Redação Exame
Publicado em 7 de julho de 2025 às 14h23.
Última atualização em 7 de julho de 2025 às 17h42.
O Ibovespa fechou em baixa nesta segunda-feira, 7, após duas altas consecutivas que levaram o índice a renovar máximas históricas. O índice recuou 1,26%, aos 139.489 pontos, refletindo o aumento da aversão ao risco no cenário internacional.
O movimento foi influenciado por declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou a imposição de novas tarifas comerciais. Entre as medidas, Trump afirmou que o país cobrará uma tarifa adicional de 10% sobre nações que decidirem se alinhar ao bloco dos Brics, o que trouxe preocupação aos mercados emergentes e pressionou os ativos brasileiros.
Pela tarde, o presidente anunciou novas tarifas para outros cinco países, sendo eles: Laos (40%), Myanmar (40%), África do Sul (30%), Cazaquistão (25%) e Malásia (25%).
Além da política comercial, uma aparente troca de farpas nas redes sociais entre o presidente Lula e Donald Trump chama a atenção.
Lula reagiu nesta segunda-feira a uma postagem nas redes sociais feita pelo republicano, que saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em comunicado oficial, sem mencionar diretamente Trump, Lula afirmou que o Brasil é um "país soberano e não aceitará interferência ou tutela":
"A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito", disse Lula em nota divulgada pelo governo.
Horas antes, Donald Trump havia publicado uma declaração em apoio a Bolsonaro, na qual condena os processos enfrentados por ele no Brasil, relacionados a acusações de tentativa de golpe de Estado.
Em reação aos novos tributos, os índices dos Estados Unidos fecharam em queda. O Dow Jones caiu 0,94%, enquanto o S&P 500 recuou 0,79% e o Nasdaq perdeu 0,92%.
O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 7, mostrou nova queda na projeção de inflação para 2025, com o IPCA recuando de 5,20% para 5,18%. É a sexta semana consecutiva de revisão para baixo, embora a taxa ainda permaneça acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central. As expectativas para os anos seguintes ficaram estáveis: 4,50% em 2026, 4% em 2027 e 3,80% em 2028. A taxa Selic prevista para 2025 segue em 15%, com projeção de queda para 12,50% em 2026.
Na atividade econômica, o mercado elevou a estimativa de crescimento do PIB para 2025, de 2,21% para 2,23%, enquanto reduziu ligeiramente a projeção para 2026, de 1,87% para 1,86%. As estimativas para 2027 e 2028 permaneceram em 2%. Já no câmbio, o dólar deve encerrar 2025 em R$ 5,70, com leve recuo na projeção para 2026, de R$ 5,79 para R$ 5,75. Para os anos seguintes, a expectativa é de estabilidade: R$ 5,75 em 2027 e R$ 5,80 em 2028.
Também divulgado nesta manhã, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou deflação de 1,80% em junho, após recuo de 0,85% em maio, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, 7, pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A queda foi mais acentuada do que apontavam as projeções de mercado, que esperavam uma deflação de 1,60%. Com isso, o IGP-DI acumula queda de 1,76% no ano, enquanto, em 12 meses, apresenta alta de 3,83%.
Os mercados começaram a semana atentos ao fim do prazo, nesta quarta-feira, 9, para a conclusão de acordos comerciais com os Estados Unidos no âmbito das chamadas “tarifas recíprocas”, anunciadas em abril pelo presidente Donald Trump.
Pela tarde, o presidente anunciou novas tarifas para outros cinco países, sendo eles: Laos (40%), Myanmar (40%), África do Sul (30%), Cazaquistão (25%) e Malásia (25%).
No fim de semana, o presidente Trump anunciou ainda que irá impor uma tarifa adicional de 10% a países que, segundo ele, se alinharem às “políticas antiamericanas” do Brics — bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China, Emirados Árabes, África do Sul, Indonésia, Etiópia, Irã, Egito e Arábia Saudita.
A declaração foi publicada após o grupo, reunido no Rio de Janeiro, expressar preocupação com a “proliferação de ações restritivas ao comércio”, em referência a tarifas e outras barreiras unilaterais.
Além disso, a Secretaria de Comércio Exterior divulgou a balança comercial semanal, que teve superávit de US$ 1,301 bilhão na primeira semana de julho. Exportações somaram US$ 5,930 bilhões, enquanto importações atingiram US$ 4,629 bilhões no período. O superávit no ano alcança US$ 31,394 bilhões.
Os mercados também seguiram atentos ao impasse entre o Executivo e o Congresso sobre a cobrança do IOF, tema que será discutido em audiência de conciliação marcada pelo STF para o dia 15.
Em meio ao cenário global conturbado, investidores acompanharam ainda o desempenho das ações da Tesla. Os papéis da companhia caíram mais de 7% após Elon Musk anunciar, no fim de semana, a criação de um novo partido político nos Estados Unidos.
Na Ásia, as bolsas fecharam majoritariamente em queda. No Japão, o Nikkei 225 recuou 0,56% e o Topix caiu 0,57%. Na China, o CSI 300 caiu 0,43% e o Hang Seng, de Hong Kong, perdeu 0,61%. O S&P/ASX 200, da Austrália, perdeu 0,16%, em dia de reunião do banco central, que pode reduzir os juros para 3,60%. Já na Coreia do Sul, o Kospi subiu 0,17% e o Kosdaq teve ganhos de 0,34%.
As bolsas europeias fecharam com viés positivo, com o índice Stoxx 600 em alta de 0,44%, o DAX avançando 1,20% e o CAC 40 subindo 0,35%. O FTSE 100, no entanto, recuou 0,19%.