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Para UBS, bolsa brasileira parece cara, mas está atrativa

No cenário otimista, haveria crescimento de 30% nos lucros e múltiplo de 14 vezes preço / lucro; já no pessimista, perda de 5% e múltiplo de 10,8 vezes

B3: ações brasileiras são negociadas com desconto de 20% em relação a mercados desenvolvidos, de 15% ante a bolsa do Chile e de 7% ante a do México (Exame/Divulgação)

B3: ações brasileiras são negociadas com desconto de 20% em relação a mercados desenvolvidos, de 15% ante a bolsa do Chile e de 7% ante a do México (Exame/Divulgação)

NF

Natália Flach

Publicado em 20 de janeiro de 2020 às 13h27.

São Paulo - Nem tudo é o que parece ser. A máxima se aplica a várias coisas, inclusive, ao preço da bolsa brasileira, segundo relatório do banco suíço UBS. Apesar de as ações parecerem caras em relação ao histórico de negociação da B3 — os papéis estão sendo negociados a 13,2 vezes o lucro —, há potencial para chegar a 14 vezes nos próximos dois anos, de acordo com os analistas Corinne de Boursetty, Xingchen Yu, Ronaldo Patah e Michael Bolliger, que assinam o documento.

Outra prova de que estão baratas é o fato de estarem sendo negociadas com um desconto de 20% em relação a mercados desenvolvidos, de 15% ante a bolsa do Chile e de 7% ante a do México. "Acreditamos que as taxas de juros mais baixas e a agenda de reformas devem continuar a reduzir o custo de capital no Brasil, permitindo um avanço de cerca de 10% do valuation", escrevem os especialistas.

A expectativa é que o crescimento dos lucros acelere de um dígito em 2019 (o consenso é de 3%) para dois dígitos nos próximos dois anos (20% em 2020 e cerca de 13% em 2021). Boa parte desse avanço será reflexo do desempenho da Vale, que tem o maior peso no MSCI Brasil, de 9,4%.  Isso porque se espera uma reversão de cerca de 9 bilhões de dólares em itens pontuais relacionados ao colapso da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais. "Nossas previsões estão alinhadas com as expectativas de mercado (de 23% e de 11,5%, respectivamente), e estão entre as mais altas quando analisados outros países emergentes.

A recuperação de ganhos no Brasil deve ser impulsionada por uma retomada do consumo doméstico, alimentada pelo
crescimento do crédito e dos salários reais. "Não vemos evidências de recuperação do investimento corporativo, já que o setor industrial ainda sofre com ociosidade da capacidade instalada e com as crises na Argentina e no Chile. De todo modo, a confiança nos negócios está aumentando", escrevem.

A recomendação é investir em ações de setores cíclicos domésticos, como bancos e energia, além de varejo de alimentos. Na outra ponta, é melhor evitar empresas que podem ser negativamente afetadas pelo fortalecimento do real, assim como papéis de consumo discricionário e de saúde.

"Ainda estamos na fase inicial do ciclo de recuperação, pois as estimativas de ganhos (em dólares) ainda estão 55% abaixo da pico anterior. Isso oferece amplo escopo para ganhos maiores revisões. A dinâmica dos ganhos deve permanecer positiva (aumento de 5% nos últimos seis meses) à medida que a economia melhora", escrevem.

Nesse sentido, há expectativa de um aumento de 13% a 15% nas ações brasileiras, em dólares, nos próximos seis a 12 meses, e uma leve expansão dos múltiplos para 13,5 vezes. "Nosso cenário otimista, pressupõe um crescimento de 30% nos lucros e um múltiplo de 14 vezes preço / lucro, combinando com dólar a 3,85 reais. Já no cenário negativo, haveria perda de 5%, resultando em um múltiplo de 10,8 vezes."

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