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Morgan Stanley alerta: não ignore impactos das tarifas após o prazo de 1º de agosto

Banco de investimentos adverte sobre os riscos contínuos das tarifas, destacando que ainda há muito a ser entendido sobre seus efeitos econômicos e no mercado

Publicado em 29 de julho de 2025 às 09h45.

O Morgan Stanley (MS) fez um alerta aos investidores, recomendando cautela com relação às tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, especialmente depois do prazo de 1º de agosto, que marcará a implementação definitiva das novas taxas. O alerta acontece em um momento em que o mercado parece complacente, com muitos investidores já tratando o tema como resolvido, mas o banco ressalta que os efeitos econômicos ainda não estão completamente claros.

Em uma nota aos clientes, os analistas do Morgan Stanley observaram que muitos investidores expressaram cansaço em relação às discussões sobre tarifas, o que, segundo eles, é compreensível. Mas instituição afirma que "a evolução das tarifas pode criar tanto pressões quanto oportunidades", e sugere que os investidores "resistam à tentação de seguir em frente" e subestimar os riscos envolvidos.

O Morgan Stanley aponta três motivos principais para manter a vigilância em relação às tarifas. Primeiramente, o impacto econômico ainda não é totalmente conhecido. Em segundo lugar, as decisões comerciais iminentes, especialmente com países-chave como China, Canadá e México, têm grande peso sobre o crescimento dos EUA. O prazo de 1º de agosto, que envolve essas negociações, poderá impactar significativamente a economia americana. Por fim, os efeitos setoriais ainda não estão totalmente precificados no mercado. Mesmo que as tarifas não afetem a economia como um todo, elas podem prejudicar setores específicos, e até o momento, esses impactos não foram completamente incorporados nas avaliações das ações.

O banco projeta que as tarifas podem resultar em um aumento de impostos que representará mais de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, o maior aumento tributário em décadas. A expectativa é de uma possível redução do PIB entre 1% e 2%, o que poderia desacelerar o crescimento econômico, chegando a um cenário de crescimento zero ou negativo.

O Morgan Stanley prevê também que os efeitos das tarifas serão mais evidentes nos lucros das empresas a partir do terceiro trimestre de 2025, com impacto mais forte sobre as empresas menores, que possuem menos capacidade de repassar os custos tarifários aos consumidores.

A dinâmica do "TACO Trade"

O conceito de "TACO Trade" — acrônimo para "Trump Always Chickens Out" ("Trump Sempre Recua", na tradução literal) — foi introduzido para descrever a estratégia de Trump de anunciar tarifas elevadas e, posteriormente, recuar ou adiar a implementação quando os mercados reagiam negativamente.

O Morgan Stanley adverte que essa estratégia de "recursos temporários" não pode ser sustentada para sempre. O banco destaca que os investidores não devem contar com a ideia de que Trump sempre irá recuar, uma vez que esse comportamento pode gerar riscos inesperados no futuro. Embora o mercado tenha se mostrado relativamente otimista em relação à possibilidade de mais adiamentos, o Morgan Stanley acredita que, eventualmente, será necessário um acordo definitivo. Esse "ponto de exaustão" pode ser o momento em que os riscos tarifários irão se concretizar e afetar a economia e os mercados.

As recomendações

O Morgan Stanley revisou suas expectativas sobre os cortes de juros do Federal Reserve (Fed), agora prevendo apenas uma redução em junho de 2025, em vez das duas que estavam originalmente previstas. A incerteza gerada pelas negociações comerciais torna mais difícil para o banco central tomar decisões de afrouxamento monetário.

Em termos de estratégia, o banco sugere que investidores mantenham uma carteira diversificada e se preparem para volatilidade no curto prazo, considerando qualquer correção provocada pelas tarifas como uma oportunidade de compra. Já para investidores institucionais, a recomendação é adotar uma abordagem mais cautelosa, com flexibilidade estratégica para reagir rapidamente a mudanças no cenário político e econômico.

Entre os setores mais afetados pelas tarifas, o Morgan Stanley identifica o setor de cobre, com o aumento das tarifas sobre as importações desse metal já provocando um aumento nos preços futuros do cobre. Para o banco, o setor de semicondutores pode se beneficiar de tarifas que incentivam a produção doméstica, especialmente com a recente aprovação de incentivos fiscais para fabricantes de chips.

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