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Ibovespa cai com ata do Copom mais dura; dólar recua para R$ 5,77 com alívio na guerra tarifária

Acordos dos EUA com México e Canadá e sinalização de conversa de Trump com líder chinês ajudaram a derrubar cotação da divisa americana

 (Germano Lüders/Exame)

(Germano Lüders/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 4 de fevereiro de 2025 às 10h09.

Última atualização em 4 de fevereiro de 2025 às 18h59.

O Ibovespa fechou em queda a sessão desta terça-feira, 4, com o mercado global digerindo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom). A indicação de novo aumento da Selic na próxima reunião pressionou a curva de juros futuros para cima, impedindo o principal índice da B3 de se beneficiar do otimismo dos acordos do Canadá e México com os Estados Unidos.

Ibovespa hoje

  • IBOV: -0,65% aos 125.147 pontos
  • Dólar: -0,76% a R$ 5,771

Se o comunicado havia sido interpretado como um tom mais ‘dovish’ pelo mercado, a ata parecer ter tido um tom mais ‘hawkish’. No documento publicado nesta terça-feira, 4, o Copom afirmou que a meta de inflação – de 3% com limite de 1,5 ponto percentual (p.p.) para cima ou para baixo – não deve ser cumprida até junho e, por isso, poderá prolongar ciclo de alta de juros.

"Foi destacado, na análise de curto prazo, que, em se concretizando as projeções do cenário de referência, a inflação acumulada em doze meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos. Desse modo, com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas", informou o Copom, na ata.

João Tonello, analista da Benndorf Research, explica que essa dureza da ata vem justamente das políticas comerciais americanas, a qual são as tarifas do Trump, já que elas têm um impacto inflacionário na economia dos EUA, o que fortalece o dólar e traz implicações para a inflação brasileira, principalmente no preço de alimentos.

Para conter essa inflação, além da alta já contratada de 1 p.p. na reunião de março, seria necessária uma alta adicional de 0,75 p.p. na reunião de maio, segundo o analista. Juros mais altos, por sua vez, prejudicam empresas alavancadas, assim como setores que dependem mais de crédito, o que prejudica ativos de risco. Pela manhã, os DIs futuros de 2026 a 2034 subiram em bloco, o que colaborou para a queda do Ibovespa.

Tarifas de Trump

Os mercados também repercutiram a suspensão das tarifas por um mês do México e do Canadá. Os acordos trazem um tom de otimismo para as bolsas de países emergentes, com o índice MSCI Emerging Markets subindo 1,92%. O movimento também impacta o dólar, com a moeda arrefecendo perante as moedas globais.

O primeiro país a fazer um acordo com os Estados Unidos foi o México, nesta segunda-feira, 3. Após Trump assinar uma ordem executiva para taxar em 25% o país, o governo do México chegou a um acordo com os EUA para postergar, por 30 dias, a aplicação das novas tarifas de importação.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, anunciou o acordo por meio de suas redes sociais na tarde de ontem, mencionando que teve uma conversa "produtiva" com Trump. Ela destacou que os Estados Unidos também prometeram agir contra o envio de armas de alto calibre que abastecem o crime organizado no México.

Como parte do entendimento, o México se comprometeu a intensificar o controle nas fronteiras, com o envio de 10 mil soldados para a região, visando frear o tráfico de drogas, especialmente do fenfantil, e a entrada irregular de imigrantes em território norte-americano.

Na sequência, quando os mercados já estavam fechados, foi a vez do acordo com o Canadá. No sábado, o primeiro-ministro Justin Trudeau decidiu responder à política de Trump aplicando de volta tarifas de 25% sobre produtos dos EUA.

Entretanto, voltou, dizendo ter tido "uma boa conversa" com Trump. A autoridade também destacou que o país está implementando seu plano de fronteira com os EUA, no valor de US$ 1,3 bilhão, para "interromper o fluxo de fentanil". Com isso, o Canadá e conseguir o mesmo acordo de suspensão de 30 dias para as tarifas.

A expectativa, agora, é de uma conversa entre Trump e Xi Jinping, presidente chinês. Por enquanto, no entanto, a resposta da China à política tarifária de Trump veio com uma série de retaliações. Entre as ações, Pequim impôs tarifas de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito (GNL) e de 10% sobre petróleo bruto, máquinas agrícolas e carros com motores de grande porte importados dos EUA. As tarifas passarão a valer a partir da próxima segunda-feira, 10, enquanto as tarifas contra a China devem começar já na data de hoje.

Dólar

Diante desse cenário, o dólar à vista fechou em queda pelo 12º pregão consecutivo, atingindo R$ 5,7712, o menor patamar desde novembro de 2024. Desde o início do ano, o dólar já caiu 6,6%. A desvalorização do dólar está atrelado às medidas de Donald Trump, presidente americano. Trump decidir suspender por 30 dias o início de aplicação de tarifas aos produtos do Canadá e do México e sinalizar disposição em conversar com o presidente da China, Xi Jinping, para tentar buscar um acordo sobre a questão comercial.

Como é calculado o índice Bovespa?

O Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média ponderada de uma carteira teórica de ativos. Cada ativo tem um peso na composição do índice, refletindo o desempenho das ações mais negociadas. Se o índice está em 100 mil pontos, o valor da carteira teórica é de R$ 100 mil.

Que horas abre e fecha a bolsa de valores?

O horário de negociação da B3 vai dar 10h às 18h, com o after market operando das 18h25 às 18h45. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h. Já as negociações com o Ibovespa futuro acontecem das 9h às 18h25.

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