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Dólar perde força após superar os R$ 6,20; Ibovespa fecha em alta

Por meio de leilões, o Banco Central (BC) interveio pela terceira vez em menos de 5 dias para tentar controlar volatilidade do câmbio

Painel de cotações da B3  |  Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 10h30.

Última atualização em 17 de dezembro de 2024 às 18h27.

O Ibovespa fechou em altanesta terça-feira, 17, com investidores repercutindo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e também ficando de olho na possibilida de votação da reforma tributária e de três projetos do pacote fiscal na Câmara, após declarações do presidente da casa, Arthur Lira.

O primeiro projeto que irá a plenário é a Lei Complementar (PLP) que autoriza o governo federal que prevê gatilhos para o caso de déficit nas contas públicas, como proibição de alta de gastos com pessoal e limitação do uso de créditos tributários em caso de déficit nas contas públicas. Lira também prosseguirá com a votação Reforma Tributária, que começou a ser debatida na Casa nesta segunda, depois de receber novas alterações.

"Vamos colocar para votar, mas não estou garantindo a aprovação", afirmou Lira. 

Ibovespa hoje

  • IBOV: +0,92% aos 124.698 pontos
  • Dólar: -0,04% cotado a R$ 6,0961

Apesar da ata do Copom confirmar a elevação da Selic para, no mínimo, 14,25% -- o que, na teoria, prejudica a bolsa -- Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, explica que a posição firme do BC é tida como positiva, o que ajuda o humor do mercado.

"Basicamente a bolsa já está muito barata, principalmente se olharmos preço/lucro, com o pessimismo já bem precificado, de forma que um BC mais conservador e duro acaba sendo bom para uma tentativa de aumento da confiança no país", afirma.

Entretanto, João Lucas Tonello, analista da Benndorf Research, explica que o modesto avanço é apenas uma volatilidade comum e a bolsa deve "cair mais". Isso porque os temores fiscais prevalecem, o que puxa tanto o Ibovespa para baixo como catapulta o dólar para cima.

Ontem, na segunda-feira, 16, a divisa americana encerrou o dia cotada a R$ 6,0942, com alta de 0,99%, maior valor nominal na história. Hoje, o dólar fechou em leve alta de 0,04% cotado a R$ 6,09 -- renovando também o recorde intraday. Na máxima do dia, às 12h16, o dólar superou os R$ 6,20, mas perdeu força.

Logo nos primeiros minutos da sessão, o Banco Central (BC) anunciou um leilão extraordinário (o terceiro na última semana), em que vendeu US$ 1,272 bilhão à vista de dólares, com taxa de corte de R$ 6,1005.

A primeira intervenção ocorreu na sexta-feira, 13, e envolveu a oferta de US$ 3 bilhões em leilão à vista com compromisso de recompra. Já a segunda, realizada em linha e sem compromisso de recompra, somou US$ 1,6275 bilhão, sendo o maior volume de intervenção desde 2020, no auge da pandemia.

Segundo Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, o cenário doméstico é o principal fator de pressão, com destaque para as incertezas fiscais e a deterioração das projeções econômicas divulgadas no Boletim Focus desta semana.

“O pano de fundo é a questão fiscal, mas o mercado também reagiu à piora nas estimativas de câmbio, inflação e juros. Mesmo com uma leve melhora no crescimento, o risco-país aumentou, o que desincentiva a entrada de fluxos financeiros e pressiona ainda mais o câmbio”, explicou Quartaroli.

Ata do Copom

Um dos grandes destaques do dia foi a ata da última reunião do Copom, quando o BC elevou a Selic em 1 ponto percentual (p.p.) para 12,25% e sinalizou mais dois aumentos de 1 p.p. nos dois primeiros encontros de 2025.

Para além desses aumentos, no documento, a autoridade monetária confirmou a possibilidade de uma elevação acima dos 14,25% esperados para março. O BC destacou cinco pontos principais que determinarão as próximas decisões: dinâmica da inflação, projeções e expectativas de inflação, hiato do produto e balanço de riscos.

O documento também revelou a preocupação com o cenário adverso de inflação, destacando a desancoragem das expectativas e a elevação das projeções.

A atividade econômica, mais aquecida do que o esperado, é impulsionada por um mercado de trabalho robusto, políticas fiscais expansionistas e maior concessão de crédito, o que mantém o consumo em alta e pressiona os preços. Por conta disso, o Comitê ressaltou que esses estímulos enfraquecem os efeitos da política monetária contracionista.

Além disso, o BC apontou o impacto do cenário fiscal sobre o prêmio de risco e a taxa de câmbio, que afeta os preços de bens industrializados e serviços. A inflação de alimentos também ganhou força devido à estiagem e ao ciclo das carnes, elevando os riscos de propagação inflacionária no médio prazo.

Como é calculado o índice Bovespa?

O Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média ponderada de uma carteira teórica de ativos. Cada ativo tem um peso na composição do índice, refletindo o desempenho das ações mais negociadas. Se o índice está em 100 mil pontos, o valor da carteira teórica é de R$ 100 mil.

Que horas abre e fecha a bolsa de valores?

O horário de negociação da B3 vai dar 10h às 18h, com o after market operando das 18h25 às 18h45. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h. Já as negociações com o Ibovespa futuro acontecem das 9h às 18h25.

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