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Intel tem maior alta em 38 anos. A Nvidia vai conseguir salvar a companhia dos maus tempos?

Gigante dos chips perdeu terreno para concorrentes como AMD e Nvidia (NVDA); agora, se une a maior empresa do mundo para driblar os efeitos negativos

Publicado em 19 de setembro de 2025 às 06h03.

Última atualização em 19 de setembro de 2025 às 07h23.

Nos últimos anos, a Intel (INTC) tem enfrentado uma série de desafios que abalou sua posição de liderança no mercado de semicondutores.

A gigante dos chips perdeu terreno para concorrentes como AMD e Nvidia (NVDA) que se destacaram com inovações tecnológicas mais rápidas e eficientes, especialmentenas áreas de inteligência artificial (IA) e chips gráficos (GPUs).

Esses problemas, aliados a erros estratégicos e atrasos tecnológicos, fizeram a Intel cair de um posto de domínio para uma posição mais vulnerável.

Além das dificuldades internas, a Intel enfrentou uma turbulência externa considerável. Em 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou publicamente a empresa e pediu a renúncia do CEO da Intel, Lip-Bu Tan, devido a supostos conflitos de interesse envolvendo investimentos em empresas chinesas.

As críticas públicas, somadas a uma queda substancial no valor das ações da empresa e a perda de credibilidade no mercado, contribuíram para um ambiente de incerteza. As ações da Intel chegaram a cair 38,73% nos últimos cinco anos, passando de US$ 49,89 em setembro de 2020 para US$ 30,57 em setembro de 2025.

Mas uma luz no fim do túnel surgiu na quinta-feira 18, quando a Intel firmou um acordo histórico de US$ 5 bilhões com a Nvidia, um movimento que reacendeu as esperanças para a empresa. O acordo é visto por Wall Street como um possível ponto de virada para a Intel, dando-lhe novas oportunidades e um impulso estratégico necessário para se recuperar de anos de dificuldades.

O impacto do casamento

A parceria com a Nvidia envolveu um investimento de US$ 5 bilhões pela Nvidia na Intel, um passo que gerou grande entusiasmo no mercado.

Após o anúncio do acordo, as ações da Intel dispararam 23%, o maior aumento registrado em um único dia desde 1987. O crescimento trouxe um retorno de 52% até o momento no ano, um sinal claro de que o mercado está vendo a aliança com bons olhos.

A parceria entre as duas empresas envolve a integração dos chips gráficos da Nvidia com os processadores Intel, criando um ambiente colaborativo no desenvolvimento de produtos personalizados para data centers e PCs.

A Nvidia irá fornecer à Intel GPUs customizadas, enquanto a Intel integrará essas GPUs aos seus chips para ampliar a capacidade de processamento nos mercados de servidores e PCs.

A Intel de volta ao jogo

A aliança com a Nvidia é vista como uma virada de jogo para a Intel, especialmente no campo da inteligência artificial (IA), onde a empresa estava ficando para trás.

Dan Ives, analista da Wedbush Securities, classificou o acordo como um "divisor de águas" para a Intel, destacando que coloca a empresa "no centro do jogo da IA".

Para Ives, após anos de frustração e dificuldades para os investidores, a parceria com a Nvidia oferece à Intel uma chance de participar ativamente da corrida tecnológica da IA, uma área de alto crescimento que está moldando o futuro dos semicondutores.

Outro analista, Jack Gold, da J.Gold Associates, compartilhou uma visão otimista sobre o impacto da parceria na credibilidade da Intel. Gold acredita que o acordo fortalece a posição da Intel no setor de manufatura de chips, especialmente com sua divisão de Intel Foundry, que vem sendo vista como um pilar importante para o futuro da empresa.

Segundo Gold, a colaboração com a Nvidia pode ser crucial para ajudar a Intel a melhorar suas tecnologias de fabricação, especialmente o desenvolvimento do chip 14A, previsto para 2027.

Além disso, Zino, ouvido pelo Yahoo Finance, considerou o acordo um "voto de confiança" no futuro da Intel. O investimento de US$5  bilhões da Nvidia, somado ao apoio recente do governo dos EUA, para ele, "demonstra uma forte confiança na capacidade da Intel de se reerguer e inovar, especialmente no crescente mercado de IA".

Zino também afirmou que, para a Intel, isso é uma oportunidade única de recuperar a competitividade no setor, onde outras empresas como AMD e Nvidia têm ganhado terreno.

Ganha-ganha

A Nvidia também tem muito a ganhar com essa parceria.

A integração dos chips gráficos da Nvidia com os processadores Intel não só fortalece a posição da Nvidia no mercado de PCs, mas também abre um canal direto para a vasta base de clientes corporativos e governamentais da Intel, apontam analistas. Ao alavancar a infraestrutura e a credibilidade da Intel, a Nvidia expande seu alcance, especialmente em setores críticos, como servidores e data centers.

Mohan Mahadevan, analista da Gartner, observou que essa aliança pode dar à Nvidia uma vantagem significativa ao permitir que ela fortaleça a oferta de soluções completas, combinando sua expertise em IA e GPUs com o poder de processamento da Intel em CPUs. "Este movimento coloca a Nvidia em uma posição única para capturar uma fatia maior do mercado de IA em servidores e PCs", afirmou Mahadevan, destacando a sinergia entre as duas empresas.

Um desafio para os concorrentes

O acordo também representa um desafio direto para os concorrentes, especialmente a AMD e a TSMC, que têm dominado o mercado de chips.

A AMD, que compete diretamente com a Intel em várias áreas, enfrenta agora uma aliança poderosa, o que pode dificultar ainda mais suas tentativas de ganhar mercado. Jack Gold destacou que "dois grandes concorrentes combinando seus esforços não é exatamente um resultado positivo para a AMD".

Já a TSMC, que atualmente fabrica os chips da Nvidia, pode perder volume de produção caso a Nvidia decida, no futuro, utilizar as fundições da Intel. Se isso acontecer, a TSMC terá que se ajustar rapidamente a essa nova dinâmica de mercado.

'Uma tábua de salvação'

O acordo com a Nvidia é visto como uma tábua de salvação para a Intel, especialmente em um momento em que a empresa estava se distanciando de seus concorrentes em termos de inovação.

A parceria não apenas impulsiona a Intel no campo da inteligência artificial, mas também fortalece sua credibilidade e posicionamento no mercado de chips para servidores e PCs.

Com o apoio da Nvidia, a Intel tem agora uma chance real de recuperar sua competitividade e se reerguer como um jogador dominante no mercado de semicondutores.

A confiança do mercado, refletida na disparada das ações, e a forte colaboração estratégica entre as duas empresas indicam que a Intel pode estar finalmente pronta para superar os desafios que tem enfrentado nos últimos anos.

Na quinta-feira, 18, as ações da Nvidia fecharam o dia em alta de 3,49%, enquanto a Intel subiu 22,7%.

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