida, se confirmada, teria um impacto devastador para os fabricantes de vinhos, champanhes e destilados europeus, com a possibilidade de aniquilar os lucros globais de algumas das maiores empresas do setor — mas poderia beneficiar as fabricantes de cerveja, como a AB InBev e a Heineken.

A AB InBev, que tem fábricas locais nos Estados Unidos, acredita que as tarifas terão pouco efeito sobre seus negócios. Michel Doukeris, CEO da AB InBev, afirmou à CNBC que a empresa não espera grandes mudanças devido às tarifas. A Heineken, por sua vez, minimizou a preocupação com as tarifas sobre matérias-primas como o alumínio utilizado em latas de cerveja.

A produção de cerveja é geralmente mais localizada, o que torna o setor menos suscetível às alterações no comércio internacional. Dolf van den Brink, CEO da Heineken, afirmou à CNBC que as tarifas sobre o alumínio seriam "relativamente gerenciáveis", destacando que a indústria cervejeira, por ser capital-intensiva e bastante local, tem uma maior capacidade de adaptação em tempos de mudanças nas relações comerciais.

Esse cenário coloca a cerveja em uma posição vantajosa diante das dificuldades que as indústrias de vinhos e destilados enfrentarão devido às tarifas.

A AB InBev e a Heineken, por exemplo, com sua produção focada localmente, não terão o mesmo nível de impacto que os produtores de bebidas alcoólicas mais sofisticadas e dependentes de origens geográficas específicas, como o cognac ou o champanhe, que são inseparáveis de suas regiões de origem.

As propostas de Trump se inserem em sua estratégia de promover a realocação da produção para os Estados Unidos, visando reduzir a dependência do país de produtos importados.

Mas essa mudança enfrentará desafios consideráveis em setores como o de bebidas alcoólicas, onde a identidade e a qualidade do produto estão intimamente ligadas à sua origem, algo que não pode ser facilmente "realocado".

Por outro lado, a indústria cervejeira, que já se caracteriza por ser mais adaptável ao contexto local, pode se beneficiar dessa nova dinâmica, com um aumento da produção doméstica e possível crescimento de sua participação no mercado americano.

Enquanto as grandes marcas de vinho e destilados buscam alternativas para minimizar o impacto das novas tarifas, o setor cervejeiro pode se consolidar como uma "ilha de estabilidade" no mercado de bebidas alcoólicas.

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