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Por que a tarifa de 20% de Trump sobre a Indonésia não assustou os mercados

Mercados reagem com calma ao anúncio de tarifas dos EUA, que agora são vistas como padrão negociador e não mais como punição

Publicado em 16 de julho de 2025 às 10h34.

O acordo comercial entre os Estados Unidos e a Indonésia, anunciado nesta semana pelo presidente Donald Trump, foi recebido com relativa tranquilidade pelos mercados, embora ainda não tenha sido confirmado oficialmente por Jacarta.

A tarifa de 19% sobre os produtos indonésios, que em outro momento teria sido vista como punitiva, agora é interpretada como uma taxa “negociável” e, até mesmo, esperada, de acordo com fontes ouvidas pela agência Bloomberg.

Os ativos asiáticos operaram de forma mista nesta quarta-feira, 16, após o anúncio. O mercado da Indonésia subiu levemente, com investidores avaliando que a alíquota de 19% ficou bem abaixo dos 32% inicialmente ameaçados por Trump.

No Vietnã, o movimento foi semelhante: os papéis seguem em alta desde que, no início de julho, o presidente americano afirmou ter fechado um acordo semelhante com o país.

Nova estratégia dos EUA

A reação contrasta com o colapso dos mercados ocorrido em abril, quando as chamadas tarifas do “Dia da Libertação” anunciadas por Trump derrubaram até ativos considerados seguros, como os títulos do Tesouro dos EUA. A pressão foi tamanha que o governo se viu obrigado a pausar as medidas poucos dias depois.

Desde então, os mercados passaram a encarar essas tarifas mais como uma estratégia de barganha do que como ameaça real. Indicadores de volatilidade, como o ICE BofA MOVE Index, que mede a volatilidade dos títulos do Tesouro americano, recuaram para mínimas históricas.

A percepção é de que a faixa entre 15% e 20% se tornou um novo parâmetro nas negociações conduzidas pela Casa Branca. Países como Índia e Vietnã chegaram a tentar negociar taxas bem abaixo disso, mas o governo americano tem sinalizado que essa será a faixa “padrão” para a maioria dos parceiros comerciais.

Especialistas apontam que, bem como os acordos fechados com o Reino Unido e o Vietnã, o pacto com a Indonésia reforça essa tendência. A leitura predominante entre analistas e gestores é que, embora a tensão comercial ainda exista, o fato de os termos estarem mais claros reduz a incerteza e, com isso, a volatilidade nos mercados asiáticos.

Reação dos mercados

Rajeev De Mello, gestor da Gama Asset Management, afirmou à Bloomberg que as bolsas reagiram com relativa calma porque a previsibilidade trouxe alívio aos investidores.

Ainda assim, ele alerta que uma tarifa de 20% nos Estados Unidos representa um nível mais elevado do que se imaginava semanas atrás, o que pode ter implicações mais amplas adiante.

Já Audrey Goh, chefe de alocação da Standard Chartered Wealth Management, afirmou à Bloomberg TV que a sequência de acordos com países asiáticos tende a reduzir a incerteza marginal no comércio e pode beneficiar ativos da Ásia frente a outras regiões.

Outros analistas destacam que o mercado global está menos sensível ao noticiário sobre tarifas do que em ciclos anteriores. Estratégias do Bank of America apontam que o temor dos investidores sobre a retórica comercial de Trump tem perdido força, mesmo com a ampliação do escopo das tarifas.

Segundo pesquisa recente do banco, 70% dos gestores consultados acreditam que o impacto potencial sobre as economias e os mercados asiáticos será apenas levemente negativo, o maior nível de otimismo desde dezembro.

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