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Bolsa fica perto de zerar ganhos do ano com rumor de Mercadante nas estatais

Investidores temem que Lula revogue Lei das Estatais via MP para facilitar indicações políticas

Ibovespa: índice fechou o pregão de sexta-feira, 17, com alta de 0,84%, aos 143.398 pontos (Patricia Monteiro/Bloomberg via/Getty Images)

Ibovespa: índice fechou o pregão de sexta-feira, 17, com alta de 0,84%, aos 143.398 pontos (Patricia Monteiro/Bloomberg via/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 12 de dezembro de 2022 às 10h54.

Última atualização em 12 de dezembro de 2022 às 18h24.

O Ibovespa fechou o pregão em forte queda e o dólar avançou nesta segunda-feira, 12, em meio a especulações sobre o futuro das estatais sob o governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Circulam no mercado rumores de que Lula pode revogar a Lei das Estatais e colocar  o ex-ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante no comando da Petrobras (PETR3/PETR4) e do BNDES. O petista foi um dos principais nomes da estratégia de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência.

Com a baixa de hoje, o Ibovespa ficou perto de zerar os ganhos do ano, diminuindo a alta para apenas 0,5% em 2022. Em pontuação, o índice caiu ao menor nível desde agosto.

  • Ibovespa : - 2,02%, 105.343 pontos 
  • Dólar: + 1,26%, aos R$ 5,312

Reagindo às notícias, os papéis da Petrobras desabaram mais de 3% e puxam o Ibovespa para baixo. A estatal é a segunda empresa com maior participação na carteira teórica do índice, atrás apenas da Vale (VALE3).

  • Petrobras (PETR4): - 3,40%
  • Petrobras (PETR3): - 2,85%

A indicação de Mercadante, no entanto, iria contra a Lei das Estatais, aprovada na gestão de Michel Temer. A lei estabelece parâmetros de governança para empresas estatais, exigindo qualificação técnica e vedando, entre outros pontos, nomeações políticas.

No caso de Mercadante, um adendo: lei veda a indicação para presidência de quem atuou em estrutura decisória de partidos políticos nos últimos 36 meses, o que inibiria de cara sua indicação.

Para contornar a questão, Lula estaria considerando mudar a Lei das Estatais, afirmou a consultoria Eurasia. Em documento publicado mais cedo, a consultoria disse que o presidente eleito pretende revogar a lei já em seus primeiros dias de mandato, via Medida Provisória (MP).

“A revogação dessa legislação facilitaria significativamente as nomeações políticas para os conselhos das estatais”, informa o documento, dizendo que Lula abre assim caminho para indicações rápidas ao cargo de presidência da Petrobras e também para os bancos públicos. 

A consultoria reforça ainda que a mudança ajudaria nas negociações da coalizão com os partidos de centro, garantindo indicações do governo e controle de grande parte do orçamento.

Mercadante não quis comentar os rumores, mas disse desconhecer qualquer iniciativa de modificar o instrumento de governança. "No governo de transição, desconheço iniciativa de alterar a Lei das Estatais", disse Mercadante ao chegar à cerimônia de diplomação do presidente Lula, e do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin na tarde desta segunda-feira.

Leia também - Lei das estatais: por que a possibilidade de mudança assusta investidores

Em relação aos bancos, também preocupa a possibilidade de Mercadante assumir o BNDES. Durante a gestão Dilma, o banco de desenvolvimento adotava a Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP) nos empréstimos do banco, que fornecia subsídios concedidos pelo Tesouro aos empréstimos feitos pelo BNDES. 

A preocupação é que, com Mercadante, a TJLP volte à política do banco. “A TJLP gerou uma distorção gigantesca no mercado financeiro com taxas subsidiadas, desincentivando o mercado de capitais a ser competitivo. [A indicação de Mercadante] obviamente assusta investidores. Parece que o que foi bem feito nos últimos anos vai ser descontinuado”, avalia Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos.

Maiores altas e baixas do Ibovespa

Nesta segunda-feira, Gol (GOLL4), Prio (PRIO3) e Minerva (BEEF3) ficaram com as maiores altas do pregão. Outro destaque foi a Cielo (CIEL3), que chegou a ficar entre as maiores altas do dia no início do pregão.

Na sexta-feira, um relatório divulgado pelo BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) recomendou a compra da Cielo. Segundo os analistas do banco, o ano de 2022 marcou uma ‘reviravolta’ para a companhia.  “Um TPV (Volume total de pagamentos) decente, um yield de receita impulsionado pela reprecificação, maior penetração de pré-pagamento, sólido controle de custos e fortes receitas da Cateno foram os principais ventos favoráveis.” O BTG apontou um preço-alvo de R$ 7 por ação para o fim de 2023, um potencial de 60% de alta.

Na ponta negativa, as maiores quedas ficaram com os papéis da Méliuz (CASH3), CSN Mineração (CMIN5) e Pão de Açúcar (PCAR3). A CSN Mineração devolveu parte dos fortes ganhos da semana passada, quando todas as ações ligadas ao minério de ferro dispararam. Hoje, a commodity caiu quase 2% em um movimento de correção, arrastando junto as ações do setor. A Vale (VALE3) também caiu hoje.

  • Méliuz (CASH3): - 7,14%
  • CSN Mineração (CMIN5): - 5,65%
  • Pão de Açúcar (PCAR3): - 4,79%
  • Vale (VALE3): - 2,99%
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