Mercados

Pão de Açúcar tem mais um dia de queda com rebaixamento de ADR

A disputa entre os controladores da rede varejista fez a Raymond James & Associates Inc. rebaixar recomendação de “strong buy” para “outperform"

O Pão de Açúcar negou uma possível negociação de fusão com o rival Carrefour no Brasil às escondidas
 (VEJA)

O Pão de Açúcar negou uma possível negociação de fusão com o rival Carrefour no Brasil às escondidas (VEJA)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2011 às 14h52.

São Paulo - A Cia. Brasileira de Distribuição Grupo Pão de Açúcar, maior rede varejista brasileira, caminha para a maior queda acumulada em dois dias de negócios dos últimos dez meses. A disputa entre os controladores da empresa fez a Raymond James & Associates Inc. rebaixar sua recomendação.

A ação caía 3,3 por cento às 12:00, negociada a R$ 61,10. Desde 30 de maio, a perda acumulada é de 8,7 por cento.

O Casino Guichard-Perrachon SA disse ontem que entrou com pedido de arbitragem internacional para obrigar a família Diniz a cumprir o acordo de acionistas de 2006, que regula o controle da varejista brasileiro, segundo comunicado enviado pela empresa francesa. O pedido de arbitragem aconteceu depois que o Casino descobriu que Abilio Diniz, presidente do conselho do Pão de Açúcar, mantinha conversas com o Carrefour SA sobre um possível negócio, segundo duas pessoas familiarizadas com o assunto. Elas pediram anonimato porque o assunto é privado.

“Como em qualquer relação de longo prazo, quando um parceiro quer mudar o acordo, a situação pode ficar delicada e gerar instabilidade”, disse Daniela Bretthauer, analista na Raymond James em São Paulo, em nota a clientes hoje. Ela rebaixou o American Depositary Receipt, recibo de ação do Pão de Açúcar negociado nos Estados Unidos, de “strong buy” para “outperform”.

O Pão de Açúcar precisa esclarecer ao mercado a possível transação com a rival francesa Carrefour, disse Wagner Salaverry, sócio-diretor da Futuro Corretora de Valores SA, que gerencia R$ 6,3 bilhões, incluindo ações da maior varejista brasileira.

“Do jeito que está, parece que temos uma situação em que um grande acionista do bloco controlador sabe de alguma coisa sobre a empresa que ninguém mais sabe”, disse Salaverry. “Se o Casino entrou com um pedido de arbitragem, provavelmente é porque eles sabem que alguma coisa está acontecendo.”


Comunicado do Abilio

O Pão de Açúcar negou ter conhecimento de qualquer negociação com o Carrefour. Em comunicado separado, ontem o presidente do grupo, Abilio Diniz, negou em que tenha rompido com o acordo.

O Carrefour teria contratado o Lazard Ltd. para realizar estudo sobre uma eventual fusão, disse o Journal du Dimanche no mês passado, sem dizer onde obteve a informação. A família Diniz poderia passar a ter participação na empresa francesa como parte da transação, disse o jornal.

O Casino, que diz ter uma fatia de 33,7 por cento no Pão de Açúcar, divide o controle da rede de supermercados brasileira com a família Diniz desde julho de 2005. A partir de 2012, a empresa francesa terá o direito de nomear o presidente do conselho da Wilkes, controladora do Pão de Açúcar, e ganhar o controle da rede varejista, segundo documento de 2010.

Acordo de 2005

Em 2005, a família Diniz concordou em não vender sua participação na Wilkes até 2014. Todas as decisões administrativas importantes do grupo devem ser aprovadas por unanimidade. Tanto o Casino quanto a família Diniz têm direito de recusa se o outro decidir vender a participação depois deste período, segundo o acordo.

Um desentendimento entre os acionistas controladores é uma “má notícia” para a empresa, disseram os analistas Ricardo Boiati e Alan Cardoso, da Bradesco SA Corretora de Títulos e Valores Mobiliários, ontem em nota enviada a clientes.

Essa situação traz incertezas sobre o futuro da empresa, e pode vir a impactar nas operações, caso afete a administração e cause distrações, disseram Boiati e Cardoso.

Acompanhe tudo sobre:Abilio DinizAçõesBilionários brasileirosCarrefourCasinoComércioEmpresáriosEmpresasEmpresas abertasEmpresas francesasPão de AçúcarPersonalidadesSupermercadosVarejo

Mais de Mercados

Tecnisa faz acordo com Cyrela para venda de sete terrenos em SP por RS 450 milhões

Carro autônomo da Tesla se 'autoentrega' da fábrica até a casa do cliente. Esperança para Musk?

Marfrig investe R$ 548 milhões em novo complexo industrial e triplica capacidade de abate

Dólar fecha em queda em meio a ruídos sobre tarifas no exterior