Repórter
Publicado em 7 de julho de 2025 às 11h46.
Última atualização em 7 de julho de 2025 às 14h01.
Não são só os países que estão temendo a chegada das tarifas de Trump no dia 9 de julho. Cinco empresas do grupo das "Sete Magníficas" — cujos membros são Apple, Microsoft, Alphabet (Google), Amazon, Meta Platforms, Nvidia e Tesla — podem ser duramente afetadas pelas taxações, com impacto direto nas suas margens de lucro, custos de produção e estratégias de crescimento.
De acordo com analistas, as tarifas podem resultar em perdas significativas para essas empresas, com queda nos preços das ações e insegurança nos planos de expansão.
As tarifas de Trump, que podem atingir até 54% sobre as importações de produtos fabricados na China e em outros países asiáticos, afetam diretamente as empresas que dependem dessas cadeias globais de suprimentos. Como empresas de tecnologia de ponta, as "Mag 7", notadamente as de hardware, estão particularmente expostas a essa pressão.
Na manhã desta segunda-feira, 7, as ações da Nvidia, Tesla, Apple, Microsoft, Amazon e Alphabet caiam, enquanto Meta operava em alta.
A Apple (AAPL), uma das maiores e mais influentes empresas de tecnologia do mundo, pode ser uma das mais afetadas pelas novas tarifas. A empresa depende fortemente da produção na China, onde iPhones, iPads e MacBooks são fabricados. As tarifas impostas podem resultar em um aumento de custos sobre esses dispositivos.
Em termos de impacto financeiro, a Apple pode ver uma redução de suas margens de lucro em até 10% devido ao aumento dos custos de produção. De acordo com estimativas do Goldman Sachs, esse impacto pode representar perda de US$ 3,5 bilhões para a empresa no próximo trimestre. A transição para outras áreas de produção, como Índia e Vietnã, já está em andamento, mas é uma mudança lenta e cara. A Apple já experimentou queda de 14,52% em suas ações até 6 de julho de 2025, refletindo a incerteza e os custos de adaptação. Nesta tarde, a companhia operava em queda de 1,34%.
A Microsoft (MSFT), embora não tão diretamente dependente de manufatura como a Apple, ainda enfrenta grandes riscos devido à importação de hardware e componentes eletrônicos. A empresa que lidera o mercado de software, com o Windows e Azure, também possui dispositivos como o Surface e o Xbox, que dependem de peças fabricadas na Ásia.
As tarifas de Trump podem resultar em custos mais altos para esses produtos, com a Microsoft enfrentando uma possível alta de até 8% no custo de produção de cada unidade do Surface e Xbox. A empresa já viu valorização de +18,8% em suas ações até julho de 2025, mas analistas preverem que o crescimento da receita da Microsoft pode desacelerar para menos de 5% no próximo trimestre se as tarifas forem implementadas, o que afetaria negativamente a confiança dos investidores. As ações da companhia fundada por Bill Gates caíam 0,37%.
A Nvidia (NVDA), líder em chips para inteligência artificial (IA) e semicondutores, estava perto de alcançar o marco histórico de uma avaliação de mercado de US$ 4 trilhões, mas não está imune às tarifas. A empresa depende de componentes críticos da China e Taiwan, onde muitos de seus chips de IA e GPUs são produzidos. As tarifas de até 40% sobre esses itens elevariam significativamente os custos de produção.
Analistas do JPMorgan estimam que a Nvidia pode sofrer perda de US$ 5 bilhões em vendas no próximo ano se as tarifas forem mantidas. Isso se soma às restrições de exportação para a China, que já representam perda potencial de US$ 15 bilhões. Se as tarifas forem implementadas, o impacto nas vendas de chips pode ser ainda mais profundo, com possível redução de 15% nas receitas em 2025.
Com as tarifas se aproximando, as ações da Nvidia operavam em queda de 0,72% nesta segunda.
A Amazon (AMZN), o gigante do comércio eletrônico, já lida com os efeitos das tarifas sobre uma ampla gama de produtos, de eletrônicos a bens de consumo. As tarifas impostas sobre essas importações podem resultar em preços mais altos para os consumidores, o que pode afetar a demanda por certos produtos, particularmente durante eventos como o Prime Day.
Em termos financeiros, a Amazon pode enfrentar redução de 3% a 5% nas margens de lucro se os preços aumentarem em razão das tarifas. A projeção de crescimento da Amazon para 2025 foi revista para 2,5% a menos, com US$ 2 bilhões a menos em receitas projetadas no terceiro trimestre devido ao impacto das tarifas. Mesmo com alta de +1,83% em 2025, a empresa terá de rever sua estratégia de preços e suas operações logísticas, o que pode afetar seu crescimento a curto prazo.
Mas o Prime Day, um dos maiores eventos de vendas do mundo, também pode ser uma oportunidade para a Amazon aumentar suas receitas. As expectativas são de que a Amazon possa gerar receita de US$ 21 bilhões durante a edição de 2025 do evento, aumento de 60% em relação ao ano passado. Esse crescimento pode ser impulsionado pela crescente demanda por produtos exclusivos, descontos significativos e o aumento do número de membros Prime. Além disso, o investimento da Amazon em inteligência artificial e novas tecnologias tem atraído otimismo no mercado, o que pode ajudar a compensar as perdas causadas pelas tarifas.
Nesta tarde, os papéis da Amazon caíam 0,36%.
A Tesla (TSLA) está sendo severamente impactada pelas tarifas, especialmente devido à sua produção na China e ao uso de materiais para baterias e peças de carros importados. Além disso, a formação de um novo partido político por Musk também gerou turbulência no mercado, afetando ainda mais a confiança dos investidores.
As ações da Tesla caíram até 7,37% nesta tarde, refletindo preocupações com o foco de Musk e a incerteza política causada pela sua decisão de criar o Partido Novo, o que gerou receios sobre o impacto na gestão da empresa. Esse movimento político gerou um questionamento sobre a dedicação do CEO aos negócios da Tesla, afetando a percepção do mercado.
Além disso, a tarifa de 25% sobre os carros fabricados na China e vendidos para os Estados Unidos pode resultar em um aumento de preços de até US$ 5 mil por veículo, afetando diretamente as vendas de carros elétricos. Com rejeição do mercado chinês e o aumento das taxas de exportação de baterias, a Tesla pode ver declínio de 10% nas suas vendas nos próximos três meses, o que representaria perda de US$ 2 bilhões em receitas. A dificuldade de Elon Musk em se concentrar nos negócios também foi mencionada como um fator de incerteza.