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Intel anuncia corte de 20% em sua equipe para combater crise no setor de chips

Após anos de declínio, Intel aposta em cortes e novos produtos para se reerguer no setor de semicondutores

Intel: cortes em sua força de trabalho visam restaurar a cultura de engenharia e a competitividade no mercado (David Becker / Colaborador/Getty Images)

Intel: cortes em sua força de trabalho visam restaurar a cultura de engenharia e a competitividade no mercado (David Becker / Colaborador/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 23 de abril de 2025 às 10h06.

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A Intel, uma das líderes globais no mercado de chips, anunciou na última terça-feira, 23, uma grande reestruturação, que inclui o corte de mais de 20% de sua força de trabalho. A notícia foi divulgada pela Bloomberg.

A medida, que impacta milhares de colaboradores, visa eliminar a burocracia interna e restaurar a cultura de engenharia que foi um marco da gigante da tecnologia. Este é o primeiro grande movimento de Lip-Bu Tan, novo CEO da Intel, que assumiu o cargo no mês passado, após a saída de Pat Gelsinger.

A Intel, que já havia realizado cortes significativos no passado — com 15 mil postos eliminados no ano anterior —, está passando por um processo de transformação. Com o objetivo de voltar a ser líder inovadora no mercado de semicondutores, a empresa busca agora simplificar sua estrutura organizacional, priorizando decisões ágeis e eficientes.

Essa reestruturação vem após anos de dificuldades enfrentadas pela Intel. A empresa, que já foi pioneira na indústria de chips, tem perdido terreno para a Nvidia, que lidera o crescente mercado de inteligência artificial (IA). A Intel, que já dominou os setores de processadores para computadores pessoais e data centers, foi lenta na adaptação às novas demandas tecnológicas e viu sua posição enfraquecer.

O caminho para a recuperação

Lip-Bu Tan, um veterano do setor de tecnologia, está se concentrando em um plano para reverter esse cenário. A reestruturação é parte de um esforço mais amplo para reduzir a burocracia interna e reconectar a Intel com seu DNA de engenharia. O executivo já anunciou que a empresa irá vender ativos não essenciais, como a unidade de chips programáveis Altera, e focar em produtos que sejam verdadeiramente inovadores e competitivos.

No entanto, o cenário não é simples. A Intel ainda enfrenta um longo caminho pela frente. Embora as quedas nas receitas tenham diminuído, analistas não projetam uma recuperação total para os níveis anteriores de vendas da empresa nos próximos anos, se é que isso ocorrerá.

A reestruturação também é uma resposta à perda de competitividade em áreas-chave, como a produção de chips gráficos e para IA, onde a Nvidia está liderando. A aposta de Tan é, assim, focar na inovação de produtos e na eficiência operacional para reconquistar a confiança do mercado e dos investidores.

A transição não será fácil. A empresa, que tem se distanciado dos seus planos de expansão — incluindo o ambicioso projeto de uma fábrica em Ohio, que seria o maior centro de produção de chips do mundo — agora terá que reavaliar seus próximos passos. Além disso, o possível acordo com a TSMC, outra gigante do setor, parece menos provável à medida que as empresas concentram suas energias em seus próprios projetos.

Embora a reação inicial do mercado tenha sido positiva, com as ações da Intel subindo até 3,5% nos primeiros momentos de negociação, o desempenho da empresa no futuro dependerá de sua capacidade de se reinventar e responder às pressões do mercado. As próximas semanas serão cruciais, especialmente com a divulgação dos resultados financeiros do primeiro trimestre, marcada para esta quinta-feira.

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