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Nubank retoma ritmo em crédito, mas rentabilidade preocupa

Apesar da alta no lucro e retomada na originação de crédito, resultados vieram abaixo das projeções e acenderam alertas sobre rentabilidade, dizem analistas

 (Divulgação/ Nubank )

(Divulgação/ Nubank )

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 14 de maio de 2025 às 10h58.

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 13h28.

O Nubank (ROXO34) trouxe mensagens mistas no seu balanço. Embora o banco digital tenha reportado lucro líquido de US$ 557 milhões — alta de 47% em relação ao 1T24 — os números ficaram abaixo das expectativas de analistas. As ações chegaram a cair 4% no pré-mercado dos Estados Unidos, mas se recuperavam na abertura do pregão, com avanço de 2%.

Os BDRs, por sua vez, caem cerca de 2% na B3.

Safra e Bradesco BBI aponta que o lucro líquido ficou 6% menor do que esperado se desconsiderado o efeito positivo não recorrente da reavaliação de ativo fiscal diferido (DTA). O retorno sobre patrimônio (ROE) de 27% também veio abaixo da estimativa de 28,7%.

O Bradesco BBI adotou um tom mais cauteloso, afirmando que a rentabilidade se deteriorou no trimestre, mesmo com indicadores positivos de crédito.

Já o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) teve uma leitura mais otimista: “O resultado confirma a retomada após a desaceleração do terceiro trimestre de 2024. A recuperação na originação de crédito pessoal não garantido, de 11% na comparação trimestral, e o retorno do financiamento via PIX foram decisivos”, escreveram os analistas. O lucro líquido veio 4% acima da estimativa do BTG.

O BTG vê com otimismo a expansão fora do Brasil. No México, a base chegou a 11 milhões de clientes, 12% da população adulta, enquanto na Colômbia são 3 milhões, 8%. No Brasil, o Nubank tem 104,6 milhões de clientes ativos, ou 59% da população adulta, com 2,8 milhões de novas contas no trimestre.

Margens pressionadas por operações no exterior

A receita total ficou 3% abaixo das projeções do Safra e 6,6% abaixo das do BTG Pactual, puxada principalmente pela queda de 8,5% na margem financeira líquida (NII), reflexo do aumento nos custos de captação no México e na Colômbia — países onde o Nubank tem ampliado presença.

Mesmo com a pressão nas margens, o NIM no Brasil subiu 70 pontos-base, chegando a 21,8%. Já o consolidado caiu 20bps. A qualidade dos ativos, por outro lado, foi melhor do que o esperado, com inadimplência sob controle, segundo o Safra.

PIX parcelado volta a crescer, mas preocupa

Após pausar o produto no segundo semestre de 2024, o Nubank retomou o financiamento via PIX com força. A penetração entre usuários com cartão de crédito passou de 38% para 43%, e a originação mensal do produto cresceu 21%, com destaque para março.

Apesar da alta margem do PIX financiamento, o Safra vê com preocupação a crescente dependência do banco em linhas de crédito ao consumo com alto retorno, especialmente em um ambiente de juros elevados.

Visões dos bancos: manter, vender ou comprar?

O lucro ajustado foi de US$ 606 milhões, e o Nubank segue operando com eficiência crescente: o índice de eficiência recorrente caiu para 26,7%, uma melhora de 3,2 pontos percentuais frente ao trimestre anterior. O BTG mantém recomendação "neutra", com preço-alvo de US$ 11,50, abaixo da cotação atual de US$ 13,14.

O Citi foi mais duro: mesmo reconhecendo que a empresa teve melhora na qualidade dos ativos, apontou que problemas operacionais reduziram a originação em 10% no trimestre e recomenda "venda", com preço-alvo de US$ 9,00.

A gestão do Nubank, por sua vez, mostrou confiança na melhora dos índices de alavancagem e da eficiência regional e afirmou que está pronta para avançar no crédito consignado privado, que deve abrir espaço para crescimento em novos nichos de mercado.

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