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Investidores questionam a tese do 'excepcionalismo americano' após quedas no mercado

Na última segunda-feira, 10, temores sobre a economia americana levaram as bolsas americanas a fechar o dia em forte queda

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 11 de março de 2025 às 08h45.

Última atualização em 11 de março de 2025 às 08h47.

Os contratos futuros de ações dos Estados Unidos registravam leve alta na manhã desta terça-feira, 11, em uma tentativa de recuperar parte das fortes perdas da véspera, quando temores sobre a economia americana levaram a uma ampla liquidação no mercado.

Os contratos atrelados ao Dow Jones Industrial Average subiam 116 pontos (0,3%), enquanto os futuros do S&P 500 avançavam 0,4% e os do Nasdaq-100 ganhavam 0,5%.

A recente onda de vendas ocorre em meio a preocupações de que as políticas econômicas do presidente Donald Trump possam comprometer o crescimento da maior economia do mundo.

Durante uma entrevista à Fox News no domingo, Trump afirmou que os EUA estão passando por um "período de transição", enquanto o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse à CNBC que o país pode enfrentar um "período de desintoxicação" devido ao corte de gastos federais planejado pela nova administração.

Com isso, investidores começam a questionar o chamado "excepcionalismo americano", especialmente diante do desempenho superior de mercados internacionais, como China e Europa. O Citigroup, por exemplo, rebaixou sua recomendação para ações dos EUA para "neutra", citando sinais de desaceleração.

"O excepcionalismo dos EUA está, no mínimo, em pausa nos próximos meses", escreveram estrategistas do Citi em relatório enviado a clientes. "Os indicadores econômicos do país devem desacelerar em relação ao restante do mundo no curto prazo", acrescentaram.

O HSBC também cortou sua recomendação para ações dos EUA na segunda-feira, argumentando que vê "melhores oportunidades em outros mercados no momento".

JPMorgan e RBC Capital Markets reduziram suas projeções otimistas para 2025, alertando que as tarifas comerciais impostas por Trump podem afetar o crescimento econômico do país.

Investidores divididos

Apesar do ceticismo crescente, alguns gestores ainda veem potencial nas ações americanas. Analistas da BlackRock discordam daqueles que precificam uma possível recessão, destacando que o mercado de trabalho segue forte e os lucros das empresas continuam saudáveis.

"Ainda acreditamos que o crescimento dos lucros pode se expandir para além da tecnologia e para outras regiões, conforme o desenvolvimento e a adoção da inteligência artificial avançam", afirmaram analistas do BlackRock Investment Institute em relatório do dia 10 de março. "Embora a incerteza política elevada gere volatilidade no curto prazo, esses outros fatores nos mantêm com viés positivo para ações dos EUA".

Diante desse cenário incerto, o foco do mercado agora está nos próximos dados econômicos. Nesta terça-feira, investidores aguardam os números sobre abertura de vagas de emprego. Já na quarta-feira, sai o índice de inflação ao consumidor (CPI) de fevereiro, seguido pelos dados da inflação ao produtor (PPI) na quinta-feira.

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