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Ibovespa opera em queda em meio à guerra comercial e tensão política

Tarifas impostas pelos Estados Unidos seguem no centro das atenções e, no ambiente doméstico, avanço de pautas sensíveis pressiona os mercados

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 17 de julho de 2025 às 10h36.

Última atualização em 17 de julho de 2025 às 15h14.

A bolsa brasileira opera em queda nesta quinta-feira, 17, sob influência do cenário externo conturbado e de uma crescente tensão política interna. Por volta das 15h08, o Ibovespa recuava  0,27%, aos 135.143 pontos.

No mercado cambial, o dólar opera em baixa de 0,23%, cotado a R$ 5,555.

As tarifas impostas pelos Estados Unidos seguem no centro das atenções, e o governo brasileiro tenta articular uma resposta diplomática. Representantes do Executivo enviaram uma carta formal a Washington pedindo a abertura de negociações. O presidente Lula deve se pronunciar ainda hoje em rede nacional.

No ambiente doméstico, o avanço de pautas sensíveis também pressiona os mercados. O Supremo Tribunal Federal validou o decreto que restabelece a cobrança do IOF sobre operações de crédito, enquanto o Congresso avançou em duas frentes: o Senado aprovou em primeiro turno a PEC dos Precatórios e a Câmara flexibilizou as regras do licenciamento ambiental.

Na quarta-feira, o principal índice da B3 interrompeu uma sequência de sete pregões em queda e fechou em alta de 0,19%, aos 135.510 pontos.

Inflação

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) recuou 1,65% em julho, após queda de 0,97% em junho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Com o resultado, o índice acumula baixa de 1,42% no ano, mas ainda registra alta de 3,42% em 12 meses.

A deflação foi puxada principalmente pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que caiu 2,42% no mês, com destaque para a forte queda nos preços do café em grão.

No varejo, a desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) refletiu o recuo da gasolina, após novo corte promovido pela Petrobras. Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) começou a mostrar sinais de alívio, com desaceleração no grupo Mão de Obra, diante da menor frequência de reajustes salariais.

Dados dos EUA

As vendas no varejo dos Estados Unidos subiram 0,6% em junho na comparação com maio, superando com folga as projeções de alta modesta e revertendo a queda de 0,9% registrada no mês anterior. O resultado, divulgado nesta quinta-feira pelo Departamento de Comércio, indica que os consumidores americanos seguem gastando, apesar do impacto inicial das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump.

Já os pedidos semanais de auxílio-desemprego caíram pela quinta vez consecutiva, atingindo 221 mil na semana encerrada em 12 de julho, no menor nível desde meados de abril e abaixo da previsão de 233 mil, segundo dados do Departamento do Trabalho americano.

O número de solicitações contínuas, que indica quantas pessoas seguem recebendo o benefício, ficou estável em 1,96 milhão, sugerindo que, apesar da resiliência do mercado de trabalho, muitos desempregados ainda enfrentam dificuldades para conseguir uma nova colocação.

O índice de confiança das construtoras dos Estados Unidos, por sua vez, subiu para 33 em julho, ante 32 em junho, segundo pesquisa divulgada pela Associação Nacional de Construtoras às 11h. O resultado veio ligeiramente acima da expectativa de analistas consultados.

No radar hoje

Ao longo do dia, dirigentes do Federal Reserve fazem aparições públicas que podem trazer pistas sobre a política monetária americana. Adriana Kugler defendeu que o banco central deveria manter as taxas de juros inalteradas no momento, já que a inflação segue acima da meta e porque o preço deve ser impactado pela guerra comercial. Lisa Cook fala às 14h30 e Mary Daly às 14h45. À noite, Christopher Waller discursa às 19h30.

No Brasil, o vice-presidente Geraldo Alckmin tem reunião às 17h com Jorge Viana, presidente da Apex. Ainda nesta quinta, o presidente Lula deve se pronunciar em rede nacional para abordar as tarifas impostas pelos EUA.

No cenário internacional, ocorre também uma reunião de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 na África do Sul.

Na frente corporativa, após o fechamento dos mercados, saem os resultados da Western Alliance e da Netflix.

Mercados internacionais

Nos Estados Unidos, os principais índices das bolsas seguem em alta. Por volta das 15h08 (horário de Brasília), o Dow Jones avançava 0,49%, o S&P 500 ganhava 0,48% e o Nasdaq 100 subia 0,72%.

As bolsas da Ásia encerraram o pregão desta quinta-feira, 17, majoritariamente em alta, mesmo com a queda nas exportações do Japão pelo segundo mês seguido e a alta do desemprego na Austrália. O índice Nikkei 225 avançou 0,6%, enquanto o Topix subiu 0,72%.

Em Hong Kong, o Hang Seng ficou estável, e o CSI 300 da China continental teve alta de 0,68%. Na Coreia do Sul, o Kospi subiu 0,19%, e o Kosdaq, 0,74%. Já na Austrália, o S&P/ASX 200 teve ganho de 0,9%, mesmo após a taxa de desemprego atingir o maior nível em 43 meses. Em Singapura, as ações renovaram máxima em nove pregões, impulsionadas por dados melhores que o esperado nas exportações não relacionadas ao petróleo.

Na Europa, os mercados operam em alta moderada por volta das 15h08 (horário de Brasília), com o índice europeu Stoxx 600 avançando 0,96%.

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