Repórter
Publicado em 24 de outubro de 2025 às 15h27.
A Tesla, liderada pelo bilionário Elon Musk, é referência em carros elétricos e desenvolve projetos ambiciosos com robotáxis. Ainda assim, quem tem se destacado em 2025 é a Ford.
Até esta sexta-feira, 24, as ações da tradicional montadora americana acumulam alta de cerca de 37% no ano, mais de quatro vezes o ganho de 8% registrado pela Tesla.
O bom desempenho da Ford reflete, principalmente, três fatores: as tarifas de Trump, o mercado de veículos elétricos e as baixas expectativas dos investidores.
As tarifas de Trump sobre carros e autopeças importadas deixaram a Ford em uma posição mais confortável que as concorrentes neste ano. Isso porque a empresa já fabrica cerca de 80% dos veículos vendidos nos Estados Unidos no próprio país, contra uma média de 50% no setor.
Em um ambiente de custos crescentes para quem depende de importações, produzir localmente se tornou um diferencial competitivo claro. O reflexo está nas ações: os papéis da Ford acumulam alta de 37% neste ano, superando os 29% da GM e os 8% da Tesla.
Nos nove primeiros meses de 2025, a divisão de veículos elétricos (EVs, na sigla em inglês) da Ford registrou prejuízo de US$ 3,6 bilhões.
A companhia, porém, deve reduzir as vendas de EVs nos próximos trimestres, já que os padrões de emissão mais baixos implementados pelo governo Trump tornam mais vantajosa a produção de veículos a gasolina de grande porte, segmento no qual a montadora concentra a maior parte de seus lucros.
O CEO Jim Farley, durante teleconferência de resultados na última quarta-feira, 24, os elétricos devem representar cerca de 5% das vendas de carros novos nos EUA no futuro próximo, metade do nível atual.
Outro fator que ajudou as ações da Ford neste ano, segundo análise da revista Barron's, é o fato de que a montadora conseguiu superar as expectativas do mercado — que já não eram muito elevadas.
Os investidores de Wall Street começaram o ano preocupados com os efeitos das tarifas americanas sobre o setor automotivo. Além disso, no caso da Ford, havia preocupações com problemas na qualidade de fabricação dos veículos e interrupções na cadeia de fornecedores.
A empresa, no entanto, está tendo resultados melhores do que o esperado e deve terminar o ano com lucro operacional de US$ 8 bilhões, mesmo com um incêndio em um fornecedor de alumínio que afetou a produção de caminhonetes da marca. No ano passado, a empresa lucrou cerca de US$ 10 bilhões.