Jensen Huang: CEO da Nvidia quer manter empresa no topo (Chesnot / Colaborador/Getty Images)
Repórter
Publicado em 23 de setembro de 2025 às 07h41.
Última atualização em 23 de setembro de 2025 às 07h43.
O sol pode ter nascido há pouco tempo em Wall Street nesta terça-feira, mas os mercados já estão observando de perto como será o dia seguinte ao anúncio de um investimento de US$ 100 bilhões da Nvidia (NVDA) na OpenAI, do ChatGPT. O impacto do anúncio foi imediato, com as ações da Nvidia subindo mais de 4% na segunda-feira, 22. A pergunta agora é: o que vem depois do acordo bilionário?
Às 7h15, no horário de Brasília, os papéis da empresa operavam em queda de 0,70% no pré-mercado, avaliada a US$ 4,47 trilhões — um sinal de que a euforia do anúncio diminuiu, mas não tanto.
A queda no day after mostra um otimismo cauteloso dos mercados, mas as expectativas são boas.
Para analistas, um dos pontos de preocupação é a capacidade de Nvidia e OpenAI de cumprir com a gigantesca demanda de poder computacional necessária para suportar os avanços da inteligência artificial.
O acordo entre as duas empresas gira em torno de uma expansão de infraestrutura que exigirá uma quantidade monstruosa de energia — 10 gigawatts — para sustentar os milhões de GPUs necessárias.
“Os sistemas que estamos construindo vão exigir milhões de chips. Isso representa um desafio logístico e energético enorme, que terá de ser resolvido de forma cuidadosa e estratégica”, afirmou Jensen Huang, CEO da Nvidia. Para ele, o acordo pode ser descrito como "monumental".
Apesar das preocupações, a visão positiva predomina no mercado, com investidores acreditando que essa parceria solidifica ainda mais a posição de Nvidia como líder no fornecimento de chips para IA — algo que já se destacava após o crescimento explosivo da demanda por suas GPUs devido ao aumento das tecnologias de aprendizado de máquina.
Os efeitos da parceria não foram sentidos somente na Nvidia.
Em um efeito cascata, na terça companhias com ligações diretas com a Nvidia, como a Taiwan Semiconductor Manufacturing, viu suas ações subirem 3,5% após a notícia, já que é a fabricante dos chips usados pela Nvidia. Na mesma toada, a SK Hynix, com suas memórias utilizadas nas unidades de processamento gráfico da Nvidia, teve uma alta de 2,5%.
Para Bryn Talkington, sócia-gerente da Requisite Capital Management, a relação entre as duas empresas se configura como um "cenário de ganha-ganha".
“Nvidia investe US$ 100 bilhões na OpenAI, que então devolve esse valor para a Nvidia,” disse Bryn Talkington, sócia-gerente da Requisite Capital Management, à CNBC após o anúncio. “Eu sinto que isso vai ser muito virtuoso para o Jensen.”
Entretanto, apesar do entusiasmo, algumas questões permanecem em aberto. A principal delas é a evolução das relações da OpenAI com outros parceiros estratégicos, como a Microsoft, que até então era a principal fornecedora de infraestrutura de nuvem para a OpenAI.
A Microsoft, apesar de ainda manter uma grande participação na OpenAI, foi informada apenas um dia antes do anúncio sobre a parceria com a Nvidia, o que gerou especulações sobre a nova dinâmica entre as empresas.
Alguns analistas sugerem que a perda de exclusividade da Microsoft na capacidade de computação para a OpenAI pode impactar negativamente seu papel no fornecimento de infraestrutura de nuvem para a startup.
A parceria também coloca a OpenAI em um território novo: a necessidade de operar seus próprios data centers com o poder de processamento necessário para rodar seus modelos de IA mais avançados, algo que coloca a OpenAI em um território de competição com gigantes como Amazon, Google e Microsoft, que dominam o mercado de serviços em nuvem. Isso levanta questões sobre os planos futuros da OpenAI, que pode, eventualmente, se tornar um fornecedor de serviços em nuvem por si só.
A parceria entre Sam Altman, CEO da OpenAI, e Jensen Huang, CEO da Nvidia, foi uma decisão estratégica tomada em um momento crucial. O acordo de US$ 100 bilhões, anunciado com grande alarde, não foi resultado de uma negociação simples, mas de meses de discussões cuidadosas e uma série de reuniões entre os líderes das duas empresas. A culminação desse processo aconteceu poucas horas antes de Altman embarcar para Abilene, Texas, onde a OpenAI faria o anúncio de uma nova grande expansão em sua infraestrutura de IA.
A jornada para esse entendimento começou com uma série de encontros virtuais e presenciais, com Altman e Huang se reunindo em cidades como Londres, São Francisco e Washington, D.C.
Esses encontros, segundo a CNBC, foram fundamentais para alinhar as visões de ambas as empresas sobre o futuro da inteligência artificial e a necessidade de uma infraestrutura robusta para suportar o crescimento da OpenAI. Em vez de envolver bancos de investimento ou intermediários, as negociações se deram diretamente entre os dois CEOs, com foco em como a Nvidia poderia impulsionar a OpenAI a alcançar seus objetivos ambiciosos.
O aspecto central da parceria foi a visão compartilhada de que a IA precisa de uma base de infraestrutura poderosa para prosperar. Huang, com a experiência da Nvidia no fornecimento de chips de alta performance, reconheceu a necessidade de capitalizar sobre o crescente mercado de IA. Para Altman, a colaboração com a Nvidia representou uma oportunidade de garantir a infraestrutura necessária para treinar e operar modelos de IA em grande escala, como o ChatGPT, com a garantia de que os chips da Nvidia seriam fundamentais para a continuidade e evolução desses modelos.
Para muitos, o grande ponto positivo é a flexibilidade que esse acordo oferece à OpenAI, permitindo-lhe não depender exclusivamente de um único fornecedor de chips ou nuvem. Essa diversificação, juntamente com a inovação contínua e o poder financeiro proveniente do investimento da Nvidia, posiciona a OpenAI como um jogador cada vez mais relevante e independente no jogo da inteligência artificial.
E, para Nvidia, a parceria solidifica sua posição não apenas como um fornecedor de chips, mas como uma peça-chave na infraestrutura global de IA, o que deverá resultar em um crescimento ainda maior para a empresa de Huang que, no ano até agora, acumula valorização de 36,76%. Em cinco anos, a alta ainda é mais relevante: de 1.357,3%.