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Temporada de balanços do 1º tri: melhora nos resultados anima, mas desaceleração ainda marca o ritmo

Surpresas positivas superaram as negativas, indicando revisão positiva para as ações pela frente

Dos 16 setores avaliados pelo Safra, 11 tiveram crescimento dos lucros e os demais ficaram estáveis – nenhum teve queda (Germano Lüders/Exame)

Dos 16 setores avaliados pelo Safra, 11 tiveram crescimento dos lucros e os demais ficaram estáveis – nenhum teve queda (Germano Lüders/Exame)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 20 de maio de 2025 às 11h26.

Última atualização em 20 de maio de 2025 às 11h43.

A temporada de resultados do primeiro trimestre trouxe o retrato de uma economia ainda bastante aquecida, com melhora nos lucros -- ainda que com alguma desaceleração em relação ao quarto trimestre do ano passado, especialmente nas empresas mais expostas ao cenário doméstico. 

Do lado das expectativas, as surpresas positivas superaram as negativas, sinalizando uma revisão positiva para os resultados da maior parte das empresas para a frente, numa boa notícia para as ações listadas na B3, que vem passando por um período de alta ajudadas também pelo fluxo estrangeiro.  

Relatórios do BTG Pactual e do Banco Safra mostram que os destaques positivos ficaram por conta dos setores de alimentos e bebidas, bancos e educação. Na mão oposta, agronegócio e bens industriais decepcionaram. 

Segundo o BTG, excluindo Petrobras e Vale – que, pelo seu tamanho distorcem os resultados --, a receita líquida cresceu 13,2% em relação ao 1T24, com avanço de 7,4% no EBITDA e alta de 16% no lucro líquido. 

Quando se isolam as empresas domésticas, houve uma alta de 9,6% de acordo com o Safra. É uma perda de ritmo em relação ao quarto trimestre, quando o avanço na comparação anual foi de 23,2%, em linha com o aperto nas taxas de juros que deve se traduzir em uma atividade econômica menos expressiva ao longo do ano.   

Dos 16 setores avaliados pelo banco, 11 tiveram crescimento dos lucros e os demais ficaram estáveis – nenhum teve queda.  

Destaques positivos 

Entre os setores que se destacaram positivamente, estão o de alimentos e bebidas. A JBS liderou o crescimento, com alta de R$25 bilhões na receita (+28%na comparação anual), impulsionada pelos segmentos de aves e carne bovina no Brasil.  

No consolidado, o setor teve avanço de 25% na receita e 28% no EBITDA, segundo o BTG. O Safra também apontou o segmento como destaque, com expansão de 33,9% no lucro. 

Os bancos privados também tiveram um bom desempenho, sustentando por melhora na margem financeira líquida e menores provisões. O destaque ficou por conta de Bradesco, que mostrou uma recuperação muito acima da esperada pelo mercado, e Itaú, que conseguiu melhorar sua rentabilidade, mesmo já partindo de uma base de comparação elevada. 

(Na contramão, o destaque negativo do setor ficou por conta do Banco do Brasil, que viu uma deterioração importante na inadimplência, especialmente por conta da sua exposição ao agronegócio. O desempenho no trimestre levou a uma ampla revisão negativa para o lucro do ano, com o papel caindo 13% num só dia e corte de recomendação de analistas.)  

Em educação, empresas como Ânima, Cogna e Vitru apresentaram melhora de margens e geração de caixa, surpreendendo positivamente os analistas. Em saneamento, Sabesp e Copasa se destacaram com controle de custos, aumento de volumes e execução acelerada de investimentos. 

Ainda entre as empresas domésticas, nomes do varejo de acessórios e vestuário, como Vivara, Azzas, C&A e Renner apresentaram forte recuperação de margem e desempenho de vendas, mostrando um tom mais otimista para o restante do ano, apesar da Selic em alta.  

Setores em baixa 

Do outro lado, segmentos ligados ao agronegócio e industriais pesaram sobre os resultados.  

Dentro do agro, Raízen e Cosan foram responsáveis pela queda de R$3 bilhões no lucro líquido setorial, afetados por provisões, baixas contábeis e fim de atividades de trading, segundo o BTG 

Em papel e celulose, a Suzano sofreu com embarques menores e a Dexco foi impactada pelos fracos desempenhos das divisões da Deca, de louças sanitárias e de revestimentos. O Safra, por sua vez, projeta recuperação no segundo trimestre de 2025, com alta nos embarques e preços de celulose. 

Na indústria, Randon e Weg registraram quedas de margem por conta de mix desfavorável e custos maiores, mesmo com crescimento da receita. 

Qualidade dos resultados e perspectivas 

Para o mercado, o que importa são as expectativas – e nesse sentido, a temporada de resultados trouxe mais surpresas positivas que negativas, aponta o BTG. Segundo o banco, 37% das empresas entregaram resultados fortes, acima do esperado, contra 29% com desempenho abaixo das projeções.  

É uma melhora substancial frente ao quarto trimestre, quando as surpresas negativas dominaram.    

O Safra, por sua vez, destaca uma leve deterioração nas expectativas para o segundo trimestre em relação ao primeiro, refletindo os efeitos persistentes dos juros mais restritivos.  

O cenário, no entanto, ainda é otimista. O banco espera que 40,7% das empresas sob sua cobertura tenha resultados positivos para o período de abril a julho, enquanto 13% devem ter resultados negativos (o restante deve ter resultados neutros na avaliação do banco). No primeiro trimestre, o banco esperava resultados negativos para apenas 11,9% da amostra.  

Entre as empresas que o Safra espera que se destaquem no segundo trimestre estão Vivara e Azzas, no varejo de luxo acessível; B3, XP e BTG, em mercado de capitais; Suzano e Klabin, com recuperação da celulose; Totvs e Locaweb, com manutenção do ritmo de crescimento; e o Setor educacional de maneira geral, com um ciclo de matrículas forte e base comparativa mais fácil. 

O banco está bastante otimista com o Ibovespa, por conta da expectativa de queda de juros e melhora nos prêmios de risco. Hoje, a equipe de estratégia elevou seu preço-alvo para o índice, para 170 mil pontos em 12 meses, um potencial de alta de 21,7% sobre os patamares atuais.  

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