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Investimento em cripto vira moda corporativa — e especialistas alertam para bolha

Mais de 170 empresas já adotaram estratégias de criptomoedas em seus caixas neste ano

Criptomoedas: companhias de setores variados anunciaram investimentos em bitcoin, ethereum e outras criptomoedas, fazendo suas ações dispararem. (Getty Images)

Criptomoedas: companhias de setores variados anunciaram investimentos em bitcoin, ethereum e outras criptomoedas, fazendo suas ações dispararem. (Getty Images)

Publicado em 20 de outubro de 2025 às 06h05.

O interesse de empresas por manter parte do caixa em criptomoedas tem chamado atenção em Wall Street e gerado alertas sobre uma possível bolha.

Nos últimos meses, companhias de setores variados anunciaram investimentos em bitcoin, ethereum e outras criptomoedas, fazendo suas ações dispararem e levantando dúvidas sobre a real sustentabilidade dessas operações.

Segundo a Business Insider, em 2025 empresas e figuras de diferentes setores entraram na moda de manter parte do caixa em criptoativos.

A lista inclui desde uma pequena fabricante de vapes até uma empresa de investimentos em clubes de futebol europeus, passando pelo permabull do mercado Tom Lee e pelo projeto Worldcoin, ligado ao CEO da OpenAI, Sam Altman.

O histórico recente inclui:

  • Julho: a Bitmine Immersion anuncia que vai manter parte do caixa em ethereum, e Tom Lee se junta ao conselho. As ações sobem 3.000% em cinco dias.
  • Julho: uma empresa pouco conhecida de vapes vê suas ações dispararem 800% após anunciar um plano de investimento em BNB.
  • Setembro: uma companhia que investe em clubes de futebol na Europa começa a acumular solana, e suas ações sobem 400%.
  • Setembro: as ações da Eightco Holdings disparam 5.600% com o plano de comprar Worldcoin, a criptomoeda ligada ao projeto de reconhecimento ocular de Sam Altman. O analista Dan Ives entra no conselho.

Segundo o site, fenômeno tem raízes em 2017, quando uma empresa aparentemente sem relação com cripto adicionou “blockchain” ao seu nome e viu suas ações dispararem 500%, antecipando a onda atual.

Alertas de especialistas

Alguns analistas já vinham alertando para os riscos desse movimento. "Acho que há empresas que estão vendo a cripto como uma forma de salvar suas operações", afirmou Chris Brodersen, diretor da Eisner Advisory Group.

Ele comparou a situação à bolha das pontocom, quando pequenas ações disparavam ao anunciar negócios na internet, mas rapidamente despencavam, prejudicando os investidores.

Brodersen disse que é essencial avaliar os planos reais de negócio de cada empresa e os ativos digitais que pretendem manter.

Para Andrew Duca, fundador da plataforma de impostos cripto Awaken Tax, a bolha já estaria formada.

“A maioria das empresas que mantêm parte do caixa em cripto não está realmente rodando negócios on-chain — elas apenas compram tokens e chamam isso de ‘estratégia’. É assim que bolhas começam: empresas seguindo tendências sem refletir sobre o motivo”, disse à Business Insider.

O temor de uma bolha tem aumentado à medida que bitcoin e ethereum caem, arrastando as ações das empresas que investem nesses ativos. Duca explicou que as empresas são "obrigadas a vender, o que acelera o declínio. A confiança cai rapidamente quando se percebe que muitas dessas operações eram apostas em tokens sem estratégia real por trás."

Ele ainda alertou para o risco de alavancagem excessiva, que poderia gerar chamadas de margem e crises de liquidez caso o valor do colateral seja reavaliado.

Consequências de um possível estouro

Chris Kline, COO e cofundador da BitcoinIRA, prevê que caso uma bolha estoure, provavelmente vai expor empresas que adotaram estratégias de investimento em cripto "apenas como recurso emergencial, e não por interesse estratégico genuíno em ativos digitais."

Segundo Kline, os investidores mais afetados serão aqueles que entraram nessa moda sem entender a saúde financeira das empresas em que apostaram.

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