Petrobras: teleconferência de resultados às 11h15 detalha lucro acima do esperado e anúncio de R$ 8,66 bilhões em dividendos (Petrobras/Divulgação)
Repórter de mercados
Publicado em 8 de agosto de 2025 às 17h39.
Última atualização em 8 de agosto de 2025 às 17h40.
As ações da Petrobras tiveram um pregão difícil nesta sexta-feira, 8, no day after da divulgação de seus resultados no segundo trimestre de 2025. No fechamento, os papéis ordinários (PETR3) caíram 7,95% e preferenciais (PETR4) levavam um tombo de 6,15%. De maneira geral, as principais linhas do balanço, como lucro líquido e EBITDA vieram dentro do esperado. Mas a companhia deixou a desejar nos dividendos tão esperados pelo mercado, anunciado uma distribuição abaixo das previsões.
Entre abril e junho deste ano, a Petrobras lucrou R$ 26,6 bilhões, revertando o prejuízo de R$ 2,6 bilhões registrado um ano antes. O EBITDA, por outro lado, recuou 10% na comparação anual, para R$ 52,3 bilhões. O BTG Pactual (do mesmo grupo de controle de EXAME) observa que o lucro das operações foi impactado pelo menor preço do petróleo Brent no mercado internacional e crescimento de despesas operacionais.
João Daronco, analista da Suno Research, esperava que, com o novo patamar do Brent, a companhia pudesse adotar uma postura mais conservadora nos investimentos, o que não aconteceu. "Isso acabou pressionando significativamente o fluxo de caixa livre, que caiu muito mais do que o esperado. Na minha visão, esse foi o principal aspecto negativo dos resultados", afirmou.
O capex do segundo trimestre de 2025 foi de US$ 4,4 bilhões (ante US$ 4,1 bilhões nos três primeiros meses do ano). Na teleconferência com analistas sobre os resultados, a CEO Magda Chambriard explicou que os investimentos subiram juntos com a produção, que foi recorde no segundo trimestre, para mitigar a queda no preço do barril do petróleo.
"Fizemos um aumento de capex que resultou em aumento de produção. Estamos produzindo 230 mil barris de petróleo por dia a mais do que a média do quarto trimestre do ano passado", disse a executiva.
Em julho, antecipa Magda, a Petrobras já está produzindo algo como 2,470 milhões de barris de petróleo por dia, o que aumenta essa diferença em relação ao quarto trimestre para 380 mil barris diários. "Postergar projetos é destruir valor, vamos avançar com os projetos mais rentáveis".
O BTG segue defendendo uma visão positiva sobre a empresa, considerando o aumento na produção de petróleo, menores custos de extração e geração saudável de fluxo de caixa. E ainda que os dividendos a serem distribuídos tenham sido mais baixos que o previsto, ficou dentro do yield que a companhia tem praticado.
"Embora os dividendos permaneçam dentro dos limites da política, um potencial aumento de capex pode afetar a visibilidade dos pagamentos", ressalvam os analistas do BTG.
"Acreditamos que a Petrobras poderia aceitar, temporariamente, uma alavancagem de curto prazo mais alta para preservar os dividendos ordinários, de acordo com sua política de fluxo de caixa livre. Com o Brent abaixo de US$ 75/barril, vemos espaço limitado para pagamentos extras no curto prazo", complementam.
Malek Zein, analista de ações da Eleven Financial, avalia que dividendo foi "bastante robusto" e o resultado sólido. Ele também destaca a manutenção da margem de refino melhora da margem em energia e descarbonização.
Para o Safra, além dos dividendos, o anúncio de que a empresa voltará a distribuir gás de cozinha "roubou o show". Para os analistas, o movimento levanta preocupações sobre potenciais interferências nos preços, comprometendo retornos e alimenta um olhar mais cauteloso do investidor sobre uma maior influência do governo nas operações.
O GLP (gás liquefeito de petróleo) tem margens mais apertadas, o que pode impactar a eficiência da alocação de capital.
O UBS mantém uma perspectiva positiva para a Petrobras, destacando o sólido crescimento da produção nos próximos anos e a saudabilidade financeira da companhia, o que pode resultar em rendimento de dividendos superior a 10% para 2025 e dividendos estáveis ou maiores em 2026. Mesmo com as incertezas sobre a atualização do plano estratégico da empresa em novembro, os analistas acreditam que não haverá impactos significativos nas finanças da Petrobras no curto prazo.