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Ozempic perdeu a força? Novo Nordisk corta projeções de crescimento

Farmacêutica dinamarquesa reduziu metas após custos bilionários e avanço de rivais nos remédios para perda de peso

Novo Nordisk: farmacêutica é fabricante de remédios populares para perda de peso e controle de diabetes, como Ozempic e Wegovy (Novo Nordisk/Divulgação)

Novo Nordisk: farmacêutica é fabricante de remédios populares para perda de peso e controle de diabetes, como Ozempic e Wegovy (Novo Nordisk/Divulgação)

Publicado em 5 de novembro de 2025 às 11h57.

A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk reduziu nesta quarta-feira, 5, suas projeções de crescimento para 2025 após divulgar resultados abaixo das expectativas e enfrentar pressões crescentes no mercado de medicamentos para obesidade e diabetes.

A companhia, fabricante dos populares Ozempic e Wegovy, ajustou sua previsão de lucro operacional para alta entre 4% e 7%, ante faixa anterior de 4% a 10%, e reduziu a estimativa de crescimento de vendas para 8% a 11%, de 8% a 14%.

A empresa citou pressões de preço e concorrência como fatores que motivaram o corte nas projeções, destacando o avanço de versões genéricas e rivais no mercado norte-americano.

No terceiro trimestre, o lucro por ação foi de 4,50 coroas dinamarquesas (DKK) — cerca de R$ 3,74 —, abaixo da expectativa de 4,90 DKK (R$ 4,07), segundo a FactSet.

A receita somou 75 bilhões de DKK (R$ 62,25 bilhões), também inferior aos 76,5 bilhões de DKK (R$ 63,50 bilhões) previstos por analistas. O lucro líquido do trimestre ficou em 20 bilhões de DKK (R$ 16,60 bilhões), praticamente em linha com o consenso de mercado.

A empresa atribuiu o resultado a custos de reestruturação de 9 bilhões de DKK (R$ 7,47 bilhões), ligados ao corte de 9.000 empregos, o que representa cerca de 11% do quadro global.

Sem esse impacto, o lucro operacional dos nove primeiros meses do ano teria crescido 21%, em vez de 10%, segundo a companhia.

Bolha do Ozempic estourou?

As vendas do Wegovy, carro-chefe no segmento de emagrecimento, avançaram 18% no trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, para 20,35 bilhões de DKK (R$ 16,8 bilhões), ligeiramente abaixo da previsão de 21,35 bilhões de DKK (R$ 17,64 bilhões).

O CEO Mike Doustdar afirmou que os medicamentos da empresa para obesidade atendem atualmente 1 milhão de pacientes nos Estados Unidos, cerca de um terço do mercado. “Entregamos crescimento robusto nas vendas nos nove primeiros meses de 2025, mas as menores expectativas para nossos tratamentos GLP-1 levaram ao estreitamento das projeções”, disse em comunicado.

As ações da Novo Nordisk chegaram a cair 4,5% na abertura do pregão desta quarta-feira, mas se recuperaram. Às 11h45, caíam 1.91%.

No acumulado do ano, os papéis recuam 44,8%.

Acordo e disputa por aquisição

Segundo o Wall Street Journal, o presidente Donald Trump pode anunciar ainda nesta semana um acordo para vender a menor dose do Wegovy a US$ 149 (cerca de R$ 799), em troca de cobertura pelos programas Medicare e Medicaid. O possível acerto seria um alívio parcial para a farmacêutica, em meio às discussões sobre preços de medicamentos nos EUA.

A Novo também está envolvida em uma disputa bilionária com a Pfizer pela compra da empresa americana de biotecnologia Metsera, especializada em medicamentos para obesidade. A companhia dinamarquesa aumentou sua oferta de US$ 9 bilhões (R$ 50,3 bilhões) para até US$ 10 bilhões (R$ 55,9 bilhões), após a rival mover um segundo processo na Justiça alegando práticas anticompetitivas. Em comunicado, a Novo classificou as acusações como “falsas e sem mérito”.

Apesar das incertezas, bancos como UBS e Berenberg mantêm avaliações neutras ou positivas sobre a ação. O UBS elevou o preço-alvo para 340 coroas por ação (R$ 282,20), destacando que os impactos de eventuais negociações de preços com o governo americano devem ser limitados. Já o Berenberg afirmou que a empresa atingiu “pico de incerteza”, mas ainda exibe perfil de crescimento superior ao de concorrentes.

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