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JPMorgan eleva provisões para perdas em meio a incertezas nos EUA

Mesmo com alta de 9% no lucro no primeiro trimestre, banco americano alertou sobre o risco de recessão

JPMorgan: lucro no primeiro trimestre de 2025 subiu 9% (Kena Betancur/VIEWpress/AFP)

JPMorgan: lucro no primeiro trimestre de 2025 subiu 9% (Kena Betancur/VIEWpress/AFP)

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 11 de abril de 2025 às 08h40.

O banco americano JPMorgan Chase aumentou significativamente suas provisões para perdas com crédito no primeiro trimestre de 2025, em um sinal claro de cautela diante das turbulências que afetam a economia dos Estados Unidos.

No balanço do primeiro trimestre, divulgado nesta sexta-feira, 11, o banco destinou US$ 3,3 bilhões em provisões para perdas com crédito no trimestre, bem acima dos US$ 1,9 bilhão registrados no mesmo período do ano passado.

A medida foi acompanhada de um alerta direto do CEO Jamie Dimon sobre o risco de recessão, em meio ao aumento da volatilidade nos mercados e às incertezas provocadas pela política tarifária do presidente Donald Trump.

“Os clientes se tornaram mais cautelosos diante do aumento da volatilidade dos mercados, impulsionada por tensões geopolíticas e comerciais”, afirmou o CEO Jamie Dimon, em comunicado. “A economia está enfrentando uma turbulência considerável, incluindo fatores geopolíticos.”

As preocupações do JPMorgan refletem o receio de que as novas tarifas de importação anunciadas por Trump reacendam a inflação e desacelerem o crescimento.

Executivos do setor financeiro vêm reforçando esse temor neste início do segundo mandato do presidente, marcado por medidas protecionistas e redução de funcionários da administração federal.

Lucro em alta

Apesar do tom cauteloso, o banco apresentou um desempenho robusto no primeiro trimestre de 2025, com lucro de US$ 14,6 bilhões (US$ 5,07 por ação), um avanço de 9% em relação ao mesmo período de 2024.

O resultado foi impulsionado principalmente por um salto nas receitas de trading e assessoria em fusões e aquisições (M&A).

A área de ações teve desempenho recorde, com receita de US$ 3,8 bilhões, uma alta de 48%, impulsionada pelos movimentos bruscos dos mercados logo após a posse de Trump, em janeiro. As receitas de investment banking subiram 12%, para US$ 2,2 bilhões.

Segundo Dimon, os investidores estão ajustando seus portfólios com rapidez diante das mudanças nas expectativas de política econômica. O aumento da volatilidade, embora sinal de alerta para a economia real, favoreceu o desempenho das áreas de mercado dos grandes bancos.

As ações do JPMorgan subiam 3,9% nas negociações iniciais em Nova York nesta sexta-feira, 11, após acumularem queda de 5,3% no ano até quinta.

Incertezas sobre política tarifária

O início do ano foi marcado por expectativas de que o novo governo dos EUA promoveria políticas pró-crescimento, com corte de impostos e redução de regulações. Essa visão, no entanto, começou a se deteriorar nas últimas semanas, após o anúncio de tarifas recíprocas a dezenas de países.

O próprio Trump recuou de parte das medidas na última quarta-feira, 9, ao anunciar uma pausa de 90 dias nas tarifas, após uma reação negativa do mercado e alertas crescentes de executivos de Wall Street.

Em sua carta anual aos acionistas, Dimon reforçou a urgência de se resolver as incertezas em torno da política comercial e alertou que os efeitos negativos dela podem se tornar permanentes.

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