Invest

Mais otimista que o mercado, BofA projeta corte da Selic em dezembro – e bolsa pode andar

Eleições de 2026, por outro lado, deixam incertezas no ar e podem impedir um 'upside' maior do Ibovespa, diz o chefe de Economia do banco no Brasil

BofA: para chefe de Economia no Brasil, David Beker, corte de juros pelo BC será ainda neste ano (Germano Lüders/Exame)

BofA: para chefe de Economia no Brasil, David Beker, corte de juros pelo BC será ainda neste ano (Germano Lüders/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 3 de setembro de 2025 às 11h37.

Os astros estão se alinhando para o Banco Central (BC) iniciar um processo de redução de juros – pelo menos é isso que diz David Beker, chefe de Economia no Brasil e estratégia para América Latina do Bank of America (BofA). E nada de ano que vem: mais otimistas que os demais players, o banco acredita que o corte de juros se iniciará em dezembro, com 0,50 pontos percentuais (p.p.).

Se a astrologia não consegue prever, os indicadores conseguem. Para o economista, um conjunto de fatores se somam e apontam nessa direção: há, hoje, uma desaceleração da atividade econômica, inflação de curto prazo mais baixa e em expectativa de queda, ainda que acima da meta.

“O mercado está com a call de redução de juros mais à frente do nosso. Mas existe, sim, espaço para o BC iniciar um ciclo de corte de juros ainda esse ano. Se não começar, vai ter que explicar muito”, enfatiza Beker.

Outro ponto importante que entra na cesta de catalisadores para esse cenário é o corte de juros nos Estados Unidos (EUA) pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano). O mercado -- depois do discurso mais ‘dovish’ de Jerome Powell em Jackson Hole -- se convenceu que é mais provável que haja uma redução de juros esse ano.

“Se ele começar, vai começar para não parar, com uma sequência de cortes. Mas, se os dados surpreenderem, reavaliam”, dizem.

Beker diz que o BofA espera novos dados para atualizar sua visão sobre o Fed, mas, até o momento, estima que o ano se encerrará com os juros na faixa entre 4,25% e 4,50% e que haverá 1 p.p. de corte no ano que vem, levando a taxa para 3,25% e 3,50% (2026) e igual em 2027.

Já a Selic é estimada em 14,50% neste ano, 11,25% no fim do ano que vem (mais otimista novamente do que o mercado) e 10,50% em 2027. O BofA acredita que a Selic pode chegar a 9,50%, mas não diz quando.

As previsões se amparam em expectativa de inflação que também está abaixo do que o mercado prevê: 4% de IPCA para 2026 e 3,5% para 2027. “Tem espaço para o Boletim Focus continuar reduzindo as expectativas de inflação.”

O resultado de um corte de juros? Seria um upside “significativo na bolsa”. E, para Beker, operar em cima do fundamento dos juros é mais certeiro do que operar em cima das eleições. Segundo o executivo, ainda é muito incerto tudo o que vai acontecer, mas que o mercado está mais sensível, está.

“Historicamente, o mercado precifica as eleições em maio do ano eleitoral. Parece que o mercado está antecipando um pouco. Mas é muito mais especulação do que convicção. O cenário está muito aberto. A única certeza é que a eleição vai ser muito competitiva. Agora para qual lado a balança vai... não sei nem quem está de qual lado da balança.”

E as eleições podem fazer o fluxo estrangeiro demorar para vir com maior força para o Brasil. De acordo com uma pesquisa do BofA, com investidores locais e estrangeiros, 60% acreditam que o Ibovespa encerra o ano entre 145 mil e 150 mil pontos, enquanto apenas 20% acreditam que se encerrará entre 150 mil e 160 mil.

“Confirmação de redução de juros é o primeiro trigger que estamos olhando, juros mais baixos e valuation da bolsa. Estamos nos aproximando desse corte e provavelmente os sinais da bolsa acabam melhorando, mas não dá para olhar só para isso. Tem eleições, que está complicado investir por toda essa incerteza”, conclui.

Acompanhe tudo sobre:bank-of-americabolsas-de-valoresSelicIbovespaJurosJerome PowellFed – Federal Reserve System

Mais de Invest

Mega-Sena: confira os números sorteados do concurso 2910; prêmio é de R$ 32,3 milhões

Goldman Sachs investe US$ 1 bilhão em empresa de gestão de patrimônio e aposentadoria

Dólar fecha em queda, abaixo de R$ 5,45, à espera do Payroll nos EUA

Raízen e Cosan registram forte alta na bolsa. O motivo vai além da saída do Oxxo