Netflix: empresa registra aumento de 45,5% em lucro operacional (Netflix/ Divulgação)
Repórter de POP
Publicado em 17 de julho de 2025 às 17h40.
Última atualização em 17 de julho de 2025 às 18h39.
Na disputa acirrada com o YouTube pelo tempo de consumo de TV, a Netflix tem se mostrado uma competidora à altura. E os números comprovam: a gigante do streaming, que anunciou os resultados financeiros do segundo trimestre de 2025 nesta quinta-feira, 17, teve aumento de 45% no lucro, no comparativo anual — acima do esperado pelos analistas de Wall Street.
A empresa registrou US$ 3,77 bilhões em lucro operacional, aumento de 12,8% em comparação ao primeiro trimestre de 2025. Foram também US$ 11,1 bilhões em receita, aumento de 16% no comparativo anual. As ações cresciam 2% no pós-mercado.
O crescimento fez a empresa revisar as projeções para o ano e elevar a receita anual de US$ 44,8 para 45,2 bilhões.
O resultado surpreende quando comparado aos demais anos, dado que o segundo trimestre é historicamente mais lento para a Netflix, sobretudo no que tange a aquisição de usuários. A estratégia foi manter uma programação constante de títulos populares, como a terceira temporada de "Ginny & Georgia" e o aguardado desfecho de "Round 6".
A empresa também se beneficiou de um dólar mais fraco — mais de dois terços de seus clientes residem fora dos Estados Unidos.
Apesar de desafios no mercado doméstico, onde o crescimento de usuários desacelerou nos últimos meses, o mercado norte-americano cresceu 15% no segundo trimestre, impulsionado sobretudo pelo aumento de preços e pela introdução de uma oferta mais barata, com anúncios. A companhia espera, inclusive, que as vendas de publicidade dobrem até o final deste ano, à medida que expande esse modelo em 12 mercados ao redor do mundo.
Esta é a primeira vez em que a Netflix projeta que o lucro líquido ultrapasse os US$ 10 bilhões, aposta que se apoia na estreia de séries originais e valorização das taxas de câmbio. Até o fim do ano, a companhia lançará a temporada final de "Stranger Things" e a segunda de "Wandinha", duas das séries mais populares da plataforma.
A performance robusta no segundo trimestre é apenas mais um reflexo do momento bem-sucedido que a Netflix vive. Em um ano, as ações quase dobraram de preço e a empresa atingiu valor de mercado de US$ 542 bilhões — mais do que a soma de duas de suas maiores concorrentes, Walt Disney, Comcast e Warner Bros. Discovery.
Além do atestado de popularidade, as séries da plataforma também têm ganhado atenção pela qualidade nas principais premiações da indústria audiovisual americana. A Netflix foi o streaming que mais se destacou nas indicações ao Emmy Awards de 2025, o Oscar da TV, com 13 produções indicadas.
Os títulos com maior destaque foram "Adolescência" (6 indicações); "A Diplomata" (2 indicações), "Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais" (4 indicações), e "Black Mirror" (2 indicações).
Líder no mercado quando o assunto é streaming, tanto em receita e lucro quanto em número de assinantes, a empresa já está tão à frente dos concorrentes que parece migrar para um novo desafio — desta vez com o YouTube.
Segundo estudo realizado pela Nielsen, hoje, os dois serviços concentram juntos 20% do tempo de consumo de TV. Mas a plataforma do Google segue um pouco à frente: o YouTube concentra 12,5% do total, contra 7,5% da Netflix. Em 2022, a diferença era de apenas meio ponto percentual. Agora, são cinco.
A competição parece meio desleal quando observada pelo conteúdo, especialmente porque a Netflix aposta em conteúdos pré-selecionados, próprios e/ou licenciados, e o YouTube se favorece da produção de terceiros. A diferença quando o assunto é tempo de tela é evidente — em especial quando se coloca na balança que a plataforma do Google é, em primeira mão, gratuita.
Segundo a pesquisa, em qualquer momento do dia, cerca de 7 milhões de americanos assistem ao YouTube na TV, contra 4,7 milhões que assistem à Netflix. No horário nobre, a diferença diminui, mas o YouTube ainda lidera com 11,1 milhões contra 10,7 milhões. No último resultado divulgado, a plataforma de streaming tinha atingido mais de 300 milhões de assinantes — estes, todos pagos, já que a Netflix não oferece nenhum tipo de plano gratuito.
Ainda assim, o co-CEO da empresa, Ted Sarandos, tem no YouTube mais um aliado do que um concorrente. Em alegações recentes à imprensa, chamou a plataforma de “liga de base” para criadores, e sugeriu que a site de vídeos do Google serve para experimentar ideias antes que elas virem produções com investimento pesado. “Existe uma diferença entre gastar tempo e matar tempo”, disse ele.
Na rinha dos gigantes, os interesses já apontam sobre a possível compra de produtos uns dos outros. A Netflix começou a licenciar conteúdos de criadores populares do YouTube, como o programa infantil “Ms. Rachel”, que migrou com sucesso para o serviço de streaming. Também há negociações com canais conhecidos como Mark Rober, Dude Perfect e Gracie’s Corner.