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Lucro da Klabin (KLBN11) supera consenso, mas ações caem com geração de caixa fraca

Papéis caem mais de 2%, entre os maiores recuos do Ibovespa, após a divulgação do balanço do segundo trimestre

Klabin: preços da celulose mostraram recuperação, com aumento de participação de fibras longas e fluff nas vendas (Stringer/Reuters)

Klabin: preços da celulose mostraram recuperação, com aumento de participação de fibras longas e fluff nas vendas (Stringer/Reuters)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 5 de agosto de 2025 às 16h24.

Última atualização em 5 de agosto de 2025 às 16h24.

As ações da Klabin (KLBN11) operam em queda superior a 2% nesta terça-feira, 5, após a companhia divulgar um balanço considerado misto pelo mercado. A empresa reportou lucro líquido de R$ 572 milhões no segundo trimestre de 2025, alta de 43% em relação ao trimestre anterior e quase o dobro do resultado de um ano antes. O número ficou acima dos R$ 486 milhões estimados pelo mercado. Ainda assim, a fraca geração de caixa livre e custos pressionados ajudaram a esfriar o entusiasmo dos investidores.

O Ebitda ajustado ficou em R$ 2,04 bilhões, avanço de 10% na comparação trimestral, mas 5% abaixo da projeção do Itaú BBA. A principal decepção veio da geração de caixa: R$ 134 milhões após pagamentos de dividendos e projetos de expansão — um yield anualizado de apenas 2%. O número ficou bem abaixo dos R$ 862 milhões gerados no trimestre anterior.

No geral, o desempenho foi impulsionado pela recuperação da divisão de celulose, enquanto o segmento de papel e embalagens mostrou crescimento de receita, mas com margens pressionadas.

Destaques do trimestre

No segundo trimestre, a Klabin apresentou aumento nos volumes de vendas, com embarques totais de 1.011 mil toneladas — alta de 12% em relação ao trimestre anterior e de 2% na comparação anual. O avanço foi puxado pelas divisões de celulose, que cresceu 14% na comparação trimestral, e de embalagens, com alta de 9%.

Os preços da celulose também mostraram recuperação, com aumento de 4% no trimestre, alcançando US$ 710 por tonelada, impulsionados por uma maior participação de fibras longas e fluff na composição das vendas.

Apesar disso, os custos permaneceram pressionados: o custo caixa da celulose subiu 2% no período, para R$ 1.291 por tonelada, superando as estimativas do BTG Pactual. O aumento foi atribuído, principalmente, ao maior custo da madeira e a compras adicionais no mercado spot.

A empresa também conseguiu uma leve desalavancagem: a relação entre dívida líquida e Ebitda caiu de 4,0 vezes para 3,7 vezes, beneficiada tanto pela geração de caixa quanto pela valorização do real, que reduziu o peso da dívida em dólar. Em termos nominais, no entanto, a alavancagem em dólar permaneceu estável em 3,9 vezes.

Por que as ações da Klabin estão caindo?

Apesar dos avanços operacionais e da leve melhora no endividamento, a Klabin decepcionou na entrega de caixa, o que gera dúvidas sobre sua capacidade de remunerar os acionistas no curto prazo. Segundo o Itaú BBA, a queda na geração de caixa reflete principalmente maior necessidade de capital de giro e gastos com projetos especiais.

Além disso, tanto o BTG quanto o Itaú destacam que, embora os volumes estejam se recuperando, o cenário macroeconômico ainda é desafiador para a indústria de papel e celulose, com preços pressionados e custos voláteis. A empresa continua sendo vista como um nome defensivo, mas a expectativa de crescimento mais acelerado com os projetos Puma II e Figueira ainda precisa se traduzir em números mais robustos.

A Klabin está avaliada a um múltiplo de cerca de 6,5x EV/Ebitda para 2025, o que é considerado atrativo frente à média histórica. Ainda assim, os analistas apontam que o mercado parece exigir entregas mais consistentes antes de reprecificar o papel. O BTG reiterou recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 26. O papel fechou o pregão anterior cotado a R$ 18,35.

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