Panvel registra lucro de R$ 28 milhões e mantém margem, na contramão da concorrência (Panvel/Divulgação)
Repórter de mercados
Publicado em 14 de maio de 2025 às 19h54.
Última atualização em 14 de maio de 2025 às 20h34.
Um ano depois das enchentes que devastaram parte do Rio Grande do Sul, a Panvel (PNVL3), rede de farmácias com sede em Porto Alegre, mostra sinais claros de recuperação.
No primeiro trimestre de 2025, a companhia reportou um lucro líquido ajustado de R$ 28 milhões, um aumento de 4,8% na comparação anual.
Em entrevista exclusiva à Exame, o CFO da companhia, Antonio Napp, destacou a retomada da geração de caixa, que chegou a R$ 14 milhões no trimestre, após um ano desafiador.
“Com todos os ajustes e perdas que a Panvel teve no ano passado, é natural o aumento do consumo de caixa naquele período. Voltar a gerar caixa no primeiro trimestre, mesmo mantendo investimentos e crescendo vendas, é um sinal de que a empresa está acertando bastante o tom”, afirmou o CFO.
No primeiro trimestre de 2025, a companhia abriu nove lojas e bateu recorde no canal digital, com crescimento de 35,3%.
Enquanto alguns concorrentes enfrentam dificuldade de vendas na região Sul, a Panvel ganha tração.
“A concorrência apostou muito em descontos para incentivar suas vendas. A margem bruta da Panvel, o que sobra depois da venda, conseguimos manter o patamar do ano passado”, compara o CFO.
No balanço divulgado nesta quarta-feira, 14, a empresa ressaltou que a margem bruta se manteve estável por meio de estratégias de mix, crescimento de Produto Panvel e política comercial equilibrada.
Já o EBITDA ajustado atingiu R$ 64,6 milhões, com avanço de 7,1% na comparação anual e margem de 4,8%.
A receita bruta da Panvel no varejo atingiu R$ 1,35 bilhão no trimestre, avanço de 15,9% sobre o mesmo período do ano anterior.
As vendas em mesmas lojas (SSS) cresceram 11,8%, enquanto as lojas maduras (MSSS) aumentaram 9,8%. A venda média por loja chegou a R$ 705 mil — alta de 9,9%.
A empresa destaca um evento extraordinário na receita do primeiro trimestre de 2024 decorrente da venda de um ativo da companhia: um imóvel no valor de R$ 39,0 milhões, o que gerou um impacto líquido positivo de R$ 14,7 milhões no lucro líquido daquele período.
Ao se excluir o efeito não recorrente da venda do ativo, a margem bruta do grupo teria um expansão de 1,7 p.p. na comparação com a base ajustada, equivalente a 27,9% sobre a receita bruta do primeiro trimestre de 2024.
No mix de vendas, a categoria de Medicamentos cresceu 16,8%, com destaque para os segmentos de Marca (+16,9%), OTC (+17,1%) e Genéricos (+16,0%). Higiene e Beleza também teve alta expressiva, de 14,7%.
As despesas com vendas representaram 22,1% da receita, acima dos 21% registrados no mesmo período de 2024 — um reflexo da decisão da Panvel de encerrar o segmento de atacado em dezembro, o que reduziu a base total de vendas. A despesa administrativa ficou em 2,7% da receita.
A dívida líquida totalizou R$ 323 milhões, com alavancagem em 1,2 vez o EBITDA — mesmo nível do trimestre anterior, mas acima das 0,86x registradas há um ano.
“Hoje temos a menor alavancagem do setor de varejo farmacêutico. Além disso, conseguimos reduzir o custo da dívida, que agora está abaixo do CDI”, afirma o executivo.
Apesar de tímido avanço em São Paulo, com crescimento de 1,1% na presença da marca na capital paulista, o foco da Panvel para 2025 segue no Sul do país.
“A nossa estimativa é abrir 11 ou 12 lojas no segundo trimestre e manter pelo menos esse ritmo dos últimos 12 meses, que fica entre 52 e 55 lojas por ano”, diz Napp.
Um dos principais focos de investimento da Panvel é a área de tecnologia e inovação. Segundo Napp, a empresa está investindo em inteligência artificial, além de ter firmado contrato com a Salesforce para atualizar sua plataforma digital e aprimorar a jornada do cliente no site e aplicativo.