Apesar do guidance otimista, a XP alertou que o ritmo de crescimento da Nvidia pode não ser sustentável a longo prazo (Wikimedia Commons)
Repórter de mercados
Publicado em 28 de agosto de 2025 às 13h05.
Última atualização em 28 de agosto de 2025 às 13h24.
A reação do mercado acionário aos números da Nvidia no segundo trimestre fiscal de 2026 (de maio a julho deste ano) não foi das melhores. Depois de cair mais de 3% no after market de Wall Street, após a divulgação do balanço de ontem, ação da fabricante de engenharia de hardware e software segue em baixa nos primeiros negócios do pregão regular.
Isso ocorre mesmo a empresa tendo registrado aumento significativo em sua receita, além de lucro e previsão de faturamento acima do esperado. De acordo com a Bloomberg, pelo menos dez casas de análise aumentaram o preço-alvo da ação para os próximos 12 meses após a divulgação do balanço. A média dessas previsões aponta para o valor de US$ 202,60.
“Acreditamos que a carteira de pedidos da Nvidia para os próximos 12 meses continua superando a oferta”, escreveram os analistas do JPMorgan Chase, em relatório obtido pela agência. O banco elevou o preço-alvo da ação da companha para US$ 215.
Os dados compilados pela Bloomberg mostram a predominância de um otimismo em Wall Street sobre a empresa. A ação de Nvidia tem 72 recomendações de compra, sete de manutenção e uma de venda.
O que explica, então, a queda da ação hoje?
A receita da Nvidia no trimestre foi de US$ 46,74 bilhões, marcando uma alta anual de 56% e um crescimento de 6% em relação ao trimestre anterior. Esse desempenho superou a expectativa do mercado, que era de US$ 46,06 bilhões. No entanto, o crescimento não foi suficiente para surpreender os investidores da maneira que o mercado estava acostumado.
O fator principal que gerou frustração foi a performance abaixo do esperado no segmento de data centers, que representa cerca de 87,7% da receita total da Nvidia.
Apesar de um crescimento de 56,4% na receita de data centers no comparativo anual, o segmento apresentou queda de 0,5% de um trimestre para o outro.
O gestor e analista Renato Nobile, da Buena Vista Capital, cujo fundo de ações tem uma posição da Nvidia, diz que a expectativa em relação ao balanço era proporcional ao tamanho que a companhia alcançou este ano, tornando-se a empresa mais valiosa do mundo.
"Não tem como uma empresa desse tamanho ter um crescimento estratoférico", reconhece o gestor. Mas, pelo visto, era o que mercado esperava", afirma
Os analistas da XP destacam que, embora o crescimento tenha sido robusto, ele está desacelerando, especialmente para uma empresa do porte da Nvidia. “O crescimento de 56% ainda é muito bom, mas a expectativa era de um ritmo mais acelerado, dado o papel central da Nvidia no desenvolvimento de IA e o valor de mercado impressionante da empresa”, comenta a equipe da XP.
Junto com o balanço, a Nvidia divulgou a previsão de receita de US$ 54 bilhões para o terceiro trimestre, com uma variação de mais ou menos 2%. O guidance superou a expectativa do mercado, que era de US$ 53,1 bilhões. As previsões assumem que não haverá vendas do chip H20 para a China, representando conservadorismo da Nvidia ao superar as expectativas do mercado.
Apesar do guidance otimista, a XP alertou que o ritmo de crescimento da Nvidia pode não ser sustentável a longo prazo.
Renato Nobile, em seu olhar de quem investe na companhia, ainda vê um futuro promissor. “Se os resultados tivessem sido muito aquém das expectativas, a queda seria muito maior. A Nvidia continua sendo a líder no desenvolvimento de inteligência artificial e seus chips estão à frente dos concorrentes. Além disso, a demanda por IA é gigantesca, abrangendo não apenas o setor de automóveis, mas também robótica e outros segmentos tecnológicos", avalia o gestor.