Redação Exame
Publicado em 15 de julho de 2025 às 16h30.
Última atualização em 15 de julho de 2025 às 17h27.
O Ibovespa fechou em leva queda de 0,04%, aos 135.250 pontos, nesta terça-feira, 15. A pressão sobre o benchmark veio, sobretudo, da Vale (VALE3), seu papel de maior peso, que cedeu 2,64%. Porém, o setor bancário evitou uma queda mais expressiva, o Itaú (ITUB4) subiu 0,34% e o Banco do Brasil (BBAS3) avançou 1,06%.
O dólar, por sua vez, permaneceu em terreno negativo. Ainda que tenha reduzido perdas, a moeda americana recuou 0,47%, a R$ 5,55, seguindo o enfraquecimento da divisa no exterior, após a divulgação dos dados de inflação nos Estados Unidos.
Em Wall Street, os índices terminaram o dia com desempenho misto. O S&P 500 caiu 0,40% e o Dow Jones recuou 0,98%. Já o Nasdaq 100 avançou 0,18%.
"Apesar desse entusiasmo, o movimento dos juros longos nos EUA revela cautela em meio à tentativa do mercado de interpretar os impactos das medidas econômicas de Donald Trump. Um sinal dessa incerteza foi a disparidade no desempenho dos índices: enquanto a Nasdaq avançou com o setor de tecnologia, o Russell 2000 — mais exposto à economia doméstica americana — caiu aproximadamente 1,8%", avalia o estrategista da Victrix Capital, José Victor Cassiolato.
O índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos subiu 0,3% em junho, acelerando em relação à alta de 0,1% registrada em maio. Na comparação anual, a inflação chegou a 2,7%, acima dos 2,4% acumulados até maio.
O núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, avançou 0,2% no mês e acumula alta de 2,9% em 12 meses. O resultado veio abaixo das expectativas de mercado, que projetavam avanço de 0,3% no núcleo, e reforça a percepção de que a inflação segue moderada, embora os efeitos das tarifas comerciais ainda representem um risco de alta nos próximos meses.
Já o Empire State Manufacturing Index, que mede as condições gerais de negócios no estado de Nova York, surpreendeu positivamente ao saltar para 5,5 pontos em julho, após leitura de -16 no mês anterior. O mercado esperava um resultado negativo, de -8,3, o que torna o dado ainda mais relevante.
Como o índice acima de zero indica melhora nas condições do setor, o resultado sinaliza uma recuperação expressiva na atividade industrial da região, sugerindo retomada da confiança empresarial e possível fortalecimento do dólar.
No Brasil, os desdobramentos das medidas tarifárias continuam em evidência. Pela manhã, o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, se reuniu com representantes do setor industrial para discutir estratégias de resposta à tarifa de 50% imposta pelos EUA. Já pela tarde, foi a vez de representantes do agronegócio se encontrarem com o governo.
O Supremo Tribunal Federal também iniciou uma audiência de conciliação sobre o IOF, em mais um capítulo das discussões fiscais que movimentam Brasília, mas terminou sem acordo.
Ao longo do dia, o mercado também acompanha uma série de discursos de dirigentes do Federal Reserve, como de Michelle Bowman, Michael Barr, Thomas Barkin, do Fed de Richmond, Susan Collins, do Fed de Boston, e Lorie Logan, do Fed de Dallas.
Fora dos Estados Unidos, o presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, discursou durante um jantar com investidores no Reino Unido.
Nesta terça-feira, 15, os principais bancos americanos deram início à temporada de divulgação de resultados do segundo trimestre, trazendo números acima do esperado, mas também sinalizações de cautela diante do cenário macroeconômico. Instituições como JPMorgan, Citigroup, Wells Fargo e BlackRock divulgaram seus balanços antes da abertura dos mercados.
O JPMorgan Chase superou as expectativas com lucro por ação ajustado de US$ 4,96, embora o lucro líquido tenha caído 17% em relação ao ano anterior. O CEO Jamie Dimon voltou a alertar para riscos significativos no cenário econômico, como tarifas, déficits e tensões geopolíticas.
Já o Citigroup registrou lucro líquido de US$ 4 bilhões no trimestre, alta de 25% na comparação anual, com receita de US$ 21,7 bilhões, acima do esperado pelos investidores. A CEO Jane Fraser destacou o desempenho do segmento de serviços e a melhor performance trimestral do mercado de ações desde 2020.
O Wells Fargo também bateu as estimativas, com lucro de US$ 1,60 por ação, mas reduziu a projeção de receita com juros para 2025, o que pressionou suas ações.
A gestora BlackRock, por sua vez, reportou lucro líquido de US$ 1,59 bilhão, avanço de 7% no ano, com ativos sob gestão atingindo um recorde de US$ 12,5 trilhões. Apesar disso, os fluxos de entrada ficaram abaixo do esperado devido ao resgate parcial de um grande cliente institucional.
As bolsas asiáticas fecharam em alta nesta terça-feira, 15, impulsionadas pelos dados do PIB da China, que cresceu 5,2% no segundo trimestre, superando o consenso de mercado, que previa alta de 5,1%.
O número veio em leve desaceleração em relação ao crescimento de 5,4% registrado no primeiro trimestre, mas ainda assim sinaliza resiliência da atividade econômica chinesa. Em junho, a produção industrial do país também surpreendeu positivamente.
O índice Hang Seng, de Hong Kong, subiu 1,6%, já o CSI 300, da China continental, fechou praticamente estável. No Japão, o Nikkei 225 subiu 0,55%. Na Coreia do Sul, o Kospi ganhou 0,41% e o Kosdaq avançou 1,69%. Na Austrália, o S&P/ASX 200 subiu 0,7%. Em Singapura, o Straits Times renovou máxima histórica com alta de 0,38%.
Na Europa, os principais índices fecharam em queda nesta terça-feira, 15. O Stoxx 600 caiu 0,37%, o DAX de Frankfurt recuou 0,32% e o CAC 40 de Paris registrou queda de 0,50%. O FTSE 100, de Londres, seguiu o movimento do dia anterior e caiu 0,64%.