Ibovespa: bolsa sobe com mercado repercutindo contas do Governo (Germano Lüders/Exame)
Repórter de finanças
Publicado em 31 de janeiro de 2025 às 10h12.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2025 às 09h33.
Janeiro mudou a trajetória do Ibovespa. O principal índice da B3 subiu 4,86%, ficando apenas 8% abaixo do seu pico histórico.
Esse é o melhor mês desde agosto, quando subiu 6,54%.
Após um dia extremamente positivo, em que a bolsa subiu quase 3% puxado pela forte queda dos juros futuros, o Ibovespa fechou em leve queda na sessão desta sexta-feira, 31. Na semana, a alta acumulada foi de 3%.
As atenções se voltam para a divulgação do Índice de Preço de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês). O PCE é a métrica de inflação preferida do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) e pode dar mais sinais sobre o início do corte de juros por lá.
Nesta semana, a autoridade monetária manteve as taxas de juros inalteradas entre 4,25% e 4,50%, citando que a economia segue resiliente e o mercado de trabalho sólido.
O PCE de dezembro subiu 0,3% no mês, dentro da projeção. Já na comparação anual, o índice avançou 2,6%, também no consenso. O núcleo do PCE, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, subiu 0,2%, no consenso. Na base anual, avançou 2,8% (no consenso).
Os gastos com consumo, por sua vez, subiram 0,7%, ligeiramente acima do consenso de 0,5%. A renda pessoal veio dentro do previsto, em +0,4%.
Os dados dentro do esperado ajudam a moderar as preocupações sobre a inflação mais resiliente -- fato citado inclusive no comunicado do Fed.
Até metade da sessão, a Petrobras (PETR3; PETR4) ajudava a bolsa a operar no azul, ao subir mais de 1%, na esteira do anúncio sobre os preços dos combustíveis.
A petroleira anunciou na tarde desta sexta-feira, 31, um reajuste no preço do diesel vendido às distribuidoras, que será elevado em R$ 0,22 a partir deste sábado, 1º. Com isso, o preço médio do litro passará a ser de R$ 3,72.
Levando em conta a mistura obrigatória de 86% de diesel A e 14% de biodiesel na composição do diesel B comercializado nos postos, a parcela da Petrobras na composição do preço ao consumidor passará a ser de R$ 3,20/litro, uma variação de R$ 0,19 a cada litro de diesel B.
Este é o primeiro reajuste para cima desde 2023, quando a estatal reduziu os preços pela última vez em 27 de dezembro. O último aumento havia ocorrido em 21 de outubro daquele ano.
Desde dezembro de 2022, a Petrobras acumulou uma redução de R$ 0,77 por litro no diesel, uma queda de 17,1%. Considerando a inflação do período, essa redução equivale a R$ 1,20 por litro, representando um recuo de 24,5%.
O dia do reajuste coincide com a mudança no cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que já deixariam os combustíveis mais caros sem mesmo o reajuste.
Para o combustível, o ICMS aumentará R$ 0,0979, passando de R$ 1,37 para R$ 1,47 por litro, o que representa uma elevação de 7,14%. O imposto sobre diesel subirá R$ 0,0565, indo de R$ 1,06 para R$ 1,12 por litro.
Com a elevação do tributo, que incide sobre o litro dos combustíveis, o preço final na bomba também ficará mais caro -- além do reajuste recém-anunciado para o diesel. E o ICMS representa apenas uma parte do preço final do combustível, que tem ainda a incidência de tributo federal e as margens de lucro da Petrobras, das distribuidoras e dos revendedores.
O mercado também repercute novos dados das contas públicas. Após as contas do Governo Central, que mostraram um déficit fiscal dentro da meta em 2024 e ajudaram no arrefecimento dos juros futuros, hoje o mercado acompanha os números consolidados – que também mostraram um cenário positivo.
O setor público consolidado, que inclui União, estados, municípios e estatais, registrou deficit primário de R$ 47,6 bilhões no ano passado, o que corresponde a 0,40% do Produto Interno Bruto (PIB).
Em comparação com o ano passado, o resultado veio 80,9% abaixo. Em 2023, o saldo negativo foi de R$ 249,1 bilhões, em valores são nominais.
Ontem, foi mostrado que o Governo Central encerrou 2024 com um déficit de R$ 11 bilhões, ao desconsiderar as despesas extraordinários direcionadas às enchentes no Rio Grande do Sul e às queimadas nas regiões Norte e Nordeste.
A equipe econômica precisava perseguir um déficit zero em 2024, mas graças à margem de tolerância introduzida pelo arcabouço fiscal, o resultado efetivo poderia ser negativo em até R$ 28,8 bilhões -- portanto, ficou dentro da meta.
Ao considerar os gastos extraordinários, o déficit ficou em R$ 43 bilhões, um resultado muito menor que o rombo de R$ 228,5 bilhões observado em 2023. Entretanto, os R$ 32 bilhões para as catástrofes foram excluídos do cálculo da meta fiscal por decisões legislativas e judiciais.
O mercado também repercute a taxa de desemprego divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O país encerrou o último trimestre de 2024 com a taxa de desemprego em 6,2%, o menor patamar já registrado pela pesquisa.
Na média anual, o indicador caiu de 7,8% para 6,6%, também o menor da série. É o que mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.
Economistas projetavam que a taxa recuasse para 6% no quarto trimestre do ano passado, segundo mediana coletada pelo Valor Data.
O Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média ponderada de uma carteira teórica de ativos. Cada ativo tem um peso na composição do índice, refletindo o desempenho das ações mais negociadas. Se o índice está em 100 mil pontos, o valor da carteira teórica é de R$ 100 mil.
O horário de negociação da B3 vai dar 10h às 18h, com o after market operando das 18h25 às 18h45. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h. Já as negociações com o Ibovespa futuro acontecem das 9h às 18h25.