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Investidor diminui posição em bolsa após rali do Ibovespa, diz estudo

Maioria dos entrevistados, porém, continua otimista com o mercado; mais da metade vê o Ibovespa próximo dos 160 mil pontos

Ibovespa: maioria dos investidores ainda que a bolsa esteja barata (Germano Lüders/Exame)

Ibovespa: maioria dos investidores ainda que a bolsa esteja barata (Germano Lüders/Exame)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 18 de novembro de 2025 às 18h43.

Última atualização em 18 de novembro de 2025 às 18h54.

Após o recente rali do Ibovespa, o apetite ao risco do investidor ficou mais moderado, como mostra uma pesquisa do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). Do total de respondentes, 48% responderam que seguem otimistas com o índice, uma queda em relação aos 66% registrados na pesquisa feita no último mês de setembro. O levantamento foi realizado pelo banco junto a gestores de portfólio.

Longe de estarem pessimistas ou buscando reduzir risco de forma significativa, mais gestores relatam agora um sentimento neutro (37% dos entrevistados), enquanto os pessimistas somam 10%, ante 8% anteriormente.

Apenas 3% afirmam estar “muito otimistas”, e outros 3% “muito pessimistas”, mantendo esses extremos praticamente estáveis. O dado reforça que, apesar da redução no entusiasmo após a recente alta do mercado, o sentimento geral segue predominantemente positivo.

Bolsa continua barata

A percepção de valuation do Ibovespa mostra que investidores ainda veem o índice como relativamente barato. Em setembro, 58% consideravam o principal índice da B3 subavaliado, proporção que recuou para 50% em novembro. Já a parcela que avalia o índice como “justamente avaliado” subiu de 36% para 42%. Apenas 3% classificam o benchmark como sobreavaliado, enquanto entre 4% e 5% o consideram “extremamente barato”, mantendo a tendência praticamente estável.

Em relação aos fluxos para os fundos, houve estabilidade no patrimônio sob gestão. Em novembro, 77% dos gestores reportaram movimentos estáveis, número muito próximo dos 75% vistos em setembro. Entradas em ritmo lento foram citadas por 14%, enquanto apenas 7% observaram entradas fortes. Não houve relatos relevantes de saídas aceleradas ou moderadas.

Estimativas

As projeções do Ibovespa para o fim de 2025 mostram que 56% dos participantes esperam que o índice termine o ano na faixa de 150 mil a 160 mil pontos. Outros 24% projetam entre 140 mil e 150 mil pontos, 16% entre 130 mil e 140 mil, e apenas 3% estimam uma correção para 120 mil a 130 mil. Não houve projeções acima dos 160 mil pontos.

Quanto ao próximo movimento de carteira, o cenário permanece dividido. Em novembro, 45% dos gestores planejam aumentar posições. A parcela que pretende manter alocações caiu de 42% para 29%, enquanto o percentual daqueles dispostos a reduzir posições aumentou de 12% para 26%.

Cenário macro

Nos temas macro dominantes no Brasil, os cortes da taxa de juros seguem como principal foco dos investidores. Em setembro, 60% dos respondentes viam esse tema como central; em novembro, o número ficou em 50%.

O ciclo político de 2026 e a situação fiscal continuam relevantes, embora com menor intensidade. A desaceleração da atividade econômica aparece de forma marginal, entre 5% e 8% dos votos.

No cenário global, o destaque segue sendo a trajetória dos juros nos Estados Unidos, citada por 73% em novembro, ante 86% em setembro. Questões geopolíticas foram mencionadas por 10%, enquanto os desafios estruturais da economia chinesa — como menor crescimento e deflação — ficaram entre 5% e 8%. As tarifas associadas ao governo Trump seguem com peso reduzido na avaliação dos gestores.

Eleições em 2026

Sobre a eleição presidencial de 2026, aumentou a percepção de que Lula tem chances menores de conquistar um quarto mandato. A distribuição de probabilidades se concentra entre 30% e 50%, reforçando que a disputa permanece aberta. Há pouquíssima atribuição de chances acima de 70%.

Quando perguntados sobre quem será o candidato de oposição mais provável em 2026, os investidores apontaram quase unanimemente para Tarcísio de Freitas, citado por 87%. Ronaldo Caiado e Romeu Zema tiveram apenas 2% cada, enquanto a possibilidade de um outsider ou membro da família Bolsonaro praticamente não apareceu.

Setores e ações preferidos

No ranking das posições compradas por setor, utilities continuam em primeiro lugar, com 37% das indicações em novembro. Os setores financeiro e imobiliário vem em seguida, com participações estáveis entre 18% e 20%, enquanto outros setores aparecem com relevância menor. A dominância de utilities reflete a busca por ativos mais defensivos.

Nas posições vendidas, o setor de recursos básicos continua liderando, chegando a 23% em novembro, acima dos 18% registrados em setembro. Varejo, industrial e petróleo aparecem entre os setores mais vendidos, embora com peso inferior.

Entre as ações preferidas para posições compradas, Equatorial (EQTL3), Axia (AXIA3) e BTG Pactual (BPAC11) continuam como os principais nomes, reforçando o consenso em torno de companhias de qualidade e perfil defensivo.

Nas posições vendidas, Ambev (ABEV3) permanece como a ação mais indicada para short, mantendo vantagem sobre outras empresas. Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4; PETR3) também figuram entre os principais alvos, acompanhadas por nomes de setores cíclicos.

Por fim, quando questionados sobre quais ações seriam as maiores beneficiadas em caso de vitória da oposição de centro-direita em 2026, os investidores apontaram Banco do Brasil (BBAS3), Petrobras e XP (XPBR31) como os três principais vencedores potenciais, refletindo expectativas de uma agenda mais pró-mercado e de reprecificação de estatais sob um novo governo.

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