Invest

Ibovespa ganha fôlego e vira para alta de olho em Trump, investigação comercial e aprovação de Lula

Circula nos jornais internacionais a notícia de que o presidente Donald Trump poderia demitir Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) em breve

Ibovespa: na terça-feira, o índice fechou em leve queda de 0,04%, aos 135.250 pontos (Germano Lüders/Exame)

Ibovespa: na terça-feira, o índice fechou em leve queda de 0,04%, aos 135.250 pontos (Germano Lüders/Exame)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 16 de julho de 2025 às 12h30.

Última atualização em 16 de julho de 2025 às 15h23.

Principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa ganhou fôlego no meio da sessão e opera em alta nesta quarta-feira, 16. Às 15h, o índice registrava valorização de 0,08%, aos 135.376 pontos.

No mercado cambial, o dólar também virou de direção e tem desvalorização. No mesmo horário, a moeda americana caía também 0,09%, cotada a R$ 5,552.

Na terça-feira, 15, o índice fechou em leve queda de 0,04%, aos 135.250 pontos. A pressão veio, sobretudo, da Vale (VALE3), que cedeu 2,64%. Porém, o setor bancário evitou uma queda mais expressiva, com o Itaú (ITUB4) avançando 0,34% e o Banco do Brasil (BBAS3), 1,06%.

No radar hoje

No Brasil, o clima é de apreensão diante do novo capítulo da guerra comercial. Na noite de terça-feira, o presidente Donald Trump voltou a subir o tom contra o país. Depois de minimizar sua relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, Trump ordenou uma investigação sobre supostas práticas comerciais “injustas” por parte do Brasil.

Os mercados locais acompanham os desdobramentos dessa tensão diplomática. Pela manhã, o vice-presidente Geraldo Alckmin participa de reuniões com empresários e representantes da indústria para discutir a resposta brasileira às tarifas. À tarde, ele recebe o presidente da Amcham Brasil, Abrão Neto.

Outro tema atrai atenção do mercado é a pesquisa Genial/Quaest, que mostrou um aumento da popularidade do presidente Luís Inácio Lula da Silva depois das ameaças de Trump.

No radar está ainda o tema do IOF em operações internacionais. A reunião entre governo e Congresso, realizada no Supremo Tribunal Federal na véspera, terminou sem acordo. Agora, o ministro Alexandre de Moraes prepara uma decisão sobre o tema.

Nos Estados Unidos, investidores acompanham as falas de Beth Hammack (Fed de Cleveland), Michael Barr (Fed Board) e John Williams (Fed de Nova York), o que pode mexer com as expectativas em torno da trajetória de juros nos EUA.

Às 14h30, o Banco Central publica o fluxo cambial semanal. Antes, nos EUA, os estoques de petróleo foram divulgados: segundo o Departamento de Energia (DoE), os estoques de petróleo nos EUA caíram 3,859 milhões de barris, a 422,162 milhões na semana.

O índice de preços ao produtor (PPI) dos Estados Unidos ficou estável em junho, conforme dados divulgados nesta quarta-feira, 16, pelo Departamento do Trabalho dos EUA. O resultado veio abaixo da expectativa de alta de 0,2% e marcou uma desaceleração em relação ao avanço de 0,3% registrado em maio.

Na comparação com o dado da véspera, o PPI contrastou com o índice de preços ao consumidor (CPI), que subiu 0,3% no mês e 2,7% em 12 meses. Apesar da aceleração do CPI, o núcleo da inflação veio abaixo do esperado, reforçando a leitura de que a inflação ao consumidor segue sob controle, ainda que sob ameaça de alta com o impacto das tarifas comerciais.

Mercados internacionais

A CBS News noticiou que, na terça-feira, 15, o presidente Trump questionou um grupo de republicanos da Câmara sobre a possibilidade de demitir o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell — e, segundo diversas fontes com conhecimento direto, os presentes demonstraram apoio à ideia. Várias dessas fontes também afirmaram que Trump indicou a intenção de seguir adiante com a demissão.

No entanto, a ideia de um presidente destituir o chefe do Fed carece de respaldo legal — a legislação federal estabelece que o presidente do Federal Reserve só pode ser removido "por justa causa". Essa ação, caso ocorra, pode provocar impactos significativos e negativos nos mercados financeiros. Após a divulgação da notícia pela CBS, a Bloomberg e o Wall Street Journal foram mais enfáticos: Trump está inclinado a demitir Powell do comando do Federal Reserve em breve, segundo uma autoridade da Casa Branca.

As bolsas americanas viraram para o negativo, mas logo voltaram a operar em alta com Trump afirmando, em coletiva, "não estar planejando nada" sobre demitir Powell. Às 15h, nos Estados Unidos, o Dow Jones subia 0,24%, o S&P 500 valorizava 0,08% e o Nasdaq 100 registrava alta de 0,03%.

Na Ásia, os mercados fecharam majoritariamente no vermelho. O Kospi, da Coreia do Sul, caiu 0,9%, enquanto o S&P/ASX 200, da Austrália, recuou 0,79%. Na China, o índice CSI 300 perdeu 0,3%, e o Nikkei 225, do Japão, encerrou estável.

As bolsas asiáticas repercutiram o anúncio de um acordo comercial preliminar entre Estados Unidos e Indonésia, que inclui tarifa de 19% sobre produtos exportados pelo país asiático, além do avanço dos papéis de tecnologia na China após a liberação de exportações de chips dos EUA.

Na Europa, os principais índices viraram e fecharam em queda. O Stoxx 600 caiu 0,51%, enquanto o francês CAC 40 recuou 0,45%, perdendo fôlego após as perdas provocadas pela forte queda nas ações da Renault. A montadora francesa desabou 17% após cortar suas projeções financeiras e anunciar uma mudança inesperada na liderança. O alemão DAX registrou baixa de 0,13%, enquanto o britânico FTSE 100 recuou 0,08%.

O cenário macroeconômico também pesa sobre o humor dos investidores. No Reino Unido, a inflação de junho veio acima do esperado, com alta de 3,6% em 12 meses, superando a projeção de 3,4%.

Acompanhe tudo sobre:Açõesbolsas-de-valoresIbovespaDólar

Mais de Invest

Queda do dólar tem sido atrativo para empresas com receitas em outros países, diz Goldman Sachs

Pix na mira de Trump: saiba o que são Zelle, FedNow e Venmo, sistemas de pagamento usados nos EUA

Heineken sobe preços no Brasil. É um divisor de águas para as ações da Ambev?

Por que o Pix entrou na mira de Trump?