Redatora
Publicado em 13 de agosto de 2025 às 09h26.
O peso mexicano se tornou um dos grandes vencedores recentes no cenário cambial, beneficiado por atrasos nas tarifas dos Estados Unidos e pelo retorno do apetite global por ativos de alto rendimento.
Segundo o Financial Times, a moeda havia sido duramente atingida no início do ano, chegando a 21 pesos por dólar em fevereiro, após o anúncio de tarifas de 25% sobre importações mexicanas. As medidas, porém, foram adiadas, abrindo espaço para uma recuperação.
Hoje, o peso é negociado pouco acima de 18,50 por dólar, acumulando alta superior a 5% nos últimos três meses, no que é considerado o melhor desempenho entre as moedas mais negociadas no período, segundo a Bloomberg.
Analistas apontam que México e Canadá têm condições comerciais mais favoráveis com os EUA que outros países, graças à isenção para bens que cumprem o acordo Estados Unidos-México-Canadá.
No fim de julho, o México obteve uma extensão de 90 dias para a aplicação de tarifas recíprocas sobre produtos não isentos, enquanto o Canadá não conseguiu o mesmo. Nesse intervalo, o dólar canadense subiu 1,4%, bem menos que o peso.
O movimento também reflete a retomada do chamado carry trade, estratégia em que investidores tomam recursos onde os juros são baixos para aplicar em ativos de países com taxas mais altas. Com a taxa básica em 7,75% ao ano, o México se tornou um destino atrativo.
A queda na volatilidade cambial reforçou essa tendência: um índice da CME Group para as expectativas de oscilação do dólar-peso atingiu o menor nível desde maio do ano passado.
Embora persista o risco de mudanças abruptas na política comercial de Washington, a percepção é de que as ameaças tarifárias estão, em parte, superestimadas.
Ainda assim, investidores acompanham outros focos de tensão, como o endividamento da petroleira estatal Pemex e a relação bilateral em temas de segurança. O governo de Claudia Sheinbaum negocia um novo pacto com a Casa Branca para conter o narcotráfico, mas teme-se a possibilidade de ações unilaterais dos EUA.
Além do México, o real brasileiro subiu cerca de 4% nos últimos três meses, mesmo com desafios fiscais e tensões comerciais com os EUA.