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Mais que Nvidia, Oracle e Microsoft? Como essa empresa de ursos de pelúcia disparou nas bolsas

A Build-A-Bear prova que, com uma experiência única e emocional, é possível superar gigantes da tecnologia no mercado de ações

Build-A-Bear: Como essa empresa de ursos de pelúcia disparou nas bolsas (Adam Bettcher/Getty Images for Build-A-Bear)

Build-A-Bear: Como essa empresa de ursos de pelúcia disparou nas bolsas (Adam Bettcher/Getty Images for Build-A-Bear)

Raphaela Seixas
Raphaela Seixas

Estagiária de jornalismo

Publicado em 23 de setembro de 2025 às 11h41.

Última atualização em 23 de setembro de 2025 às 12h54.

Quem diria que uma empresa famosa por pelúcias fofas e crianças que montam seus próprios ursos poderia deixar para trás gigantes da tecnologia como Nvidia, Microsoft e Oracle no mercado de ações?

É essa a história do Build-A-Bear Workshop, que nos últimos cinco anos viu suas ações dispararem mais de 2.000%, que subiram de menos de US$ 1 em 2020 para cerca de US$ 73 em 2025, ultrapassa o desempenho acumulado das ações da Nvidia, Microsoft e Oracle no mesmo período.

O segredo por trás do crescimento 

O segredo desse crescimento vai muito além dos ursinhos de pelúcia.

Apesar de atuar em um segmento de varejo tradicional e altamente afetado pelas tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que elevou impostos sobre produtos importados da Chin, a Build-A-Bear desafiou uma série de tendências negativas que assolam o varejo físico e o setor de brinquedos.

Enquanto concorrentes fecham lojas, abrem falências e revisam para baixo suas metas financeiras, a Build-A-Bear não só expande seu número de lojas — com 100 inaugurações nos últimos dois anos e mais 60 planejadas para 2025 — como também eleva suas projeções de lucro e receita, comemorando seu quinto ano consecutivo de crescimento recorde.

Como isso é possível? A resposta está na experiência que a marca proporciona ao consumidor e no apelo emocional que desperta. Na Build-A-Bear, o cliente não compra um brinquedo imediatamente; ele cria um amigo peludo.

A experiência ritualística de escolher, empalhar, vestir, perfumar, gravar uma mensagem de voz e receber uma certidão de nascimento para o ursinho construiu uma conexão afetiva que vai além da mera transação comercial. “Não conheço ninguém que não lembre da primeira vez que foi à Build-A-Bear, do que roubou e de com quem estava”, afirma Sharon Price John, CEO da empresa ao The Washinton Post.

(Photo by Candice Ward/Getty Images) (Candice Ward/Getty Images)

O impacto do 'Kidulting' e do licenciamento de marcas

Essa conexão emocional aparece nas estatísticas: 40% dos compradores são adultos, parte de uma tendência chamada “kidulting”, em que adultos colecionam brinquedos por nostalgia e busca de comunidade.

Isso impulsiona vendas muito além das crianças e famílias tradicionais, ampliando o público-alvo e o mercado da empresa.

O uso estratégico de licenciamento de marcas queridas de diferentes gerações — como Disney, Harry Potter, Star Wars, My Little Pony e Pokémon — potencializa o apelo e estimula novas compras, ao mesmo tempo em que o e-commerce e as lojas físicas se complementam em um modelo híbrido eficiente.

Financeiramente, a Build-A-Bear apresenta números sólidos. No segundo trimestre de 2025, a receita cresceu 11% em relação ao ano anterior, atingindo cerca de US$ 124 milhões.

A empresa adotou estratégias inteligentes: fechou lojas não lucrativas, renegociou contratos, aumentou preços seletivamente e expandiu sua presença internacional e em destinos turísticos, como cruzeiros e resorts. Isso tudo fez com que quase todas as lojas na América do Norte fossem lucrativas em 2024, um indicador raro no varejo físico atual.

Desafios e soluções criativas

Mas os desafios ainda existem. As tarifas de importação sobre produtos chineses, que chegam a 30%, oneram o custo do estoque, mesmo com esforços para antecipar compras e ajustes nos preços finais.

A Build-A-Bear projeta um impacto de US$ 11 milhões devido a essas tarifas, uma pedra no sapato, mas que vem sendo superada graças à gestão cuidadosa e ao modelo vertical de negócios, que envolve design, produção, distribuição e venda sob o mesmo guarda-chuva — uma vantagem competitiva que facilita o controle de custos e qualidade.

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