(Germano Lüders/Exame)
Redatora na Exame
Publicado em 14 de maio de 2025 às 08h49.
Na última terça-feira, 13, o Ibovespa fechou a 138.963 pontos e atingiu o maior nível nominal da sua história.
O número supera o recorde anterior de 137.344 pontos, registrado em agosto de 2024, e representa uma valorização de 118,3% desde o ponto mais baixo da pandemia, em março de 2020.
Apesar do marco simbólico, o desempenho do índice muda de figura quando se ajusta a análise pela inflação ou se adota a perspectiva de um investidor estrangeiro. É o que mostram os cálculos da consultoria Elos Ayta.
Segundo a consultoria, ajustado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o Ibovespa ainda está 27,6% abaixo do seu pico real, alcançado em 20 de maio de 2008. Naquele dia, os 73 mil pontos de então, corrigidos pela inflação acumulada nos últimos 17 anos, equivalem hoje a 191.858 pontos.
O cenário é ainda mais desfavorável para o investidor estrangeiro. O recorde do índice em dólares foi registrado em 19 de maio de 2008, quando o Ibovespa chegou ao equivalente a 44.616 pontos.
No último dia 13 de maio, o índice, ajustado para a moeda americana, está em 24.699 pontos — uma queda de 44,6% em relação ao pico de 2008.
Os dados indicam que, apesar da recuperação desde a pandemia, inflação e câmbio seguem como obstáculos importantes para que a bolsa brasileira recupere seu prestígio global.
A trajetória desde março de 2020, no entanto, foi relevante. Naquele mês, o Ibovespa tocou os 63.570 pontos — o pior momento desde 2009. Desde então, a alta nominal é de 118,3%.
Em dólares, o índice subiu de 12.512 para quase 24.700 pontos, uma valorização de 97,4%. Quando ajustado pela inflação, o avanço no período é de 60,6%.
Apesar do ganho expressivo, o índice ainda está 38% abaixo do nível real de 2008.
A leitura da Elos Ayta mostra que o recorde nominal não significa, necessariamente, prosperidade. A inflação, o câmbio e os juros reais seguem corroendo parte do ganho aparente.