Magazine Luiza: varejista quer preservar rentabilidade (Germano Lüders/Exame)
Repórter
Publicado em 6 de novembro de 2025 às 19h36.
Última atualização em 6 de novembro de 2025 às 20h06.
Assim como os agentes do mercado financeiro, o Magazine Luiza (MGLU3) também conta com a esperada queda dos juros para reaquecer as vendas. No terceiro trimestre de 2025, a varejista viu o lucro lucro líquido encolher e atribuiu o resultado ao crédito mais caro e ao consumo mais contido com a Selic em seu patamar mais alto desde julho de 2006, a 15% ao ano.
Entre julho e setembro, o lucro líquido ajustado do Magalu caiu cerca de 70% em relação ao mesmo período de 2024, saindo de R$70,2 milhões para R$21,2 milhões. As vendas totais da companhia também tiveram uma ligeira queda, para R$ 15 bilhões. No segundo trimestre, a cifra havia sido R$ 15,29 bilhões.
Ainda assim, a diretora de relações com investidores da companhia, Vanessa Rossini, avalia esse movimento como algo "ciclíco" em função dos juros altos.
"Em bens duráveis como geladeira, fogão e TV tem muitos clientes postergando compras. Os juros altos limitam o acesso ao crédito e até mesmo o parcelamento que oferecemos", aponta a executiva.
Nesse período, a escolha do Magazine Luiza foi focar em rentabilidade através de precificação de vendas. O resultado antes de juros, impostos, amortização e depreciação, (o Ebitda, na sigla em inglês) atingiu R$711,4 milhões, com uma margem de 7,9% — ambos os indicadores tiveram leve recuo de um ano para o outro, mas em proporção infinitamente menor que a queda do lucro.
Já o e-commerce totalizou R$ 10,4 bilhões, uma queda frente aos R$ 11 bilhões entre julho e setembro do ano passado. A redução era prevista pelo BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), que esperava um trimestre de pressão sobre o e-commerce, num contexto de disputa acirrada com plataformas como Shopee, Amazon e TikTok Shop exigindo investimentos em logística e aquisição de clientes.
Rossini avalia que queda nas vendas do e-commerce do Magazine Luiza reflete mais uma decisão estratégica de reduzir o foco em produtos de baixo valor, com margens menores e alto custo logístico, para um foco em categorias de maior ticket médio, como eletrônicos e bens duráveis, para crescer com rentabilidade.
O Magalu, segundo ela, tem concentrado investimentos em fulfillment, modelo logístico que dobra a taxa de conversão e já alcança 28% das vendas online, com potencial de expansão entre os 21 centros de distribuição da companhia.
"O Magalu hoje é líder em bens duráveis no mercado, temos um um share crescente junto aos nossos fornecedores. Estamos bem posicionados para continuar ganhando share", diz a diretora.
"Essa briga do frete grátis de R$ 20 reais não vamos entrar. Não é o perfil da nossa plataforma. Não é esse tipo de produto que o nosso cliente busca aqui. Ele busca no Magalu produtos de marca, com procedência. Mas eu diria que o foco da companhia, de investimento mesmo, é direcionar o marketing para as categorias que têm uma margem de contribuição maior, aalisando sempre o custo logístico também. Essa é a nossa decisão, porque a competição sempre foi quente no e-commerce", acrescentou.
A receita líquida do Magazine Luiza somou R$ 9,03 bilhões no terceiro trimestre de 2025, praticamente estável em relação ao mesmo período do ano anterior, quando havia sido de R$ 9,00 bilhões, uma leve alta de 0,3%.
As despesas com vendas ficaram em R$ 1,7 bilhão, equivalentes a 19,2% da receita líquida, mantendo o mesmo patamar do terceiro trimestre de 2024. Segundo a empresa, o resultado reflete a continuidade dos ganhos de eficiência operacional obtidos nos últimos anos.
As despesas gerais e administrativas totalizaram R$ 355,7 milhões, ou 3,9% da receita líquida, ligeiramente acima do observado um ano antes (R$ 342,1 milhões, ou 3,8% da receita).
A dívida líquida encerrou o trimestre em R$ 4,37 bilhões, acima dos R$ 3,03 bilhões registrados no mesmo período de 2024.
"A boa notícia é que a sinalização que a gente vê do mercado é que muito em breve vamos começar a ver uma queda de juros, que deve ser muito positiva para a gente, não só nessa visão de despesa, mas também nas vendas, porque sabemos que tem uma parte significativa das nossas vendas está atrelada a categorias que são cíclicas", afirmou a diretora de relação com os investidores.
No fluxo de caixa, o Magalu registrou geração operacional de R$ 534,6 milhões no trimestre, totalizando R$ 2,5 bilhões nos últimos 12 meses. A melhora foi impulsionada pelo desempenho operacional e pela gestão de capital de giro. A companhia terminou o período com R$ 1,6 bilhão em caixa líquido ajustado e R$ 7,6 bilhões em caixa total, ante R$ 1,8 bilhão e R$ 6,6 bilhões, respectivamente, um ano antes.