Invest

O que pode ficar no caminho do corte de juros dos EUA?

Dados de inflação e emprego, além do impacto das tarifas de Trump, podem adiar decisão do Federal Reserve

Jerome Powell: presidente do Fed sinalizou que riscos ao mercado de trabalho abrem espaço para corte de juros em setembro (Natalie Behring/Getty Images)

Jerome Powell: presidente do Fed sinalizou que riscos ao mercado de trabalho abrem espaço para corte de juros em setembro (Natalie Behring/Getty Images)

Publicado em 25 de agosto de 2025 às 06h57.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, sinalizou que a autoridade monetária dos Estados Unidos pode reduzir a taxa básica de juros já no próximo mês.

A declaração foi feita durante o simpósio de Jackson Hole na última sexta-feira, 22, e reforçou que os riscos de manter custos de empréstimos elevados podem prejudicar o mercado de trabalho americano.

Esse posicionamento elevou as apostas de Wall Street em cortes de juros já a partir de setembro. Após o discurso, bolsas e títulos americanos registraram forte alta, refletindo a expectativa de flexibilização da política monetária.

Atualmente, os juros estão no intervalo de 4,25% a 4,5% e o mercado precifica cerca de 75% de probabilidade de que a taxa seja reduzida em 0,25 ponto percentual na reunião marcada para meados de setembro.

Mas dados econômicos sobre inflação e mercado de trabalho previstos para as próximas semanas podem alterar esse cenário.

Discurso de Powell

Powell destacou que, com a política monetária em território restritivo, os riscos para a inflação continuam inclinados para cima, enquanto os riscos para o emprego aumentam, criando um equilíbrio delicado para a tomada de decisão.

O relatório de empregos de julho já mostrou uma desaceleração expressiva na criação de vagas, embora a taxa de desemprego siga em 4,2%.

Outro ponto que pesa na análise do Fed é o impacto das tarifas comerciais impostas pelo presidente Donald Trump. Há dúvidas sobre se os aumentos de preços serão temporários ou se gerarão uma pressão inflacionária persistente.

Até agora, os efeitos têm sido moderados: em julho, o índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 2,7% em relação ao ano anterior, enquanto o indicador preferido do Fed para inflação, o PCE, avançou 2,6% em junho — ambos acima da meta de 2%.

Os próximos dados serão determinantes. O PCE será divulgado em 29 de agosto, seguido pelo relatório de empregos de agosto em 5 de setembro e pelo CPI em 11 de setembro. Esses indicadores serão cruciais para confirmar ou adiar a decisão de corte na próxima reunião.

Divergências no Fed

Alguns dirigentes do Fed, como Alberto Musalem, do Fed de St. Louis, e Susan Collins, do Fed de Boston, reforçam que não há consenso interno e defendem cautela até que as novas informações estejam disponíveis.

Enquanto isso, Powell enfrenta forte pressão política. O presidente Trump tem pedido cortes mais agressivos e não poupa críticas à condução do banco central.

Mesmo sob ataque, o discurso em Jackson Hole foi visto por analistas como um esforço para justificar a necessidade de juros menores sem parecer ceder às pressões externas. O evento, que deve ser o último dele como presidente do Fed, terminou com uma ovação do público, evidenciando o peso do momento para a autoridade monetária.

Acompanhe tudo sobre:JurosEstados Unidos (EUA)Jerome PowellFed – Federal Reserve System

Mais de Invest

Ásia sobe com expectativa de corte de juros nos EUA; Europa cai à espera da inflação

Maior que a Netflix: ethereum ultrapassa gigante do streaming em valor de mercado

Evergrande é oficialmente excluída da bolsa de Hong Kong

Dólar tem dificuldade para se recuperar após tom dovish de Powell