Vale: mineradora provisionou mais US$ 500 milhões para o caso da barragem de Fundão
Redação Exame
Publicado em 18 de novembro de 2025 às 05h44.
A Vale (VALE3) anunciou na última sexta-feira, 14, que espera contabilizar uma provisão adicional de US$ 500 milhões no quarto trimestre de 2025 para obrigações decorrentes do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015. Apesar do aumento, analistas afirmam que os dividendos da Vale não devem ser impactados no curto prazo, já que o desembolso relevante só ocorreria em 2028 ou depois, e o cronograma de caixa permanece alinhado às projeções anteriores.
O anúncio ocorre após o Tribunal Superior de Londres decidir que a BHP e, indiretamente, a Vale, são responsáveis pelo colapso da barragem. O tribunal determinará o valor da compensação em um julgamento marcado para outubro de 2026, sujeito a eventual recurso da BHP.
Em julho de 2024, BHP e Vale haviam concordado em dividir igualmente qualquer valor devido nos processos no Reino Unido e nos Países Baixos.
Apesar da decisão negativa, analistas do Morgan Stanley estimam impacto limitado ou nulo no retorno de caixa para acionistas no curto prazo. A expectativa é de que qualquer desembolso significativo só ocorra em 2028 ou posteriormente, já que a BHP deve recorrer da decisão. Além disso, o acordo de R$ 170 bilhões já firmado no Brasil ajuda a conter efeitos sobre o balanço e o fluxo de caixa da Vale.
Segundo avaliação do Bradesco BBI, embora as provisões aumentem, a decisão da Suprema Corte da Inglaterra reduz a incerteza sobre a responsabilidade pela tragédia Mariana e reforça a eficácia do acordo brasileiro.
Para a Ativa investimentos, a provisão adicional não deve impactar materialmente a perspectiva de distribuição de dividendos extraordinários. A política de remuneração da mineradora está atrelada à sua robusta geração de caixa e à dívida líquida expandida. O custo incremental de US$ 500 milhões, embora registrado nas demonstrações, é um evento pontual no longo histórico do litígio.
Assim, a corretora mantém a confiança de que, caso as expectativas de geração de caixa de 2026, impulsionada por um cenário favorável de preço de minério e disciplina de custos, sejam atendidas, a gestão terá espaço financeiro e apetite para considerar remunerações adicionais, sem que este ajuste de provisão se torne um impedimento significativo.
O Morgan Stanley manteve recomendação neutra para ações da Vale e preço-alvo de US$ 13 por ADR, enquanto o Bradesco BBI reiterou classificação de compra.