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Ibovespa fecha em queda a espera da Selic; dólar sobe após FED manter os juros inalterados

O Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) manteve pela quarta reunião consecutiva os Fed Funds na faixa entre 4,25% e 4,50%

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 18 de junho de 2025 às 10h27.

Última atualização em 18 de junho de 2025 às 17h39.

O Ibovespa fechou em leve queda de 0,09%, aos 138.716 pontos nesta quarta-feira, 18, após o Federal Reserve ter mantido a taxa de juros nos Estados Unidos. Os investidores ainda aguardam a decisão do Copom sobre a Selic, que será anunciada após o fechamento do mercado.

Em Wall Street, os índices fecharam com desempenho misto, depois de um dia com volatilidade com as expectativas das taxas de juros dos Estados Unidos. O Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) manteve pela quarta reunião consecutiva os Fed Funds na faixa entre 4,25% e 4,50%. A decisão, que foi unânime, era consenso no mercado. O S&P 500 recuou 0,03%, o Nasdaq 100 avançou 0,13% e o Dow Jones caiu 0,10%.

O Fed adotou um tom mais "dovish" e reconheceu que a incerteza diminuiu, mas ainda está em patamar elevado, conforme explica o economista-chefe da Monte Verde, Luciano Costa. O balanço de riscos, que antes apontava mais chances de inflação e desemprego, agora está simétrico, o que sugere menos preocupação com pressões inflacionárias — um sinal mais brando. O presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou a postura de esperar e observar (EIT - "evaluate, interpret, and target"). Ele destacou incertezas sobre o impacto das tarifas na atividade e inflação, preferindo aguardar dados futuros antes de tomar novas decisões.

"Espero um cenário de três cortes a partir de setembro, depois que passar o pico da inflação, a economia deve desacelerar um pouco mais no terceiro trimestre, acima das expectativas do FED. A melhor estratégia neste momento  é o EIT, e no segundo momento, depois do choque e voltando a uma trajetória de convergência da inflação, há a possibilidade de cortar os juros no futuro. Ao contrário das estimativas do FED, a taxa de juros final deve chegar mais rápido no 3,5%", conclui o economista-chefe da Monte Verde.

Ibovespa hoje

  • IBOV: -0,09%, a 138.716 pontos
  • Dólar: +0,07%, a R$ 5,5009

O que aconteceu hoje

A quarta-feira, 18, foi marcada pela "Super Quarta" de juros. Por aqui, o mercado segue dividido entre uma possível alta residual de 0,25 ponto percentual, que levaria a Selic para 15%, e a manutenção dos juros em 14,75%, o que encerraria o ciclo de aperto iniciado em setembro do ano passado. A decisão do Copom será anunciada após as 18h30.

No cenário geopolítico, os mercados continuam atentos à escalada do conflito entre Israel e Irã, que chega ao sexto dia. Nesta manhã, a Força Aérea de Israel confirmou novos ataques a instalações de centrífugas e fábricas de armas em Teerã, enquanto o presidente americano Donald Trump voltou a exigir a rendição incondicional do Irã.

No Brasil, o setor elétrico foi a pauta após a decisão do Congresso de derrubar vetos do presidente Lula, que obrigam a contratação de termelétricas, com impacto estimado em R$ 197 bilhões até 2050, segundo cálculos da Abrace. A medida pressiona as contas de luz e as projeções fiscais de longo prazo.

O mercado também acompanhou a retomada das exportações de carne de frango, após 28 dias de bloqueio por conta de um caso de gripe aviária no Rio Grande do Sul. As negociações com os 21 países que haviam suspendido as compras, incluindo a China, estão sendo retomadas.

IGP-M

O dia também foi de divulgação de indicadores importantes no Brasil e nos Estados Unidos.

Por aqui, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) recuou 0,97% na segunda prévia de junho, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). A queda foi bem mais intensa que a registrada no mesmo período de maio, de 0,32%, e também superior ao recuo de 0,49% no fechamento do mês passado.

O principal impacto veio dos preços no atacado. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M), que tem peso de 60% na composição do IGP-M, caiu 1,58% na leitura intermediária deste mês, após ter recuado 0,59% na segunda prévia de maio. O dado reforça os sinais de desaceleração da inflação ao longo da cadeia produtiva.

Construções e auxílio-desemprego

Nos Estados Unidos, os números do setor imobiliário vieram abaixo do esperado, indicando fraqueza no mercado de construção residencial. O número de novas construções de moradias caiu 9,8% em maio, para uma taxa anualizada de 1,26 milhão de unidades, o menor nível desde o início da pandemia. A projeção mediana dos analistas era de 1,35 milhão.

O número de licenças para construção também decepcionou, caindo para uma taxa anualizada de 1,39 milhão, menor patamar em cinco anos. O relatório reflete os desafios do setor, pressionado por estoques elevados, custos de financiamento ainda altos e incertezas econômicas ampliadas pelas tarifas impostas pelo governo Trump.

Ainda no mercado de trabalho americano, os pedidos semanais de auxílio-desemprego somaram 245 mil na semana encerrada em 14 de junho, uma queda em relação aos 250 mil da semana anterior. O número veio abaixo das expectativas e sugere um mercado de trabalho ainda resiliente, apesar da média móvel de quatro semanas ter subido para 245,5 mil, o maior patamar desde novembro de 2021.

Mercados internacionais

No exterior, o dia é de cautela, com os investidores monitorando tanto a decisão de juros do Fed quanto a escalada do conflito entre Israel e Irã.

Na Ásia, as bolsas fecharam sem direção única. O Nikkei subiu 0,9% em Tóquio, enquanto o Kospi avançou 0,74% em Seul. Na contramão, a bolsa de Hong Kong caiu 1,12%, e o índice ASX 200, da Austrália, recuou 0,12%. Na China, o CSI 300 terminou o pregão com leve alta de 0,12%.

Na Europa, os mercados fecharam mistos. O DAX caiu 0,50%, o Stoxx 600 recuou 0,36% e o CAC 40 desvalorizou 0,36%. Em Londres, o FTSE 100 fechou em alta de 0,11%.

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