Redatora
Publicado em 2 de julho de 2025 às 10h07.
Última atualização em 2 de julho de 2025 às 11h25.
A ação da Netflix virou uma das queridinhas de Wall Street, com valorização que quase dobrou em 12 meses e um valor de mercado que atualmente chega a US$ 570 bilhões, acima de gigantes como a financeira Mastercard e a petroleira ExxonMobil.
Mas o sucesso recente começa a levantar dúvidas entre os próprios entusiastas da empresa. De acordo com a Bloomberg, mesmo investidores otimistas estão preocupados com o preço atual do papel, que hoje é negociado a 45 vezes o lucro estimado para os próximos 12 meses, o maior múltiplo da empresa desde o auge da pandemia, em 2021.
A título de comparação, a Nvidia, símbolo da corrida global por inteligência artificial, negocia a 32 vezes o lucro projetado, enquanto o índice Nasdaq 100, que reúne as principais empresas de tecnologia dos Estados Unidos, tem um múltiplo médio de 27 vezes.
“Estou muito confiante nos fundamentos, como o poder de precificação, o negócio de publicidade e a entrada em eventos ao vivo, mas as expectativas estão tão elevadas que qualquer decepção representa um risco”, disse Michael Smith, gestor da Allspring Global Investments, em entrevista à Bloomberg.
A empresa, no entanto, vem entregando resultados. Depois de uma queda em 2022, quando a desaceleração no crescimento de assinantes preocupou o mercado, a Netflix voltou a crescer após adotar medidas para evitar o compartilhamento de senhas e apostar em modelos com publicidade para aumentar a receita. A chegada de conteúdos ao vivo, como o programa de luta livre WWE Raw, também ajudou a atrair novos usuários.
Estimativas compiladas pela Bloomberg projetam que o faturamento da Netflix irá subir 14% em 2025. Embora o ritmo projetado seja menor que nos anos da pandemia, quando as vendas subiram até 24%, é bem superior ao crescimento de 6,5% registrado em 2022.
Mesmo com a avaliação elevada, grande parte dos analistas de Wall Street mantém uma visão positiva sobre o papel, apoiados na programação prevista para este ano, que inclui jogos da NFL, lutas de boxe e novas temporadas de sucessos como Round 6 e Stranger Things.
Em junho, o banco de investimentos Oppenheimer & Co. chamou as perspectivas da empresa de “à prova de bala” e elevou o preço-alvo das ações.
Ainda assim, a ação da Netflix já é negociada cerca de 10% acima do preço-alvo médio dos analistas, atualmente em US$ 1.217, o que limita o espaço para valorização no curto prazo.
Investidores como Ken Mahoney, CEO da Mahoney Asset Management, não se incomodam com o preço. “As pessoas muitas vezes deixam de investir em grandes empresas porque se preocupam com a avaliação, e eu não vejo problema em pagar mais pelo que a Netflix oferece”, disse à Bloomberg. Segundo ele, a empresa “está fazendo tudo certo”.
Outro fator que ajuda a explicar a valorização recente das ações da Netflix é o aumento do interesse por parte de grandes investidores. Segundo dados do Bank of America, quase metade dos fundos de investimento especializados em ações de longo prazo têm papéis da empresa na carteira, um salto em relação aos 14% registrados em 2016. Com isso, a Netflix passou a figurar entre as dez ações de tecnologia mais populares entre esse tipo de gestor.
Apesar do bom momento, há dúvidas sobre até onde as ações da Netflix ainda podem subir. Segundo Smith, da Allspring, a empresa tem fundamentos sólidos, mas o preço das ações já subiu tanto que fica difícil saber se esse ritmo pode continuar. Em entrevista à Bloomberg, ele afirmou que “é difícil afirmar que esse tipo de valorização seja sustentável”.
O próximo teste para a companhia será no dia 17 de julho, quando ela divulga seus resultados do segundo trimestre.