Paralisação do governo dos EUA: Casa Branca tinha até terça-feira, 30, para fechar acordo orçamentário com o Congresso (Yasin Ozturk/Anadolu/Getty Images)
Repórter
Publicado em 1 de outubro de 2025 às 11h00.
Última atualização em 1 de outubro de 2025 às 12h03.
O governo dos Estados Unidos entrou em paralisação nesta quarta-feira, 1º, após republicanos e democratas não chegarem a um acordo para estender o orçamento federal além do prazo da meia-noite.
O impasse suspende serviços públicos considerados não essenciais e interrompe a divulgação de indicadores sobre emprego, inflação e atividade econômica — justamente em um momento de incerteza para formuladores de política monetária e investidores.
Saint Paul lança graduação inédita em Administração com padrão global; inscrições estão abertasAgências como o Bureau of Labor Statistics (BLS), o Bureau of Economic Analysis (BEA) e o Census Bureau informaram que vão interromper a coleta e a publicação de dados até que o financiamento seja retomado.
Isso inclui o relatório de emprego de setembro, o Payroll, que estava previsto para esta sexta-feira, e o índice de preços ao consumidor (CPI) da próxima semana.
A falta de dados pode dificultar a leitura do Federal Reserve (Fed) sobre a trajetória da economia às vésperas da reunião de política monetária marcada para os dias 28 e 29 de outubro.
De acordo com informações da agência Bloomberg, analistas do BMO Capital Markets afirmaram que investidores interpretam a incerteza em torno do shutdown como reforço à expectativa de redução da taxa básica de juros nos EUA.
O banco japonês Nomura alertou que, embora não seja o cenário-base, um shutdown que se estenda por um mês ou mais poderia intensificar as preocupações com uma desaceleração econômica e levar os rendimentos dos Treasuries a recuar.
O estrategista de juros Naokazu Koshimizu destacou em relatório que, caso a paralisação se prolongue até a reunião do Fed em 29 de outubro, as chances de um corte de juros aumentariam de forma significativa.
Já o Deutsche Bank, segundo a Reuters, lembra que nas últimas seis paralisações do governo, o S&P 500 subiu. Desta vez, porém, a paralisação acontece em um cenário de bolsas valorizadas e de maior fragilidade no humor dos investidores.
O efeito imediato recai sobre os cerca de 750 mil funcionários públicos que podem ser temporariamente afastados, de acordo com a estimativa do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO).
Se o presidente Donald Trump avançar com a ameaça de demissões permanentes de trabalhadores considerados não essenciais, o choque pode ser maior do que em paralisações anteriores, avalia o Barclays.
Segundo cálculos da Bloomberg Economics, uma paralisação de três semanas poderia elevar a taxa de desemprego de 4,3% em agosto para até 4,7% em outubro. Ainda assim, a economista Anna Wong projeta que, caso a crise seja resolvida até meados de novembro, o impacto sobre o crescimento do PIB no 4º trimestre tende a ser limitado.
Esta é a 15ª paralisação do governo desde 1981 e a primeira desde o fechamento recorde de 35 dias, ocorrido em 2018 e 2019, também durante o mandato de Trump.
O atual impasse gira em torno de US$ 1,7 trilhão em gastos com operações de agências, valor que representa cerca de um quarto do orçamento total de US$ 7 trilhões.
Os democratas barraram a proposta por exigir que o orçamento incluísse a prorrogação de subsídios de saúde que vencem no fim do ano, além da reversão de cortes no Medicaid. Já os republicanos se recusaram a tratar do tema dentro da lei orçamentária e defenderam que a questão fosse votada separadamente.
O desfecho dependerá da capacidade de o Congresso aprovar uma medida emergencial ou um orçamento completo. Até lá, investidores e o próprio Fed poderão ficar sem informações cruciais sobre a economia americana.