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Heineken investe R$ 1,2 bilhão para triplicar produção de fábrica em Pernambuco

Com a inauguração de novas linhas de produção, a unidade pernambucana se torna a maior produtora de Amstel da região

Heineken: empresa aumenta investimento no Nordeste (titoslack/Getty Images)

Heineken: empresa aumenta investimento no Nordeste (titoslack/Getty Images)

Publicado em 6 de agosto de 2025 às 08h00.

Última atualização em 6 de agosto de 2025 às 08h09.

A Heineken inaugurou nesta quarta-feira, 6 de agosto de 2025, a expansão de sua cervejaria em Igarassu, Pernambuco, com um investimento de R$ 1,2 bilhão. O projeto triplica a capacidade produtiva da unidade, que agora se consolida como a maior produtora de Amstel da região Nordeste, segundo informações enviadas em primeira mão à EXAME.

Com a expansão, a unidade pernambucana passa a atender mercados-chave do Nordeste, incluindo os estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia, Alagoas, Paraíba e Sergipe. O crescimento foi impulsionado pelo aumento da demanda, especialmente pela marca Amstel, que registrou um crescimento de aproximadamente 15% no primeiro semestre de 2025.

“Estamos muito felizes com a conclusão deste investimento. A expansão de nossa planta em Igarassu é um marco para consolidar nossa posição no Nordeste e fortalecer ainda mais a nossa estratégia de crescimento no Brasil. Amstel, em especial, tem mostrado grande potencial de crescimento, com resultados de duplo dígito, e sabemos que ainda há muito espaço para a marca na região”, diz Mauro Homem, vice-presidente de sustentabilidade e assuntos corporativos da Heineken.

A Heineken, que chegou ao Brasil em 2010, tem ampliado significativamente suas operações no país, com investimentos superiores a R$ 6 bilhões nos últimos cinco anos. O fortalecimento da unidade de Igarassu, segundo a empresa, "é mais um passo na estratégia de crescimento da Heineken no Brasil", que já emprega mais de 13 mil pessoas e opera 13 unidades produtivas no território nacional.

Sustentabilidade como foco

Com a expansão, a Heineken também reforçou seu compromisso com a sustentabilidade. A unidade de Igarassu se destaca como a maior linha de garrafas retornáveis do grupo no Brasil, um passo importante para promover a circularidade de materiais, especialmente o vidro. A planta também foi projetada para ser 100% abastecida por energia renovável, com a principal fonte sendo a biomassa. A utilização dessa fonte de energia renovável contribui significativamente para a redução das emissões de escopo 1 e 2 de carbono, alinhando-se à agenda ambiental da empresa.

“Nosso foco em sustentabilidade é evidente em cada etapa deste projeto. A nova planta não apenas triplica nossa capacidade produtiva, mas também assegura que estamos operando de forma mais sustentável. Com a biomassa, conseguimos reduzir o impacto ambiental e garantir um ciclo positivo de carbono. Este é um investimento crucial para o futuro da Heineken no Brasil e no mundo”, afirma Homem.

Além disso, a expansão gerou 130 novos postos de trabalho permanentes, enquanto a construção da fábrica criou mais de 700 vagas temporárias. A Heineken também tem se dedicado ao desenvolvimento local e à diversidade, com metas de liderança feminina acima de 50% e de pessoas negras na liderança.

Em relação ao consumo de água, Homem destaca que, nos últimos três anos, a Heineken conseguiu reduzir o consumo de água em 30% na produção. "Isso é especialmente relevante em regiões com estresse hídrico, como é o caso de Pernambuco. Utilizamos tecnologias avançadas para garantir uma maior eficiência na produção, minimizando o desperdício de água, que é um recurso muito valioso", diz.

O 'tarifaço' para a Heineken

Em relação às tarifas impostas pelo governo dos EUA, que entram em vigor nesta quarta-feira, 6, Homem afirma que a Heineken "não vê um impacto direto".

"Não dependemos de insumos específicos afetados por essas mudanças, portanto, não prevemos que isso tenha um efeito significativo sobre nossos custos ou operações no Brasil. Estamos acompanhando a situação de perto, mas acreditamos que nossa diversificação de fornecedores e nossas estratégias locais nos protejam desses impactos", diz Homem.

Apostas no segmento premium

Globalmente, a Heineken registrou uma receita de € 7,64 bilhões no segundo trimestre de 2025, uma queda de 4,1% em relação ao mesmo período de 2024. O declínio foi impulsionado por desafios no volume de vendas, especialmente em mercados desenvolvidos como a Europa e a América do Norte, onde o consumo de cerveja enfrentou desaceleração. A companhia, no entanto, se destacou com o crescimento das marcas premium, como a própria Heineken, que teve um aumento de 4,5% nas vendas globais.

No Brasil, o desempenho da Heineken foi mais desafiador, com a receita líquida em queda orgânica de um dígito médio no primeiro semestre de 2025. O volume de vendas também apresentou uma redução de um dígito baixo, refletindo a desaceleração do consumo e ajustes nos estoques. Apesar disso, a companhia observou uma leve recuperação no segundo trimestre, especialmente em marcas estratégicas.

A Amstel, uma das principais marcas da Heineken no Brasil, teve um crescimento de aproximadamente 15% no semestre, impulsionado pela sua parceria com a CONMEBOL Libertadores, o que ampliou a visibilidade da marca entre os consumidores. A marca Heineken® também apresentou crescimento, embora modesto, de 1 dígito baixo, consolidando-se como a cerveja puro malte mais vendida no Brasil. A Eisenbahn, outra marca premium, também teve um desempenho positivo, com crescimento de um dígito alto.

"Temos um ano mais desafiador no sentido de categoria. A categoria de cerveja tem demonstrado desafios, mas seguimos na nossa estratégia de premiumização, que tem mostrado bons resultados nos últimos anos. Marcas como Heineken e Eisenbahn continuam a crescer e nos trazem liderança no segmento premium, que é super importante para nós", afirma Homem.

As reações dos analistas de mercado ao desempenho da Heineken foram mistas. O Bradesco BBI adotou uma posição mais cautelosa, destacando que o desempenho no Brasil foi mais fraco do que o esperado, especialmente no que diz respeito ao volume de vendas. No entanto, os analistas reconheceram o crescimento da Amstel como um ponto positivo.

O HSBC, por sua vez, foi mais otimista, elevando sua recomendação para a Heineken de "Hold" para "Buy" e posteriormente para "Strong Buy". O banco destacou a recuperação gradual e o sucesso das marcas premium como fatores que podem impulsionar a empresa no futuro. Além disso, o analista do HSBC ressaltou o potencial da estratégia premium, especialmente no Brasil, onde as marcas do segmento continuam a crescer, apesar das dificuldades no consumo de cerveja mainstream.

O Itaú BBA também se mostrou mais otimista, reconhecendo que o ajuste de preços de 6% implementado em julho pode ajudar a reequilibrar a dinâmica competitiva no Brasil e recuperar as margens de lucro da companhia. O banco destacou que, embora o desempenho global da Heineken tenha sido impactado por pressões cambiais e um mercado de cerveja mais fraco, as perspectivas de crescimento para as marcas premium e os investimentos estratégicos devem sustentar o crescimento da empresa no segundo semestre de 2025.

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