Para o diretor criativo da Balenciaga, um pacote de Lay's pode ser transformado em uma bolsa. (Alex Tai/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 9 de outubro de 2025 às 12h31.
Para a Lay's, da PepsiCo, o segredo para vender mais salgadinhos é colocar um aviso nas embalagens: "feito com batatas reais".
A famosa marca de chips, que domina o mercado americano, decidiu reformular suas embalagens e ingredientes para atrair mais consumidores, especialmente em um contexto onde os hábitos alimentares estão mudando por conta de medicamentos contra a obesidade, como Ozempic e Wegovy.
A mensagem nas embalagens, segundo a empresa, é parte de uma estratégia mais ampla para reconectar a marca com suas raízes agrícolas e apresentar um produto que pareça mais saudável e natural.
Embora os chips Lay’s sempre tenham sido feitos com batatas cultivadas em fazendas, a PepsiCo percebeu que muitos consumidores não sabiam disso.
Em 2021, uma pesquisa revelou que 42% das pessoas desconheciam que os salgadinhos eram produzidos a partir de batatas reais. O dado foi um verdadeiro "despertar" para a marca, que decidiu então comunicar de forma mais clara e eficaz suas origens agrícolas, com a intenção de reforçar a confiança do consumidor no produto.
Além da nova mensagem nas embalagens, a Lay’s também passou a reformular os ingredientes de seus produtos. Algumas variedades de chips estão trocando óleos vegetais tradicionais, como os de semente e milho, por óleos mais saudáveis, como o azeite de oliva e o óleo de abacate.
A reformulação vai além: os sabores de churrasco, por exemplo, terão a remoção de corantes artificiais que antes davam aos chips sua cor característica, mais avermelhada.
A reformulação surge em um momento delicado para a PepsiCo.
A empresa enfrenta uma queda nas vendas de seus salgadinhos, como Lay’s, Doritos e Cheetos. O mercado de snacks tem se tornado mais competitivo, e há uma mudança nos hábitos alimentares dos consumidores, que estão cada vez mais preocupados com a saúde e com os ingredientes que consomem.
A demanda por alimentos mais saudáveis também tem aumentado, o que impacta a performance de produtos processados.
No terceiro trimestre fiscal, a PepsiCo registrou uma queda de 1% no volume de vendas globalmente, afetada pela preferência crescente por opções de lanches mais naturais e conscientes em relação aos ingredientes. Apesar disso, a receita líquida da companhia aumentou 2,6%, atingindo US$ 23,94 bilhões, superando as expectativas de Wall Street.
A PepsiCo também está sendo pressionada por investidores ativistas, como a Elliott Investment Management, que tem uma participação significativa na empresa e está pedindo mudanças no portfólio de alimentos e bebidas da companhia.
A Elliott busca reformas profundas, como a reintegração das marcas de refrigerantes e possíveis alterações na rede de engarrafamento da PepsiCo na América do Norte.