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Petrobras: Repasses de dividendos à União atingem menor valor desde 2023

Governo recebeu R$ 4,86 bilhões no 1º trimestre de 2025, abaixo dos anos anteriores mesmo com aumento na participação acionária

 (Wagner Meier/Getty Images)

(Wagner Meier/Getty Images)

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 14 de maio de 2025 às 11h01.

A arrecadação do governo federal com dividendos da Petrobras caiu para o menor patamar em três anos no primeiro trimestre de 2025.

Segundo levantamento da consultoria Elos Ayta, dos R$ 16,7 bilhões efetivamente pagos pela petroleira no período, R$ 4,86 bilhões foram destinados à União — o menor valor para um primeiro trimestre desde 2023 e o segundo menor de toda a série recente.

O único repasse mais baixo foi no terceiro trimestre de 2024, quando o Tesouro recebeu R$ 3,65 bilhões.

O estudo analisou os repasses realizados pela estatal desde o início de 2023. Ao longo dos nove trimestres apurados, a Petrobras desembolsou R$ 215,6 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP). Desse total, R$ 61,8 bilhões — o equivalente a quase 29% — foram para os cofres públicos, refletindo a participação acionária da União na companhia.

Apesar de um leve aumento na fatia acionária do governo, que subiu de 28,67% para 29,02% no primeiro trimestre de 2025, o valor absoluto recebido foi menor. O dado reforça o impacto direto da redução no volume total de dividendos pagos pela empresa.

Repasses menores

O desempenho da Petrobras no início do ano contrasta com trimestres anteriores. Em 2023, no primeiro trimestre, a estatal pagou R$ 22 bilhões em proventos, com R$ 6,32 bilhões destinados à União. Já em 2024, o repasse nos primeiros três meses somou R$ 5 bilhões de um total de R$ 21,7 bilhões desembolsados.

Historicamente, os maiores repasses ocorreram em momentos de forte geração de caixa da empresa. O recorde recente foi no segundo trimestre de 2024, quando a Petrobras distribuiu R$ 37,6 bilhões em dividendos e o governo federal recebeu R$ 10,77 bilhões. O trimestre seguinte também teve desempenho robusto, com R$ 9,45 bilhões destinados ao Tesouro.

A oscilação nos pagamentos reflete não apenas a política de distribuição da companhia, mas também sua lucratividade e capacidade de geração de caixa. Fatores como o preço do petróleo, a variação cambial e decisões sobre investimentos e endividamento influenciam diretamente esse resultado.

A queda registrada no início de 2025 pode sinalizar uma retração nos lucros líquidos da Petrobras ou uma mudança na estratégia de distribuição. O levantamento considera apenas os valores efetivamente pagos, sem incluir proventos anunciados e ainda não desembolsados.

Essa distinção é relevante: mesmo com anúncios de dividendos elevados, os pagamentos podem ser postergados, parcelados ou até revistos, conforme a política de capital da estatal e seu cronograma de investimentos. Também podem pesar decisões regulatórias ou interferências externas.

Em meio a um cenário de incertezas fiscais e restrições orçamentárias, a menor arrecadação com dividendos da Petrobras acende um alerta para o governo, que costuma contar com esses recursos para reforçar o caixa.

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