Redação Exame
Publicado em 24 de junho de 2025 às 10h28.
Última atualização em 24 de junho de 2025 às 17h47.
Puxado pelo setor bancário, o Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, 24, mesmo com o tombo das ações da Petrobras (PETR4) de 1,97% e a queda do Brent de 5,20%. O índice avançou 0,45%, aos 137.164 pontos.
Os índices de Wall Street também fecharam no campo positivo com o cessar-fogo entre Israel e Irã e as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizando disposição de retomar o processo de afrouxamento monetário até o fim do ano. O Dow Jones subiu 1,19%; o S&P 500 ganhou 1,11%; e o Nasdaq avançou 1,43%.
No Brasil, o principal destaque do dia foi a ata do Copom. O documento reforçou que, diante da inflação elevada, expectativas desancoradas e incertezas globais, será necessário manter a Selic em 15% por um período prolongado. O Banco Central voltou a citar que a política fiscal é essencial para garantir a estabilidade dos preços e alertou que a inflação segue acima da meta, com projeções de 4,9% em 2025 e 3,6% em 2026.
Também foi divulgado nesta manhã o Índice de Confiança do Consumidor do FGV Ibre, que caiu 0,8 ponto em junho, para 85,9 pontos, após três meses consecutivos de alta. Na média móvel trimestral, o índice avançou 0,5 ponto, para 85,8 pontos.
O indicador que mede a percepção sobre a situação financeira foi o principal fator para o recuo, refletindo que, apesar da resiliência da economia, os consumidores seguem preocupados com o orçamento doméstico, em um contexto de forte endividamento, inadimplência e juros elevados.
Nos Estados Unidos, o déficit em conta corrente aumentou 44,3% no primeiro trimestre de 2025, chegando a US$ 450,2 bilhões, o equivalente a 6% do PIB, segundo informações divulgadas neste terça-feira pelo Bureau of Economic Analysis.
O resultado reflete principalmente o aumento do déficit na balança de bens, com as importações crescendo US$ 158,2 bilhões no período, puxadas por ouro não monetário e produtos farmacêuticos. As exportações também subiram, mas em ritmo bem menor, de US$ 21,1 bilhões.
A balança de serviços apresentou queda nas exportações, especialmente em viagens e serviços de consultoria, enquanto as importações de serviços também recuaram, puxadas por menores pagamentos por uso de propriedade intelectual. Na renda primária, tanto os recebimentos quanto os pagamentos caíram, refletindo menores lucros de investimentos diretos.
Outro foco dos investidores foi o depoimento de Jerome Powell na Câmara dos Representantes.
Em meio a falas do diretor do Fed, Christopher Waller sobre cortar juros no curto prazo e sob ameaças e ofensas diretas do presidente Donald Trump, Powell afirmou que a inflação diminuiu desde o pico em meados de 2022, mas permanece elevada em relação à meta de 2%.
“Vamos tomar nossas decisões com base nos dados e no balanço de riscos”, disse o presidente do Fed, sem querer indicar quando o ciclo de alívio monetário terá início. No entanto, reconheceu que boa parte do comitê acredita ser apropriado reduzir juros no final do ano.
O pano de fundo geopolítico segue pesado. Apesar do anúncio de cessar-fogo feito pelo presidente Donald Trump, explosões foram registradas na manhã desta terça-feira em Teerã. Segundo a Reuters, Israel atacou uma estação de radar nos arredores da capital iraniana após acusar o Irã de violar a trégua.
Trump, que chegou a dar uma bronca pública em Netanyahu nas redes sociais, disse que “não está feliz com nenhum dos lados” e que espera que Israel recue.
Nesta terça-feira, Israel garantiu que não atacará mais o Irã, após o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conversar com o presidente dos Estados Unidos, e assegurou que o cessar-fogo está "em vigor" e deve ser respeitado.
"Após a conversa do presidente Trump com o primeiro-ministro Netanyahu, Israel se absteve de realizar novos ataques", afirmou um comunicado do gabinete do primeiro-ministro israelense.
Mesmo com relatos de novos ataques, o mercado financeiro global reage com alívio à sinalização de uma possível saída diplomática para o conflito. As bolsas da Europa fecharam em alta firme, com ganhos de 1,60% para o DAX (Alemanha), 1,04% para o CAC 40 (França) e 1,11% para o índice Stoxx 600. O FTSE 100 (Reino Unido) subiu apenas 0,01%.
Na Ásia, os mercados fecharam em alta, refletindo o alívio com a trégua, apesar das tensões. O índice japonês Nikkei subiu 1,1%, o chinês Hang Seng avançou 1,91%, e o sul-coreano Kospi disparou 2,71%.