Um mineiro segura um pedaço de minério de ferro em uma mina localizada na região de Pilbara, na Austrália OcidentalREUTERS/David Gray/File Photo (David Gray/Reuters)
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Publicado em 30 de julho de 2025 às 19h32.
Última atualização em 30 de julho de 2025 às 19h51.
Segunda maior mineradora do mundo, a Rio Tinto foi afetada pela política tarifária de Donald Trump e viu seus lucros caírem 16% no primeiro semestre deste ano, para US$ 4,8 bilhões. Foi o primeiro recuo no período específico em cinco anos.
Os resultados abaixo da expectativa fizeram o conglomerado anglo-australiano divulgar sua pior distribuição de dividendos em sete anos. A empresa declarou um dividendo intermediário de US$ 1,48 por ação para o primeiro semestre, menor do que o distribuído referente a igual período no ano anterior: US$ 1,77 por ação.
A estagnação da demanda chinesa por minério de ferro tem mantido os preços do insumo siderúrgico abaixo de US$ 100 a tonelada durante grande parte do ano, o que impactou os lucros da Rio Tinto. As contas da empresa apontam que as tarifas de Trump adicionaram mais de US$ 300 milhões em custos à sua unidade canadense de alumínio.
A Rio Tinto é a primeira empresa do setor a divulgar resultados nesta temporada de balanços. A tendência é que as mineradoras seguintes também confirmem a redução de seus lucros, já que os preços do minério de ferro despencaram no primeiro semestre diante da guerra comercial imposta pelos EUA, que tem impactado também a demanda de outras commodities, como alumínio e cobre.
“Tensões geopolíticas e barreiras comerciais continuam sendo riscos econômicos para o curto prazo”, afirmou a Rio Tinto em um comunicado nesta quarta-feira, 30. A empresa também ressaltou que o mercado imobiliário segue retraído tanto na China como nos Estados Unidos.
Apesar de ampliar a receita proveniente do cobre, a empresa continua dependente do minério de ferro como carro-chefe. No período, os preços do principal insumo para a siderurgia caíram 13% em relação ao ano anterior, informou a Rio. A empresa também está com dificuldades para manter os embarques de minério de alta qualidade de suas minas antigas.
O conglomerado passa por um período de renovação, com a saída anunciada do atual CEO Jakob Stausholm. Fontes ligadas à empresa disseram à Bloomberg que entendem que o executivo dinamarquês se esforçou para tirar a companhia da crise em que se encontrava quando chegou, mas que novas ideias são necessárias no momento.
Em entrevista coletiva, Stausholm apontou como principal realização à frente do conglomerado a implementação do plano de redução das emissões de carbono em 50% até o final da década. Por outro lado, os custos operacionais do Rio Tinto aumentaram durante seu mandato, quando a empresa fez investimentos em outras áreas em busca de diversificar sua atuação.
No início deste mês, o conselho apontou Simon Trott, chefe da unidade de minério de ferro, como substituto de Stausholm. Trott, que assumirá a empresa em 25 de agosto, foi encarregado de simplificar os negócios, cortar custos e focar nos melhores ativos da Rio Tinto.
A dívida da empresa disparou para US$ 14,6 bilhões no período após a aquisição da Arcadium Lithium, por US$ 6,7 bilhões, o que indica uma maior aposta no mercado de lítio em sua busca por diversificação.